Thursday, 18 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1283

Os tablóides contra-atacam

JAPÃO

Acostumados a registrar casos de corrupção, escândalos corporativos e crime, os tablóides e revistas japoneses elegeram agora um novo alvo: a grande imprensa nacional. As histórias de bastidores do Yomiuri, Asahi e Nihon Keizai ? os três maiores jornais do país ? estão nas capas desde janeiro, conta Kenji Hall [AP, 19/2/03]. Só a revista Shukan Shincho já publicou, por exemplo, que o Yomiuri está sendo investigado pelo imposto de renda, que um chefe de sucursal do Asahi demitiu-se após ter sido acusado de assédio sexual por uma repórter e que este mesmo jornal teria plagiado conteúdo de um sítio de internet. O semanário Shukan Gendai afirmou que um editor do Nihon Keizai enviou e-mail aos executivos pedindo a demissão do presidente por ter se envolvido em transações antiéticas.

Em resposta, o Yomiuri está processando a Shukan Shincho por difamação, o Asahi já exigiu correções e pedidos de desculpa pelas matérias e o Nihon Keizai contestou o conteúdo do e-mail. Hall observa que os grandes jornais japoneses ? que fazem parte de impérios de comunicação que incluem emissoras de rádio e TV ? estão começando a enfrentar a competição de veículos menores, de editoras pequenas. Entre os pequenos, quatro publicações ? Shukan Gendai, Shukan Post, Shukan Shincho e Shukan Bunshun ? representam mais da metade do setor de semanários.

Apesar do sucesso, os pequenos continuam a ser vistos como estranhos, já que os grandes jornais controlam o acesso ao poder através do sistema de clubes exclusivos de imprensa. Os clubes concedem privilégios especiais aos jornalistas afiliados, como entrevistas com figurões da política nacional. Privados de acesso, tablóides e revistas respondem publicando escândalos envolvendo autoridades que não sairiam na grande imprensa. “Todos os jornais imprimem as mesmas histórias”, observa Seigo Kimata, editor-chefe da revista Shukan Bunshun. “As notícias são tão semelhantes que já ouvimos que, se semanários independentes como o nosso não existissem, os jornais do Japão se pareceriam com o Pravda.”