Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Propaganda contra propaganda

Li as observações inteligentes de Carlos Knapp [veja remissão abaixo], sem dúvida alguma um dos mais completos homens de propaganda do Brasil. Emil Farah e Guilherme Figueiredo – intelectuais que eu, jovem foca, conheci – me diziam que é preciso “ler anúncios para aprender a escrever”. Tinham razão, claro. O texto de peça publicitária bem feita é modelo de síntese de informação e de meio de convencimento. Uma peça, texto e ilustração é obra de arte funcional, bahaus no duro. E foi assim que, menino, ao assumir a direção de Visão, com o excepcional Alberto Dines como meu foca, logo procurei diretores de arte de agências de publicidade, as quais visitava com freqüência para aprender as técnicas que depois me ajudariam a criar capas da revista. Usava os textos para aprender escrever em síntese e passar o conhecimento aos outros. Mantive o mesmo comportamento em minhas demais chefias. A revista Senhor, tão discutida, além dos talentos de Carlos Scliar e Glauco Rodrigues nas artes gráficas tivemos a cooperação dos diretores de arte criando peças para a publicação que foram fundamentais para a sua beleza. Ivan Meira, morto em acidente de avião, foi diretor de publicidade, criou as primeiras peças promovendo o produto no próprio. Páginas em tecidos Santa Branca eram anúncios da Santa Branca. Jardel Filho e Odete Lara (o símbolo sexual do país de então e uma das mais inteligentes mulheres e atrizes que conhecemos) posaram de casal apaixonado numa peça de trinta páginas no estilo de uma história de amor em quadrinhos.

Aplaudo o Observatório pela idéia da coluna sobre publicidade. Um redator tem de ser excepcional em texto e imaginação para fazer um bom texto de agencia. Um diretor de arte tem de ser um artista do melhor nível. Carlos Knapp sabe tudo de publicidade.

Nahum Sirotsky

 

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