Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Perdas e ganhos

ENRON

Enquanto Hollywood se prepara para faturar alto com a Enron, sua falência fraudulenta causa prejuízo aos ex-colaboradores. A indústria americana do cinema está animada com o desafio de atrair massas de espectadores para assistir à complicada história de práticas contábeis duvidosas e parcerias secretas. A melhor solução, concordam os produtores, será usar o enfoque pessoal, algo na linha de Erin Brockovich ou O informante, criando um herói que facilite a compreensão da trama.

A International Creative Management (ICM) comprou os direitos de filmagem do livro Power failure (queda de energia), da jornalista Mimi Swartz. A obra conta os conflitos da executiva Sherron Watkins com o alto escalão da Enron, dominado por homens. A ICM intermediou ainda a compra pelo produtor Scott Rudin do relato de Jan Avery, contador da empresa energética por oito anos, publicado na revista Vanity Fair. Marie Brenner, autora da matéria, escreveu também o artigo que inspirou a produção de O informante. A CBS pretende produzir um filme baseado nas impressões de Brian Cruver, um jovem gerente da extinta companhia. "É uma visão de baixo para cima", diz o produtor Robert Greenwald à Reuters [13/3/02].

O outro lado da moeda

Enquanto o pessoal do cinema faz a festa, as coisas não vão nada bem para a consultoria Arthur Andersen, que tem perdido diversos clientes devido a seu envolvimento com a falência da Enron. Além de ser acusada de falsificar dados na auditoria da corporação, destruiu os documentos que revelariam o que aconteceu.

Desta vez, a Andersen se desentendeu com o cliente TheStreet.com, sítio de informações financeiras. "Isto foi causado diretamente pelo que acreditamos serem comentários inapropriados em público sobre nosso presidente e nossa empresa por um integrante da diretoria", explicita Tom Duffy, gerente da conta do TheStreet.com, referindo-se às críticas que James Cramer, co-fundador do portal, fez no programa America Now, do canal CNBC. Ele alega que, por diversas vezes, convidou a Andersen a se defender no ar, mas o convite nunca foi aceito. O presidente do sítio, Tom Clarke, negou-se a cumprir exigência de Duffy de desmentir os comentários de Cramer, afirmando a independência de seu veículo, e a relação entre as duas empresas se rompeu. Como conta Rebecca Byrne [TheStreet.com, 12/3/02], desde o naufrágio da Enron, é só um cliente a menos para a consultoria, ao lado de Federal Express, Merck, Delta Air Lines, entre outros.