Veja publicou na edição de 14/5 uma reportagem (“A peso de ouro”) em que consultas médicas são apresentadas como artigos de consumo de luxo.
Anotem-se, como se fossem pequenos curativos, as seguintes imprecisões:
1. O médico cuja consulta tem preço mais elevado (Geraldo Medeiros, R$ 1.200,00, endocrinologista), é apresentado como “professor titular da Universidade de São Paulo”, mas não o é. Há alguns meses perdeu um concurso para titular na USP.
2. O médico Walter Guerra Peixe (consulta a R$ 280,00) foi afastado da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
3. A médica Mariana Jacob (geriatra, consulta a R$ 600,00) escreveu na semana seguinte a Veja – a carta foi publicada – desmentindo que Roberto Marinho tenha sido um de seus clientes, como está no crédito junto a sua fotografia e no texto.
4. A reportagem não menciona que, em sua maior parte, os exames solicitados nos consultórios-ribaltas, que tornam as consultas mais caras, são considerados ilusórios pelos chamados “médicos tradicionais”.
Mas, como diz um dos médicos incensados por Veja, “cinqüenta por cento da minha clientela é de artistas e políticos. Eles dão entrevista, falam meu nome na televisão e atraem novos pacientes”.
Com certeza. Entre os luminares científicos e intelectuais citados na revista para atestar a competência dos médicos de luxo estão, além deles mesmos, Hebe Camargo, Luma de Oliveira, Marcelo Serrado, Marcelo Novaes, Diogo Vilela, Luiz Fernando Guimarães, Letícia Spiller, Luiza Brunet, Ricardo Amaral e Cláudia Raia. Quantum satis para Veja publicar a reportagem.
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