Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Peleja do monstro Macobeba com o caboclo Mitavaí


Muito oportuno o artigo de Esdras do Nascimento sobre a impossibilidade de publicar Machado de Assis atualmente. O livro de Jason Tercio, Órfão da tempestade, conta como Carlinhos de Oliveira, cronista consagrado do Jornal do Brasil, não conseguia vender seu livro Terror e êxtase, por causa da concorrência predatória das traduções.

O livro traduzido custa pouco. De R$ 500 a R$ 2.000, no máximo. As traduções são as porcarias que conhecemos, feitas nas coxas, desbastadas a facão, pois o pagamento do tradutor é ridículo. Tradução virou serviço braçal, antigamente pago por página, atualmente pago por batidas nas teclas. Como um milheiro de pregos.

O livro custa caro porque vende pouco e vende pouco porque custa caro. E o preço alto gera lucros. Mas o público, extremamente reduzido (hoje em dia ninguém mais lê, o livro é presente de amigo ou decoração ensovacada de estante), não reclama, não se rebela, e os editores multiplicam os lançamentos para ocupar os espaços vazios. O importante é a livraria cheia de títulos, pouca venda individual, mas lucro no geral.

Uma sugestão: apresentar a um editor Epithaph of a bad winner (Memórias póstumas de Brás Cubas) ou The Psyshiatrist (O alienista). Talvez, traduzido do “ingrês”, os nossos editores os publiquem.

Carlos Araujo

O que mais me espanta não é a falta de resposta, mas a falta de sensibilidade para reconhecer o estilo “renderizado”, artisticamente trabalhado de Machado. Ainda que não reconhecessem o Mestre, que pelo menos se rendessem aos encantos de uma escrita finamente trabalhada, e de um estilo de prosear que é pura poesia e criatividade. Criatividade artística que nos faz tanta falta hoje em dia.

Alda Solon Curiale

 

LEIA TAMBEM

Editores esnobam Machado de Assis