Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Prestígio em expansão

USA TODAY

Vinte anos após a fundação, o jornal americano USA Today se tornou uma marca de peso, presente em diferentes mídias. Atualmente dontando com uma equipe de 400 repórteres e editores, 20 sucursais domésticas e 4 estrangeiras, o empreendimento é lucrativo desde 1993. Mas estes números não são suficientes para o presidente e publisher Tom Curley; para ele, só é possível assegurar a sobrevivência na era de fusões gigantescas tornando USAT uma marca nacional forte, não apenas no ramo impresso, mas também na internet e na TV. Por isso, investe na produção de um programa televisivo – exibido em 21 canais da Gannett Co., em 15 estados – e encoraja repórteres do jornal com promoções e aumento de salário a trabalhar nos outros meios de comunicação da empresa.

Todd Shields [Editor & Publisher, 28/3/02] conta que, há não muito tempo, a idéia de alcance multimídia e de marca de prestígio nacional soariam absurdas tratando-se do USA Today. O diário, que estreou em 1982 com equipe emprestada de outras publicações da Gannet, sofreu muitas críticas e acusações de que não era mais do que uma compilação de manchetes e notas curtas ? em resumo, TV no papel.

Mas o jornal evoluiu muito, investido em reportagens sérias e extensas, contratando repórteres e expandindo sucursais. Segundo o analista John Morton, USAT virou um nome respeitado: “Eles atraíram uma equipe de peso. As pessoas retornam suas ligações. E têm tanto acesso à Casa Branca e ao Capitólio quanto New York Times, Washington Post e Wall Street Journal… Não costumava ser assim.”

Para Karen Jurgensen, editora desde 1999, a primeira fase do USAT foi marcada pela tentativa de tornar as notícias acessíveis, através do uso de muitas cores e linguagem coloquial. Na fase seguinte, o objetivo era tornar-se uma fonte primária de informação para os leitores, investindo em reportagens mais profundas. A missão, agora, é combinar o melhor das duas eras, renovando a apresentação visual do jornal.

Curley afirma que esta expansão em diferentes meios fortalece o diário, ajudando-o a conseguir furos de reportagem. “Os jornalistas podem dizer: ?Posso te colocar no maior jornal, num dos maiores sítios de internet e numa das maiores afiliadas de TV local?. É um argumento muito poderoso que nos deixa ter a história antes de todo mundo.”

 

REALITY SHOWS

Maior êxito da história da MTV americana, o reality show The Osbournes anuncia um formato de programa que provavelmente ainda será muito utilizado. Na série, o roqueiro inglês Ozzy Osbourne abre sua mansão em Beverly Hills (EUA) a uma equipe de TV durante quatro meses e revela sua intimidade. Curiosamente, o que fascina o público não são eventuais bizarrices de um artista que se tornou notório por arrancar cabeças de morcego com a boca, mas a vida típica de classe média que a família Osbourne leva. Entre palavrões e tatuagens, vê-se um pai suburbano que briga pelo controle remoto da TV, se irrita com bagunça e discute com a mulher quando seus bichos de estimação resolvem urinar dentro de casa.

“Antes, pessoas comuns eram tornadas protagonistas. Agora, celebridades são transformadas em tipos comuns para produzir um efeito cômico”, diz Anna McCarthy, professora de estudos da mídia da Universidade de Nova York, explicando este gênero de programa, o “docu-sitcom” (fusão de documentário com comédia de situação). The Osbournes é visto pelo público como os Simpsons da vida real. Alessandra Stanley [The New York Times, 2/4/02] conta que os executivos da MTV acreditam ter criado um estilo de futuro. “Julia Roberts terá que levar uma equipe de filmagem em suas próximas férias”, prevê Brian Graden, presidente de programação. A NBC anunciou que deve desenvolver atração semelhante.

Críticos que geralmente reprovam sucessos da MTV, como Jackass ? programa de quadros inusitados, entre os quais mergulhos em caminhão de lixo e atropelamentos propositais ?, elogiam a série. Não condenam nem cenas que mostram, por exemplo, o cantor levando três minutos para acertar um objeto no lixo. “Não acho que seus fãs tinham grandes ilusões”, comenta Doc Coyle, guitarrista da banda God Forbid. “Todo mundo sabe que ele fritou o cérebro.”