Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Pior não pode ficar

JORNAIS DOS EUA

Os jornais americanos tiveram nova queda no número de anúncios em julho, após resultados melhores em junho. A publicidade em publicações nacionais e os anúncios de emprego continuam em baixa, dando seqüência a crise que já dura 18 meses. O USA Today, maior circulação dos EUA, teve queda de 16% naquele mês, em comparação a julho de 2001. Em junho, a baixa havia sido de apenas 13%. No New York Times esses índices foram, respectivamente, 5,7% e 3%. Nos jornais menores os números também não foram bons, embora eles tenham sido menos afetados por não dependerem tanto de anunciantes nacionais. Há de se notar que junho de 2002 teve um domingo a mais que junho de 2001, o que interfere nos resultados, uma vez que domingo é o dia mais lucrativo.

A Gannett, proprietária do USA Today e de outros 93 jornais, disse que, apesar da queda em seu maior veículo, os menores permitiram que, no cômputo geral, o lucro com publicidade crescesse 1%, com aumento de 4% no volume de anúncios. “O desempenho dos pequenos e médios anunciantes nos jornais locais ultrapassou a performance de lucros de seus grandes anunciantes”, publicou em comunicado.

Apesar dos maus índices, executivos de jornais dizem que, por enquanto, não haverá novos cortes de pessoal. O Wall Street Journal, publicação que está mal por depender em grande medida de anunciantes da área financeira e de tecnologia, teve declínio de 17% nos anúncios em julho, em comparação ao mesmo período em 2001. É melhor que os mais de 20% negativos registrados em maio e junho, mas pior que os 15% de abril. De qualquer modo, após dispensa de 860 funcionários ? 11% do total ? nos últimos dois anos, novas demissões não devem acontecer.

Para o resto do ano, reporta Felicity Barringer [The New York Times, 20/8/02], os jornais dos Estados Unidos devem apresentar aumento de anúncios. Não porque a economia melhorará, mas porque os dados de 2001 são tão ruins que será fácil batê-los.

Embora os estudantes americanos em geral sejam usuários da internet, os jornais universitários ainda têm muito mais leitores da versão impressa do que da online. A Student Monitor, empresa de pesquisa de mercado, verificou que apenas 30% dos estudantes sabem que o jornal de sua faculdade está na internet. Destes, 29% haviam entrado no sítio no último mês, enquanto 44% haviam lido pelo menos três das últimas cinco edições impressas.

The New York Times[19/8/02] reporta que as páginas de jornais universitários, principalmente os das grandes instituições, têm tráfego razoável. O Arizona Daily Wildcat, da Universidade do Arizona, por exemplo, teve 300 mil visitas em abril. No entanto, muitas das pessoas que o acessam não são estudantes. Assim, os anunciantes que visam os alunos que circulam pelos campi preferem a edição de papel. No Wildcat, o sítio rendeu US$ 30 mil no último ano acadêmico, contra US$ 1,3 milhão do impresso.

A baixa rentabilidade dos sítios faz com que muitas universidades os terceirizem para empresas que cuidam de colocar o conteúdo e, em troca, podem ficar com o dinheiro dos anúncios. A College Publisher, por exemplo, assumiu as páginas de 220 jornais, incluindo os da Universidade de Boston, de da Universidade Estadual de Ohio. Um serviço de correio eletrônico, lançado no ano passado, que avisa os estudantes das novidades dos sítios tem atraído mais visitantes. Pode ser que, com o avanço da tecnologia, os estudantes passem a ler mais seus informativos na internet. Por enquanto, contudo, o velho jornal de papel ainda faz parte da vida no campus.