Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Policial nega culpa em assassinato de correspondente

TELETIPO

O policial da Costa do Marfim Theodore Seri, acusado de assassinar o jornalista francês Jean Helene, declarou-se inocente em seu julgamento. Seri admite ter brigado com Helene, mas alega que as balas que mataram o jornalista não saíram de sua arma. Correspondentes na Costa do Marfim disseram que o assassinato foi um sinal do sentimento antifrancês existente no país, e temem que o julgamento aumente mais ainda o clima de tensão. Militantes pró-governo acusam a França de apoiar os rebeldes que controlam o norte da Costa do Marfim, e fizeram manifestações pela libertação do policial. A situação, porém, não se mostra nada favorável a ele. Segundo a agência de notícias AFP, policiais atestaram que faltava uma bala da arma de Seri. E um especialista em balística confirmou que os tiros que mataram o jornalista foram intencionais. Helene era correspondente da Radio France Internationale, e foi atingido enquanto cobria a soltura de membros da oposição ao governo. [BBC, 21/1/04]

O julgamento do imã (autoridade muçulmana) Mohamed Kamal Mustafa pela Justiça da Espanha, no dia 16, gerou polêmica na comunidade islâmica do país, que é formada por cerca de 500 mil pessoas, a maioria do norte da África. Muitos muçulmanos acreditam que a mídia passa uma idéia distorcida dos valores de sua religião, contribuindo para que vivam em tensão constante com a maioria católica da população. Mustafa foi condenado a 15 meses de prisão por incitar a violência contra a mulher. Ele ensina, em seu livro Mulheres no Islã, como os homens podem bater em suas mulheres sem deixar marcas. Grupos de defesa dos direitos da mulher apresentaram queixa e o acusado tentou argumentar que apenas tinha reproduzido ensinamentos de sua religião, o que o tribunal não aceitou, concluindo que ele violou as leis espanholas e européias de direitos humanos. Como reporta o Washington Post [20/1/04], muitos islâmicos, apesar de estarem de acordo com a condenação, não gostaram da maneira como o caso foi coberto pela imprensa, que teria "total disposição para perpetuar imagens negativas", segundo um representante da comunidade muçulmana de Madri.