Thursday, 18 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Pobre do jornalista, pobre da verdade

Ana Lúcia Amaral (*)

 

À Sra. Maria de Fátima Xavier

Gostaria apenas de esclarecer que as críticas ao Poder Judiciário não me atingem diretamente, porque não faço parte do Poder Judiciário. Não se impressione, o presidente da República também não sabe que Ministério Público não integra o Poder Judiciário, como não integra, também, o Poder Executivo.

A sua angústia como profissional do jornalismo não difere da minha como membro do Ministério Público Federal. Se reportagem sobre os donos do poder econômico e político são tão difíceis de serem conduzidas, e, o que é o mais importante, publicadas, fazer tramitar um inquérito, seja civil ou criminal, contra os donos do “pudê” é algo quase que impossível. Quando então chega o inquérito, em forma de ação judicial, ao Poder Judiciário, aí é que “a porca torce o rabo” mesmo. Os marginais de colarinho branco – do meio político e econômico – contam com os considerados “grandes juristas” como seus advogados, entre eles ex-juízes ou ex-ocupantes de cargos públicos, que não se afastam da coisa pública…

Mas, por favor, não desista, porque a resistência, a indignação e a insubordinação são as únicas coisas que restam aos que não perderam o senso de dignidade da pessoa humana, condição básica para ser um cidadão. Minha solidariedade,

(*) Procuradora regional da República, Ministério Público Federal em São Paulo

 

LEIA TAMBEM

Pobre da fonte e pobre da verdade também