Saturday, 20 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

PUC discute mídia no processo eleitoral

Miguel Chaia (*)

 

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uma época marcada pelo rearranjo internacional, profundas transformações tecnológicas e crise do sistema representativo, a informação torna-se, cada vez mais, uma forma de poder.

Nesse cenário dinâmico, em que a representação da política passa a ser marcada pela produção simbólica – o que imprime novos sentidos às ações e significações dos governantes, cidadãos, grupos sociais e, especialmente, às disputas eleitorais –, os veículos de comunicação de massa desempenham um papel fundamental no desenrolar das questões políticas e sociais.

No entanto, tão relevante e polêmico quanto o papel ocupado pelos meios de comunicação é o controle e a fiscalização a serem exercidos sobre eles pela sociedade. O OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA é uma iniciativa inovadora nesse campo. Mais do que uma revista de variedades jornalísticas, este veículo tem pautado sua atuação pela fiscalização do comportamento da mídia.

Se cresce o interesse pelo tema entre os próprios jornalistas, isso também vem ocorrendo no meio acadêmico. Tem aumentado substancialmente o número e a qualidade de trabalhos, dissertações e teses sobre os meios de comunicação e suas interfaces com o processo político. Esse é justamente um dos objetivos do Núcleo de Estudos em Arte, Mídia e Política (Neamp), recentemente criado junto ao Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

A proposta do Neamp é refletir sobre esta realidade engendrada pela intersecção da política com os poderes da manifestação artística e da produção da mídia, e incentivar novos estudos e pesquisas nos cursos de graduação e pós-graduação na área de Ciências Sociais.

E se estamos falando de mídia e política nada melhor do que aproveitar o atual processo eleitoral para aprofundar os estudos sobre esse tema, bem como para investigar e aprender com nosso objeto de pesquisa. A postura que alguns veículos de comunicação vêm adotando na cobertura jornalística do processo político e eleitoral já oferece farto material para análise e debate de algumas tendências que tanto o OBSERVATÓRIO quanto o Neamp estão acompanhando.

Para isso, o Neamp está organizando nos próximos dias 15 e 17 de setembro duas mesas-redondas com a participação de especialistas da ciência política, do jornalismo e do marketing político. Até onde vai a influência dos meios de comunicação na escolha do voto, pode ou não haver imparcialidade de jornais e jornalistas na cobertura das campanhas eleitorais, qual o limite da interferência dos proprietários dos veículos de comunicação na cobertura jornalística das eleições. Essas são algumas das questões que estaremos debatendo com quem faz e analisa a mídia.

Durante a realização dos debates, estaremos apresentando um clipping da cobertura que os principais jornais vêm fazendo da campanha e um clipping eletrônico (imagens em vídeo) com o noticiário das principais redes de televisão e de alguns programas partidários obrigatórios na TV. A participação é aberta. Contamos com a sua presença.

 

Campanha Eleitoral: entre a mídia e a Política

Os interesses políticos e econômicos dos proprietários de veículos de comunicação interferem diretamente na cobertura jornalística? Que fatores determinam a distribuição do espaço e do tempo dedicados a cada candidato? É possível aos jornalistas absterem-se de suas preferências políticas e efetuarem um trabalho imparcial no acompanhamento dos fatos, especialmente no período das campanhas eleitorais? Até aonde a mídia pode influenciar na escolha do voto?

No dia 15/9 (terça-feira), às 10 horas, essas são algumas das questões que estarão sendo discutidas na mesa-redonda Campanha Eleitoral: entre a Mídia e a Política., com a participação de Mauro Malin, redator-chefe do Observatório da Imprensa, Gabriel Prioli, jornalista com larga experiência na coordenação de marketing de campanhas políticas e atual diretor da TV PUC, e Fernando Barros e Silva, jornalista e crítico de televisão da Folha de S.Paulo. A mediação ficará a cargo da cientista política Vera Chaia, uma das coordenadoras do Neamp e que há alguns anos vem estudando e orientando pesquisas sobre esse tema no Pós-Graduação da PUC-SP.

 

O Sistema Político e as Eleições 98: Conjuntura e Perspectivas

As relações entre o poder político e os veículos de comunicação provocam distorções no sistema político? O que é mais importante: o palanque ou o estúdio? O papel que a mídia vem desempenhado alterou a forma de fazer política? A mídia oferece riscos ou é um dos sustentáculos da democracia hoje?

No dia 17/9 (quinta-feira), às 19:30 horas, na mesa-redonda O Sistema Político e as Eleições 98: Conjuntura e Perspectivas, os cientistas políticos Brasílio Sallum Júnior (USP/CEDEC), Claúdio G. Couto (PUC-SP), e Maria D’Alva Gil Kinzo (USP) debaterão a influência da mídia no processo eleitoral brasileiro, possibilidades e perspectivas. A coordenação é do professor Francisco Fonseca (PUC-SP).

As mesas-redondas acontecem nas Salas P-65 (dia 15/9 às 10:00 horas), no Prédio Velho, na PUC-SP e 4 B12 (dia 17/9 às 19:30 horas), no Prédio Novo, na PUC-SP (campus Monte Alegre), rua Monte Alegre, 984, Perdizes. Mais informações podem ser obtidas pelos telefones (011) 864-1012 ou 3670-8400, no Pós-Graduação em Ciências Sociais.

(*) Coordenador do NEAMP/PUC-SP