Wednesday, 24 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

O silêncio da ditadura

CUBA

No mês de abril, o governo cubano prendeu e condenou cerca de 80 escritores e dissidentes. Raúl Rivero, um cubano de 57 anos, poeta e considerado um dos melhores jornalistas independentes do país, foi um deles. Acusado de colaborar com os EUA e sentenciado a 20 anos de cadeia, Rivero escreveu um artigo há dois anos para o jornal argentino La Nación. O mesmo ensaio foi republicado no New York Times no dia 22/4.

"A lei que diz respeito à independência e à economia nacional de Cuba permite que as autoridades de meu país me sentenciem à prisão porque meu ato único e soberano, desde que de posse de minha razão, foi escrever sem ser ditado", disse Rivero. O escritor conta que, após ruptura total com a imprensa oficial e a mídia cultural, tornou-se um homem livre, e medo, prisão e repressão apenas serviram para dar mais valor à descoberta da liberdade individual ? que passou de idéia ou necessidade para instinto irrefutável.

"A essa nova lei, aos insultos dos funcionários do jornalismo oficial e às ameaças por telefone à minha casa, respondi com a alegria de saber que sou livre, com a certeza de que reportar com objetividade e profissionalismo e escrever minha opinião sobre a sociedade em que vivo não podem ser uma ofensa grave", escreveu Rivero. Ele afirma não se sentir culpado. "É quase como ser acusado de respirar."

Commandante desatualizado

A HBO engavetou um documentário sobre o líder cubano Fidel Castro, dizendo que a recente onda de repressão do ditador comunista sobre dissidentes tornou o filme ultrapassado. Commandante, dirigido por Oliver Stone, foi resultado da edição de 30 horas de entrevistas com Fidel. O planejado era entrar em cartaz em maio.

No mês de abril, utilizando a guerra no Iraque para distrair as atenções ? de acordo com a Media Life [21/4/03] ?, o regime del comandante prendeu 75 dissidentes políticos, executando três homens que tentaram fugir para os EUA seqüestrando um bote. A HBO disse que o filme parece irrelevante, a menos que Stone possa voltar a Cuba e interrogar o ditador sobre a nova onda de repressão.