Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Privilégios na CNN

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MONITOR DA IMPRENSA


LOU DOBBS

Lou Dobbs reestreou neste mês no Moneyline, da CNN. Depois de entrevistar Jacques Nasser, executivo-chefe da Ford Motor Co., no segundo programa, foi palestrante de um luxuoso encontro de executivos da Ford e de suas concessionárias na Flórida. Dobbs foi pago para participar do evento, embora o manual de ética da CNN estabeleça que seus funcionários não podem receber por palestras pagas por grupos mostrados no canal.

Um porta-voz da rede disse ao New York Daily News [23/5/01] que a emissora aceitou que fossem mantidas as palestras marcadas pelo jornalista antes da volta à CNN. No entanto, o agente de Stuart Varney, antecessor de Dobbs, garantiu que seu cliente teve de cancelar cerca de 30 compromissos com grupos civis, acadêmicos e de negócios quando assinou contrato com a rede. Como resultado, Varney perdeu a oportunidade de faturar cerca de US$ 500 mil.

Dobbs disse que os US$ 30 mil que recebeu da Ford seriam doados. A CNN afirmou que essa é uma prática antiga do jornalista, mas se negou a apresentar provas das doações. Os pedidos de Varney para que algumas de suas comissões fossem doadas, por sua vez, foram todos negados pela emissora, disse seu agente.

O site Fecinfo.com divulgou recentemente a doação de US$ 1.000 de Dobbs ao comitê político Bush-Cheney 2000: o vice Dick Cheney apareceu no programa na semana passada. A contribuição foi registrada sob o nome de "Lou Dobbs, executivo/Space.com" ? o site fundado pelo jornalista depois de deixar a CNN, há dois anos. Dobbs ainda não estava de volta à CNN na época da doação, disse Allyson Lieberman [New York Post, 23/5/01], mas andava aparecendo em vários noticiários e fazendo pontas na NBC.

BLENDER

Keith Harris foi contratado e depois despedido como editor de resenhas da nova revista musical Blender antes mesmo da edição de estréia, no início do mês. Segundo Tricia Romano [Village Voice, 23/5/01], freelancers da publicação disseram que Harris entrou em confronto com o chefe Andy Pemberton por querer manter o estilo e a crítica de cada jornalista intactos nas resenhas. "Ele foi despedido por defender os autores", disse um colaborador.

O editor Craig Marks, Pemberton e Harris não puderam falar sobre o assunto, por causa de uma cláusula de contrato. Mas os freelancers, anonimamente, o fizeram. Os jornalistas reclamaram que suas palavras foram atenuadas, suas classificações alteradas e as críticas dos discos tornadas mais "leves". Alguns disseram até que resenhas negativas foram completamente modificadas, e todos afirmaram que essas mudanças ocorriam depois que Harris já havia editado o material, e as versões eram encaminhadas a Pemberton, para a última edição.

Jon Dolan, editor de resenhas da Spin, explicou que as top editions muitas vezes ajudam a definir a linha da revista ? no caso da Blender, lançada depois de apenas dois meses de preparo, acertar seu tom de voz era uma preocupação ainda maior. Talvez por isso Harris tenha saído, sem mal entrar. "Keith é um resistente crítico de rock verdadeiro, e não acho que alguém na Blender queria isso", disse Dolan.


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