Saturday, 20 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Prisões e muita cautela

BANGLADESH

A imprensa no Bangladesh tem se mantido cautelosa por causa dos ataques praticados contra ela pelo governo do país asiático, como relata Kaushik Shankar Das [One World, 25/12/02]. A prisão de Enamul Haque Chowdhury, da Reuters, em 13/12/02 foi a última de uma série de detenções de profissionais de imprensa. Ele reportara que o ministro do interior Altaf Hossain Chowdhury teria atribuído a autoria de um atentado a bomba num cinema da cidade de Mymesingh ao grupo terrorista al-Qaida. O ministro posteriormente negou que teria feito tal afirmação e a Reuters admitiu que não poderia garantir a veracidade da reportagem.

No dia 18/12/02, a polícia impediu na capital, Dacar, que um grupo de jornalistas protestasse publicamente contra a repressão. Em dezembro, seis profissionais de mídia foram presos sob a Lei de Poderes Especiais criada em 1974, três anos após a independência de Bangladesh. “Parece haver uma atmosfera de falta de tolerância por parte do governo. Eles parecem ter como alvo somente aqueles que são sabidamente críticos do governo, e isto é contrário ao direito democrático de falar e protestar livre e publicamente”, queixa-se Mahfuz Anam, editor do maior diário em inglês do país, The Daily Star. Moazzen Hossain, correspondente da BBC em Daca, conta que a onda de prisões deixou os jornalistas com um pé atrás, fazendo com que confirmem as informações que publicam diversas vezes. Ele nega, no entanto que os repórteres estejam deixando de noticiar fatos por causa do governo.

Abdul Mannan Bhuyian, ministro e secretário-geral do Partido Nacionalista de Bangladesh, no poder desde outubro de 2001, foi claro em reunião com um grupo de jornalistas: “Há uma conspiração contra o país e alguns repórteres fazem parte dela. Critiquem o governo, mas não escrevam nada que poderia ir contra o país.”