Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Quando o desemprego bate à porta

PLAYBOY

A Playboy americana está produzindo uma edição inusitada: "As mulheres da Enron." Todas ex-funcionárias da falida empresa de energia estão convidadas a enviar à revista retrato e foto de corpo inteiro vestindo biquíni.

Kathy Chu [Dow Jones Newswires, 25/3/02] conta que a proposta é polêmica, uma vez que a bancarrota fez os empregados perderem bilhões de dólares em economias. "Tornar este caso trivial com exploração sexual é fazer graça do problema econômico destas pessoas", julga Clarke Caywood, professor de jornalismo da Northwestern University. Kevin Kuster, editor sênior de fotografia da Playboy, discorda: "Isto não é uma maneira de ganhar dinheiro em cima da tragédia alheia. Pelo contrário, sabemos que a situação dos funcionários da Enron é muito difícil, e entendemos que esta seria uma maneira de eles fazerem algo empolgante e divertido." Contudo, não revelando o cachê da aventura, admitiu que provavelmente o dinheiro não permitirá a ninguém "mudar de estilo de vida". A Playboy afirma já ter recebido e-mails de inscrição e espera superar sua média de circulação de 3,1 milhões de cópias.

O professor Caywood, que classifica a "busca de talentos" como "cruel", pergunta: "Qual será a próxima? As mulheres da Andersen"?

TV A CABO

Depois de 11 de setembro, os canais de notícias da TV a cabo dos EUA tiveram um grande aumento de audiência. De modo geral, os americanos ficaram mais curiosos com o que acontece no mundo ao verem sua nação ameaçada pelo terror. A dúvida que aflige os executivos de televisão agora é se esse novo público agüentará muito tempo sem zapear de volta para canais de entretenimento se não houver novas notícias sensacionais.

Seis meses depois, os números já estão bem abaixo dos 50 milhões de telespectadores estimados nas semanas logo após os ataques terroristas, mas ainda assim os canais noticiosos dão sinais de força. O Fox News, líder do segmento, tem mais que o dobro da audiência média que tinha há um ano. A CNN, hoje relegada ao segundo lugar, registra aumento de 50 %.

Segundo Jim Rutenberg [The New York Times, 25/3/02], os analistas divergem sobre se a falta de novidades na "guerra ao terror" vai fazer o público debandar. "As histórias pós-11 de setembro tiveram inúmeras continuações. Pode acontecer uma grande batalha, outro alerta de terrorismo, novas medidas de segurança nos aeroportos", diz David Poltrack, vice-presidente executivo de pesquisa da CBS. "Uma vez que nada aconteça, a tendência é a audiência voltar aos níveis normais". Steve Capus, produtor executivo do programa NBC Nightly News, discorda: "Claramente, houve um despertar do público para o que está acontecendo no mundo." O chamariz dos ataques terroristas teria causado efeitos duradouros.

Claro que os canais de notícia não desejam outra catástrofe como a de setembro, mas uma nova desgraça pode estar por vir se no próximo verão americano acontecer o que ocorreu no último, quando as notícias mais eletrizantes foram uns ataques de tubarão e o sumiço da estagiária Chandra Levy em Washington.

TIMES & JOURNAL

The New York Times e The Wall Street Journal que, ao lado do USA Today, são considerados os jornais americanos de circulação nacional, estão lançando novidades.

O Journal, que não muda sua aparência desde 1944, está desenvolvendo novo design que deve chegar aos olhos dos leitores em 9/4. Segundo Jon Fine [AdAge.com, 25/3/02], o projeto é secreto, mas fontes não identificadas contam que o visual será colorido e dinâmico. Seria algo semelhante à edição européia do jornal. O vice-presidente e gerente geral Dan Austin afirma que a elaboração teria demorado quatro anos e consumido US$ 232 milhões de dólares. O objetivo da reformulação é "atingir leitores e futuros leitores: jovens homens e mulheres de negócios e profissionais que podem se beneficiar de nosso conteúdo, mas que até 9/4 poderiam achar o Journal que todos conhecemos e amamos algo inacessível", exalta. Os anunciantes também terão maior mobilidade para seus anúncios. O novo jornal passou pelo crivo de 32 grupos de avaliação.

O New York Times surge com proposta mais modesta, conta Felicity Barringer [The New York Times, 25/3/02], mas já de olho na concorrência do Journal. A seção Escapes, que estréia 5/4 em circulação nacional, terá informações sobre viagens de final de semana, carros e entretenimento, conteúdo semelhante ao da seção Personal Journal de seu rival. Cadernos sobre arte, alimentação e casa passam a circular nacionalmente, substituindo o Living Arts, que até hoje agrega estes assuntos.

Os dois jornais disputam anunciantes com grau de alcance nacional, categoria que mais tem crescido. Há cinco anos, o Times atingia 62 praças. Hoje já atinge 210.