Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Oferta pela NTV

RÚSSIA

A produtora Global American Television, sediada em Massachusetts (EUA), fez oferta para comprar as ações da estatal Gazprom na NTV e a companhia Media-Most, que pertencia ao magnata Vladimir Gusinsky. A companhia de gás natural, que detém 51% da rede de TV, comprometeu-se a avaliar as propriedades que ganhou na batalha legal contra Gusinsky e a organizar a venda, mas já adiou a data duas vezes. Conta Gregory Feifer [The Moscow Times, 22/2/02] que a prorrogação estimulou suspeitas de que o negócio não será aberto e transparente. O presidente da Global, Edward Wierzbowski, disse que fez uma oferta de compra de 25% das ações da Gazprom em novembro e de 25% da Media-Most em dezembro. Depois que as propostas expiraram, em 15 de fevereiro, a Global se ofereceu para comprar a Media-Most.

O diretor geral da divisão midiática da Gazprom, Boris Jordan, foi nomeado em outubro para supervisionar o plano de venda dos bens desapropriados. No começo de fevereiro, o ministro da Imprensa, Mikhail Lesin, acusou Jordan de comprar de Gusinsky os 30% de ações remanescentes da NTV. Os dois negaram o negócio, e observadores da mídia local acreditam que Lesin fez a acusação para tentar impedir um acordo interno.

Alexei Venediktov, editor-chefe da Ekho Moskvy, a mais influente estação de rádio russa, anunciou que ele e mais 12 jornalistas estão se demitindo. Na emissora há mais de uma década, Venediktov avisa que sairá três semanas depois que a Gazprom-Media tentou assumir o controle do conselho diretor. "Não vou trabalhar para uma estação de rádio que pertence ao Estado. Prefiro manter minha reputação ao meu emprego", declarou.

A Ekho Moskvy foi a primeira rádio independente do país. Inaugurada em 1990, atinge 70 cidades e tem audiência estimada entre 4 e 6 milhões de ouvintes. Como pertencia à Media-Most, perdeu independência financeira em junho quando a Gazprom tomou 51% das ações da estação. Segundo Sharon LaFraniere [Washington Post, 27/2/02], a direção permaneceu autônoma até fevereiro, quando a companhia exerceu seu direito de acionista majoritária ao nomear cinco dos nove diretores.

Para Venediktov, uma mudança editorial não deve demorar, e a única esperança de praticar jornalismo objetivo é encontrar outra freqüência. Andrei Zolotov Jr. [Moscow Times, 28/2/02] conta que ele e outros 12 jornalistas participaram de um leilão estatal e ganharam uma freqüência FM para montar a Rádio Arsenal.

Anna Politkovskaya, jornalista russa que expõe abusos dos direitos humanos na Guerra da Chechênia, tornou-se alvo de uma campanha de difamação arquitetada pelo serviço de inteligência de seu país. Anna escapou dos militares enquanto investigava a morte de seis civis que teriam sido executados por um pelotão.

A FSB, sucessora da KGB, acusa Anna e seu jornal, o independente Novaya Gazeta, de agirem motivados por dinheiro: seu trabalho na Chechênia ajudaria a conseguir fundos de ocidentais. A Gazeta confirmou que recebeu financiamento de instituições de caridade ligadas ao bilionário George Soros, mas negou que a atuação da repórter esteja ligada à doação. Anna já visitou a república rebelde 39 vezes desde 1999, e publicou um livro sobre o conflito. Por cobrir atrocidades cometidas pelos militares russos, temia-se pela vida da jornalista quando foi levada sob custódia. As informações são de Ian Traynor [The Guardian, 22/2/02].