Tuesday, 23 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Pirataria via satélite

CANADÁ

A Suprema Corte canadense determinou que é ilegal captar sinal estrangeiro de TV por satélite, atingindo com isso 700 mil lares que têm antenas para receber programação dos Estados Unidos. As emissoras do país prontamente se manifestaram para que o governo faça a lei ser cumprida. Antes da decisão judicial, os comerciantes de receptores americanos eram favorecidos pela legislação, que não era clara neste item.

A maioria dos canadenses que assistem aos canais americanos via satélite não paga assinatura, usando equipamento de decodificação para piratear o sinal. A minoria usa endereço nos EUA para pagar a conta. "A pirataria via satélite é roubo, uma forma insidiosa de roubo que tira de todos os canadenses, particularmente dos artistas, produtores, programadores e emissoras, centenas de milhões de dólares ao ano", reclama Ian Gavaghan, vice-presidente e conselheiro-geral da Bell Expressvu, divisão de satélite da BCE Inc.

"Eu não acho que possamos parar isso", disse Richard Rex, que é réu no processo e tem loja de antenas na província de British Columbia. Ele pretende desafiar as leis que proíbem certos canais estrangeiros de serem transmitidos no país, criadas para proteger a produção nacional. "No Canadá prezamos esta coisa chamada liberdade." Rex conta que, de seus 3 mil clientes, muitos são descendentes de estrangeiros que gostam da programação americana porque tem canais em idiomas variados.

Nos EUA, as emissoras têm travado longa batalha contra a pirataria de sinal. A DirecTV, em 2001, fechou 170 sítios de internet que vendiam equipamento para esse fim. Muitos deles mentiam dizendo-se baseados no Canadá, justamente para terem a proteção legal do país.

AFEGANISTÃO

O exército americano teria conspirado com a Aliança do Norte para manter jornalistas afastados das áreas do Afeganistão onde atuavam forças especiais. A denúncia é de Vaughan Smith, renomado fotógrafo freelancer.

Smith, diretor do canal Frontline, que foi cobrir os combates como câmera do correspondente David Loyn, da BBC, disse em conferência que a imprensa foi mantida no Vale Panshir à espera de transporte como parte de estratégia para impedir seu acesso aos locais de combate. "Pelo que sei, dois jornalistas conseguiram atravessar o vale, e o restante ficou esperando que helicópteros os levassem. Mas repórteres que trabalharam na área anteriormente disseram que não tiveram problema algum em atravessar."

Segundo Jessica Hodgson [The Guardian, 26/4/02], a falta de acesso foi só um dos problemas enfrentados pela imprensa no Afeganistão. "Penso que fizemos um trabalho terrível e há lições que precisam ser aprendidas", disse Smith. Ele acha que os jornalistas exageraram no uso de imagens posadas como se tivessem sido tiradas naturalmente. "Muitos afegãos disseram que deram mais tiros para reportagem do que em combate."

Bridget Kendall, correspondente diplomática da BBC, concorda com Smith: por vezes a cobertura chegou ao nível de "farsa". "Muita gente estava no Afeganistão só para poder dizer que estava ‘lá’ fazendo transmissão ao vivo, pois grande parte das reportagens era tirada de laptops ou de matérias da Reuters copiadas por telefone".