Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

O segundo turno

RETA DE CHEGADA

Ana Lúcia Amaral (*)

Diante da imobilidade da posição do candidato governista José Serra nas pesquisas eleitorais, dizia-se que seria o horário eleitoral a última oportunidade para que o candidato governista ? se bem que o “slogan” seja “Serra para mudar” ? ver a sua candidatura tomar significado.

Muitos desacreditavam, por não representar o horário eleitoral verdadeiro espaço de formação de opinião do eleitor indeciso e/ou desinformado.

Ao começar o período do horário eleitoral, coincidentemente há o início de choque do candidato Ciro Gomes com a imprensa em geral, quando aquele acusa esta de governista.

Agora as últimas pesquisas dos diversos órgãos mostram “simetria” na migração de intenção de votos do candidato Ciro para o candidato Serra, e tentam explicar a alteração como resultado do horário eleitoral…

Será isso mesmo? Parece que não. Na sua coluna da edição de domingo (1/9/02) da Folha de S.Paulo, Janio de Freitas, com sua habitual honestidade, observa que a imprensa, que parecia fazer cobertura mais profissional, resolveu escancarar que é governista mesmo. E nessa situação, em eventual segundo turno Lula vs. Serra, o petista vai amargar sua quarta derrota, pois a “baixaria” virá pesada.

Portanto, teria sido o programa eleitoral de Serra, “desconstruindo” o candidato Ciro (na expressão de Clóvis Rossi, em artigo na mesma edição), a lograr o feito de tomar 7% da intenção de votos em 10 dias? Que programa foi esse? Gugu Liberato e muita “baixaria” são características do programa de governo da “modernidade tucana”? Fico com Janio de Freitas.

(*) Procuradora regional da República, associada do Instituto de Estudos ?Direito e Cidadania? (IEDC)

Antonio Fernando Beraldo (*)

Sejamos aristotélicos: segundo o filósofo, todas as coisas tem o seu locus, um lugar a elas destinado, e que ocupam naturalmente. O fogo e a fumaça sobem para o céu porque este é o seu lugar, e a pedra cai para a terra porque ao solo esta pertence, e assim por diante.

Todo mundo já imaginava e previa que a campanha “pra valer” começaria ao final de agosto, com o início do horário eleitoral gratuito na TV. Não deu outra, e a força do marketing eleitoral alavanca o candidato Serra e atravanca o candidato Ciro, na base da pancadaria. Chegamos ao começo de setembro e as curvas convergem: segundo o Datafolha (Folha de S.Paulo, 1/09), 17% mudaram o voto e quem mais ganhou com a mudança foram José Serra e Anthony Garotinho. Ciro e Serra se engalfinham no segundo lugar, Lula e Garotinho nos seus loci “naturais”.

Ficaram no passado os “bons tempos”: os 43% de Lula em maio, os 28% de Ciro em julho, os 22% de Serra em março e até os 18% de Garotinho, em fevereiro. À primeira vista, ficam livres a mídia e os marqueteiros para chutar a canela de Ciro (cujo “arrebatamento”, digamos assim, faz a delícia dos repórteres e editores) e fazer de Serra o “Parsifal” da era tucana. Quanto a Lula, também chamado “Lulinha paz e amor”, ele que espere o segundo turno para ver o que é bom para a tosse. E que aproveite o período para baixar um pouco sua taxa de rejeição.

Aos seus lugares. É dada a partida!

(*) Engenheiro, professor do Departamento de Estatística da Universidade Federal de Juiz de Fora