Saturday, 20 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Provão: efeitos perversos

Victor Gentilli

 

I

ntenções e resultados, sabem muitos, nem sempre se correspondem. Quantas vezes na história determinadas intenções alcançaram resultados exatamente inversos daqueles pretendidos por seus autores. Quando o governo federal sinalizou mudanças na Previdência Social, uma penca de funcionários adiantaram-se e solicitaram aposentadoria. O anúncio de que um problema iria ser enfrentado produziu como efeito o agravamento do problema. O desfalque maior se deu nas universidades federais.

Ao exigir titulação dos professores, o MEC tinha a intenção de valorizar os cursos de pós-graduação e estimular as escolas – principalmente as privadas – a buscarem qualificar seus professores.

O resultado, pelo que demonstram os primeiros indícios, parece não corresponder às intenções.

Já chamara a atenção no meu primeiro artigo sobre o provão neste OBSERVATÓRIO que o governo estava dando um presente para as escolas particulares, com os aposentados titulados. O movimento parece ser maior e mais grave ainda. Além dos aposentados, as escolas estão demitindo professores com experiência nas redações para buscar mestres nem sempre experientes. O resultado pode mais uma vez não corresponder à intenção.