Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Provão como referência de qualidade

EXAME NACIONAL DE CURSOS

Victor Gentilli

Todos os jornais levantaram a bola do ministro Paulo Renato Souza, durante a entrevista coletiva em que foram apresentados os resultados do Provão 2002. De um modo geral, os jornais destacaram a declaração do ministro de que infelizmente liminares judiciais impediram que cursos sem condições de funcionar fossem fechados. Os jornais mostraram também o crescimento da procura por cursos com conceitos A e B e a queda ? expressiva, perto de 50% ? na procura por cursos com conceitos D e E.

O fato é que o Provão, por mais falhas que tenha, avalia os cursos e oferece uma referência de qualidade à sociedade. Na maioria das áreas, são os bons cursos, em geral aqueles de universidades públicas, que conseguem os melhores conceitos. E os cursos picaretas, apesar de todas as promoções, ofertas de carros e de cursinhos gratuitos jamais ultrapassam os conceitos D ou E.

Este ano, o boicote dos estudantes de Jornalismo regrediu, invertendo uma tendência que vinha crescendo ano a ano desde o primeiro Provão. Em 2001, cerca de 21% dos alunos boicotaram o exame, entregando a prova em branco. Este ano, o boicote caiu para algo em torno de 16%.

O ministro Paulo Renato flanou e faturou sobre o boicote. Se os estudantes desejavam atingi-lo, infelizmente não conseguiram. Conseguiram, sim, prejudicar a imagem dos cursos que lhes ofereceram a formação profissional.

De todo modo, mesmo que o Exame Nacional de Cursos seja extinto no novo governo, o chamado Provão cumpriu sua missão. É certo que, se se institucionalizasse, haveria ganhos maiores. Mas as escolas se mexeram, os estudantes se mobilizaram e, ao que tudo indica, a cultura da avaliação tornou-se hegemônica no ensino superior.

É de se esperar que o movimento “Avaliação pra Valer”, iniciativa dos estudantes de Comunicação [clique, abaixo, em PRÓXIMO TEXTO], ofereça resultados concretos a partir de 2003.