Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1280

Pedro Doria

INTERNET

“Internet faz 20 anos”, copyright No Mínimo (www.nominimo.com.br), 3/01/02

“Na virada do ano, enquanto meio mundo estourava champanhes comemorando a passagem, um pequeno grupo celebrou um aniversário bastante particular. Fez vinte anos a Internet. Naquele primeiro dia de 1983, um mutirão virou a madrugada digitando freneticamente linhas de código em seus teclados para uniformizar a rede que já reunia 500 computadores em todo o mundo. No amanhecer do ano novo, não era espumante que circulava em suas veias mas pesadas doses de cafeína – e daquela madrugada do ano bom resultou a estrutura rodando TCP/IP que sustenta até hoje a rede. Do IP, Internet Protocol, veio o nome pelo qual a conhecemos o bicho. Os sobreviventes ainda têm em seus armários as camisetas com a estampa ?Eu sobrevivi à transição para o TCP/IP?. Piada de micreiro que ninguém de fora entende – mas uma pequena revolução.

Antes veio a ArpaNet. Em setembro de 1969, um trimestre após o homem pisar na Lua, uma rede reunindo quatro universidades nos EUA foi lançada. Era muito lenta e tosca, mas permitia que um acessasse o computador do outro e assim estava bom. Foi construída com um olho no desenvolvimento científico, facilitando o acesso dos professores uns aos outros, e com o outro na comunicação após um possível bombardeio nuclear. A rede não teria um centro, se uma de suas pernas morresse as outras mantinham-se conectadas. Um sintoma da guerra fria, afinal, que terminou por dar à Internet de hoje esta sua espinha dorsal incontrolável e anárquica que toca pavor até mesmo na própria instituição que a criou: o exército norte-americano.

Embora a história simplificada costume dizer que a ArpaNet foi o que hoje é a Internet, os fatos não seguiram exatamente assim. A ArpaNet foi apenas a primeira rede interligando computadores. À ela, com o passar dos anos e intensamente durante a década de 1970, outras redes foram se juntando. A Packet Satellite reunindo satélites lá em cima a computadores cá embaixo, por exemplo. Ou o simpático Because it?s time network, uma rede acadêmica cujo nome pode ser traduzido coloquialmente por ?Rede porque é hora? mas que todos conheceram por BitNet. (Esta, aliás, a primeira a ser ligada ao Brasil.) Muitas redes, eventualmente conectando-se entre si, sempre mal.

Com a multiplicação das redes, formou-se também uma grande Babel. Cada uma falava sua língua própria, que em informática são chamados protocolos. Assim, usando protocolos distintos de interconexão, os dados fluíam pelos cabos em padrões diferentes, alguns com mais e menos eficiência. E desta Babel começou a se ensaiar uma rede de redes cada vez mais difícil de ser mantida e entrelaçada. Surgiu a necessidade de um protocolo que todas falassem, que fosse eficiente e distribuísse dados de forma rápida. Como toda história merece heróis, neste caso foram Vinton Cerf, da Universidade de Stanford, e Robert Kahn, do Instituto de Tecnologia do Massachussetts (MIT).

Kahn começou o trabalho, rascunhando o que um protocolo assim geral devia fazer para botar em ordem a coisa toda. Estabeleceu alguns princípios básicos. Distribuição descentralizada, por exemplo. Um método para recuperar os dados que porventura se perdessem também. Quando Cerf se juntou ao grupo e coordenou o pelotão de programadores que pôs de fato a mão na massa, as redes não contavam com duas centenas de servidores interconectados. Produziram um pacote de protocolos, sendo os principais chamados TCP e IP. O pacotaço terminou chamado assim, pois, TCP/IP.

Em finais de 1981, foi disparado um memorando para todos que tinham um pedaço de rede na mão. Pronto o TCP/IP era hora de iniciar o processo de transição. Começou em primeiro de janeiro de 1982 e teve um ano de prazo – terminou na última madrugada. E como as redes todas agora falavam a mesma língua, sua interconexão começou a parecer mais difusa como se não fossem várias, mas uma. Esta última transição cultural ainda demoraria uma década mais ou menos, até que todas terminassem engolidas pela Internet. Mas ficaram, desde aquele janeiro há vinte anos, muito mais parecidas.

Vint Cerf é por isso o pai da Internet. Afinal, seu protocolo entre-redes – em inglês, Internet Protocol, o IP – batizou-a. Ele é também um sujeito bem humoradíssimo. Alguns de seus RFCs, como são chamados os documentos técnicos a respeito da infra-estrutura da rede, não têm nada de sério. Num, por exemplo, desenvolve um longo raciocínio que justifica a necessidade duma rede mais lenta. Noutro, imagina uma versão do IP distante no futuro, onde o sistema de endereçamento da rede passa a ser aplicado também aos países, estados, cidades, bairros, ruas, casas e, até mesmo, à maior eficiência de transmissão de informação no corpo humano, entre órgãos. É poeta também. Num terceiro RFC, comemorativo dos vinte anos da ArpaNet, em 1989, contou a história da rede em verso, pentametros-iâmetros plagiando o ser ou não ser de Hamlet. Piada de computeiro culto – uma tradição entre os fundadores da rede.

Hoje em dia há uma longa discussão em torno da Internet-2, cujo objetivo é estruturar uma segunda transição, como foi aquela de 1983. Será um pesadelo ainda maior do que foi então. A preocupação vem do fato de que, passado tanto tempo, uma explosão não de todo prevista na venda de computadores pessoais e o aparecimento de banda larga residencial tendem a multiplicar assustadoramente o número de servidores conectados. Vai ficar difícil para a dupla TCP/IP, escrita ainda nos anos 70, agüentar o rojão.

Ainda assim, é impressionante como arcou com o tamanho que ganhou a Internet até agora. A obra de Cerf e Kahn é tão estável, tão simples – um bom programador descreveria como elegante – que sem que precisemos entender uma vírgula de como funciona, nos serve. Ou seja, é software doutro tempo, um no qual precisava ser estável e simples, nada mais ou nada menos. A Internet, afinal, não precisa de boot a toda hora.”

“Abranet alerta para risco de monopólio no acesso à Internet”, copyright UOL (www.uol.com.br), 30/12/02

“A Associação Brasileira de Provedores de Internet (Abranet) publicou, nesta segunda-feira (30), um anúncio sobre o acesso gratuito à rede no qual alerta para o risco de monopólio no acesso à Web. A peça publicitária de página inteira busca esclarecer como funciona a susposta gratuidade na Internet, em que usuários de telefone fixo pagam a conta. O anúncio foi publicado nos principais jornais brasileiros.

Leia o texto na íntegra:

?Acesso grátis? à Internet: os fatos como eles são

Muito se tem falado nos últimos dias sobre o fim do acesso grátis. Mas afinal o que é que está acontecendo? O acesso grátis vai acabar? E se vai, por quê?

A resposta é muito simples: na verdade o chamado acesso ?grátis? não é grátis! E quem paga a conta? Todos nós!

Uma parte de forma indireta, por meio do aumento das tarifas telefônicas, para compensar o custo absorvido pelas operadoras de telefonia que, ?oficialmente?, pagam a conta e são controladoras dos únicos provedores gratuitos: iG, iBest, POP e iTelefonica. A outra, de forma direta, pela conta telefônica dos seus usuários.

Estes provedores, apadrinhados das operadoras de telefonia, mantêm contratos pelos quais a infra-estrutura de acesso (monopólio das teles cedido por concessão pública) é oferecida gratuitamente, além do repasse da receita originada pelos pulsos telefônicos que os usuários da tal Internet ?grátis? pagam em suas contas telefônicas.

Essa prática é justa? Seria justa se fosse oferecida a todos os mais de 1.200 provedores de Internet do país, a maioria representada pela Associação Brasileira de Provedores de Internet, Abranet.

Essas mais de 1.200 empresas, que empregam cerca de 30.000 profissionais, exigem, conforme previsto na Lei Geral de Comunicações, as mesmas condições do iG para contratar suas infra-estruturas de telecomunicações!

E não apenas os provedores defendem a isonomia de tratamento. A Seae (Secretaria de Assuntos Econômicos do Governo Federal) também pensa assim, pois recomendou, em parecer recente, que a operadora Telemar passe a oferecer a todos os provedores de Internet do Brasil o mesmo tratamento que ela dá ao iG, ou seja, infra-estrutura grátis e repasse de verbas.

Também não é só a Seae que pensa assim. A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) chegou à mesma conclusão e quer acabar com esse tratamento privilegiado que, no longo prazo, só acabará com a competição na Internet brasileira. Essa orientação pode ser comprovada no texto da Consulta Pública para a mudança do sistema de acesso discado à Internet, ora em andamento, no qual a Anatel propõe o fim desses subsídios, ou a sua extensão a todos os provedores, sem que a conta seja paga pelo usuário de serviços de telefonia.

Se esses privilégios forem mantidos, todos os provedores terão de fechar, com exceção dos poucos apadrinhados pelas operadoras.

Teremos a Internet brasileira nas mãos de uma minoria, formalizando de fato um verdadeiro monopólio de acesso à Internet.

Você consumidor verá o que é exclusão digital quando acabarem com a competição para acesso à Internet no Brasil!

Associação Brasileira de Provedores de Internet

Abranet?”

 

REDE TV!

“Rede TV! declara crescimento anual de 35%”, copyright Folha de S. Paulo, 03/01/02

“A Rede TV! declara ter tido um crescimento de 35% no faturamento de 2002, em relação a 2001.

Segundo Marcelo de Carvalho, sócio e vice-presidente da emissora, o canal deve fechar o ano com um faturamento de cerca de R$ 170 milhões, contra R$ 016 milhões no ano anterior.

Percentualmente, a marca é superior às de outras redes. Globo deve fechar com crescimento de 9%, Record, 26%, SBT, 25% e Band, com apenas 4%.

Em 2003, a Rede TV! prevê superar os 35%. Para Carvalho, o otimismo se justifica pelo fato de a emissora ?ter se tornado uma terceira opção para os anunciantes, depois da Globo e do SBT?.

?Isso se deve, em primeiro lugar, ao crescimento de audiência. Em 2002, foi de 30% em relação a 2001, sendo que, na faixa nobre, mais rentável, chegamos a crescer 42%?, afirma o vice-presidente.

Ele também atribui o resultado à ampliação da rede. ?Pegamos a emissora com 33% de cobertura do território nacional. Em 2002, o número deve ter chegado a 90% e pretendemos atingir 98%, 99% até meados de 2004?, diz.

O maior crescimento da Rede TV! foi no primeiro semestre de 2002, quando o canal faturou R$ 75,9 milhões contra R$ 46 milhões do mesmo período em 2001. Isso representou aumento de 65%. Carvalho afirma que a rede passou a ter anúncios de grandes empresas, como as de telefonia e bancos, o que era raro em 2001.

OUTRO CANAL

Ressaca 1

A cobertura da cerimônia da posse de Lula, das 14h21 às 18h22, rendeu à Globo 22 pontos de média, contra quatro do SBT e três da Record. Apenas 40% dos televisores da Grande SP estavam ligados, num horário em que o número chega a 60%.

Ressaca 2

Mas a audiência baixa do dia 1? (quando as pessoas estão na praia) não foi problema para o ?Jornal Hoje? especial. Mesmo com o infinito números de erros e trapalhadas da cobertura (que viraram até piada nos bastidores da Globo), o jornalístico teve 16 de média, alguns pontos acima do que costuma dar em dias normais.

Ressaca 3

Quase ninguém estava acordado às 8h de anteontem, quando Ana Maria Braga fez uma aposta no ar com Maria Baixinha, irmã de Lula. A convidada prometeu emagrecer 15 quilos até dia 15 de maio. Se conseguir, ganha um carro da apresentadora. Apenas 11% das TVs estavam ligadas e o programa teve 6 de média.

Socorro

O SBT irá selecionar os candidatos para participarem do ?reality show? ?O Conquistador do Fim do Mundo? amanhã, a partir das 8h, no ginásio do Ibirapuera, em SP. Celso Portiolli, que será o apresentador do programa, estará lá. Os aspirantes a famosos enfrentarão provas de atletismo, natação e esportes radicais.”