Saturday, 20 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Oriente em alta, ocidente em baixa

VENDA DE JORNAIS

Nos últimos tempos, o Reino Unido e os EUA têm reclamado da crise da indústria editorial, principalmente por causa da queda no número de leitores. Mas outras regiões do mundo, como Leste Europeu e Ásia, não têm essa preocupação. Lá, o jornal é parte de uma indústria em ascensão, com circulação em crescimento e lucros advindos de anúncios publicitários. Isso segundo recente pesquisa da Associação Mundial de Jornais (WAN).

O estudo se baseou no período de 1998 a 2002 e analisou dados de 70 países. Concluiu que, em termos globais, a circulação de jornais e os lucros com publicidade caíram levemente no ano passado; nada comparável à queda abrupta sofrida especificamente nos EUA. No mundo, a circulação de jornais caiu 0,35% em 2002 ? o primeiro declínio em cinco anos.

Nos EUA, de acordo com Jeff Bercovici [Media Life, 24/6/03], a circulação está em queda crônica, caindo no total 1,8% entre 1998 e 2002. A queda do ano passado foi relativamente branda, 0,7%. A situação é parecida na União Européia, onde 11 dos 15 países revelaram queda na circulação de seus jornais desde 1998. A queda mais abrupta ocorreu na Áustria (9,9%), seguida por Reino Unido (8,7%), Alemanha (7,7%) e França (5,1%). O único país da UE que exibiu circulação em crescimento foi a Irlanda, com alta de 6,1%.

No Oriente, a história é outra. A circulação de jornais na China cresceu incríveis 30,3% nos últimos cinco anos. Só em 2002, o crescimento foi de 8,5%. O país é o maior mercado de jornais do mundo, com circulação diária de 82 milhões.

A Índia, terceiro maior mercado mundial com venda de 57,8 milhões de cópias diárias, teve crescimento de 5,4% no ano passado e 17,7% nos últimos cinco anos. Também em alta estão países como Croácia (21,1%), Letônia (12,8%) e Eslováquia (1,6%).

A tendência no Japão segue a dos EUA. A circulação caiu estavelmente nos últimos cinco anos ? 1,2% em 2002. Os japoneses, comprando 70,8 milhões de cópias diárias, formam o segundo maior mercado da indústria, à frente dos EUA.

Quanto aos anúncios publicitários, os resultados da pesquisa são igualmente díspares, com queda de 0,52% em 2002 ? após queda de 5% em 2001 ? no âmbito mundial, mas ganhos fantásticos em determinados países.

No ano passado, os lucros com publicidade caíram 3,7% nos EUA ? 2,7% nos últimos cinco anos. Os websites americanos, no entanto, tiveram ganho de 10% de 1998 a 2002. Na UE, a situação é diferente. Na maioria dos 11 países pesquisados na região houve queda de anúncios em 2002 ? exceto Grécia e Bélgica ?, mas no total dos cinco anos quase todos tiveram crescimento de rendimento com publicidade. Os que apresentaram números mais expressivos de 1998 a 2002 foram Itália (alta de 25,7%), Irlanda (25,7%) e Reino Unido (25,1%). Alemanha e Suécia tiveram queda de 15,8% e 13,9% respectivamente.

A pesquisa também concluiu que o mercado global de jornais gratuitos finalmente atingiu a estagnação, depois de muitos anos em crescimento espetacular. No total dos cinco anos, jornais gratuitos tiveram ganho de 55% em lucros com anúncios, mas se se analisar o ano passado sozinho, houve queda de 1%.