Wednesday, 24 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Raymond Snoddy

AL-JAZIRA

“Al-Jazira tenta ganhar credibilidade internacional”, copyright O Estado de S. Paulo / The Times, 2/11/02

“Que canal de televisão entrevistou o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, seu colega israelense, Ariel Sharon, o secretário de Estado americano, Colin Powell… e o líder terrorista Osama bin Laden? A resposta é óbvia, e mostra quão longe foi a Al-Jazira, a emissora internacional de língua árabe, em tão pouco tempo. A Al-Jazira, sobre a qual poucos fora do Oriente Médio haviam ouvido falar 18 meses atrás, tira proveito da fama: prepara-se para expandir-se e impulsionar seu material no cenário internacional, enfrentando emissoras consagradas, como a CNN e a BBC.

?Depois do 11 de setembro, nós nos tornamos globais e tivemos uma grande audiência pela primeira vez?, diz o diretor de publicidade da Al-Jazira, Ali Mohammed Kamal. ?De repente, superamos a mídia ocidental.? A TV, com sede no Catar, tenta explorar as oportunidades de negócios surgidas depois de 11 de setembro de 2001 e da exibição dos famosos vídeos de Bin Laden. O esforço envolve a elaboração de planos estratégicos que refletem a posição atual da Al-Jazira (lançada em 1996, com programação inicial de seis horas diárias) e aonde ela gostaria de chegar em cinco anos.

?Estamos tentando reposicionar a Al-Jazira como um canal global, e não pan-árabe?, afirma Kamal. ?Muitas pessoas assistem à BBC ou à CNN como fontes de notícias com credibilidade. Tentamos conquistar essa credibilidade e nos relançar como um canal mais internacional.? Haverá gráficos mais sofisticados, produções mais caras e novos escritórios pelo mundo, além dos 27 atuais. O grande passo inicial, previsto para o primeiro trimestre de 2003, será oferecer dublagem em inglês numa faixa sonora separada.

A Al-Jazira diz que já é assistida em 35 milhões de lares, principalmente no Oriente Médio, Europa, América do Norte e Austrália. Kamal diz que, se a resposta à versão dublada for positiva, poderá ser criada uma versão original em inglês. A TV também estuda lançar canais especializados.

Negócios e esportes são duas opções óbvias, relativamente livres das discussões.

A Al-Jazira afirma querer refletir ?o papel do diálogo entre civilizações e o choque entre civilizações?. A rede também alega permitir que todas as partes expressem suas opiniões e argumenta que seu apelido no Ocidente – de ?canal de Bin Laden? – é totalmente injusto. Sim, eles conseguiram as fitas do líder terrorista. Mas que TV não as teria posto no ar? A Al-Jazira crê que sua decisão não foi muito diferente daquela que a CNN tomou ao transmitir ao vivo de Bagdá durante a Guerra do Golfo.

Para a estação árabe, a melhor prova de que seu trabalho tem sido correto são as críticas vindas de todos os lados. Entrevistar Sharon, por exemplo, não pegou bem em certas vizinhanças árabes. ?As pessoas perguntam: ?Por que vocês estão dando aos israelenses a oportunidade de entrar em nossas casas??, conta Kamal. Algumas sucursais da Al-Jazira no Oriente Médio foram fechadas, e alguns embaixadores no Catar, chamados de volta a seus países em protesto contra as atividades da emissora. Os problemas mais delicados de alguns dos países árabes mais conservadores têm tido impacto direto na receita de publicidade. A emissora até hoje não deu lucro.”

“Kuwait fecha escritório da TV árabe Al-Jazira”, copyright O Estado de S. Paulo, 3/11/02

“O governo do Kuwait fechou o escritório no país da Al-Jazira, a mais popular TV árabe, informou ontem a emissora. ?O governo me informou que o escritório foi fechado porque o canal não era objetivo?, disse o chefe da seção, Saad al-Enezi. Segundo ele, o governo não informou se o fechamento é temporário ou permanente. Um funcionário kuwaitiano que não quis ter identidade revelada disse que o canal foi fechado por causa de ?parcialidade? e ?falta de objetividade? nas reportagens. Muitos kuwaitianos acusam a Al-Jazira de ser pró-Iraque.”

 

JORNAIS / CHICAGO

“Jornais de Chicago tentam conquistar leitores jovens”, copyright O Estado de S. Paulo / The New York Times, 2/11/02

“Phil Ardelean, de 18 anos, jovem meio confuso que acaba de ingressar na sonhada faixa etária dos 18 aos 34 anos, tão cobiçada pelos anunciantes americanos, foi para sua aula na DePaul University na quarta-feira levando consigo algo no qual raramente toca: um jornal.

Bem, talvez ?jornal? não seja a palavra exata para descrever o RedEye, novo tablóide dirigido para jovens que ele levava debaixo do braço. Talvez seja mais parecido com um site impresso. De qualquer forma, curto.

O jornal, um filhote do Chicago Tribune, lançado na quarta-feira, comprime as notícias do dia em blocos de quatro parágrafos em uma página interna. A recusa do governo russo na terça-feira em identificar o gás que matou 120 pessoas recebeu esse tratamento, enquanto a parte nobre do jornal foi dedicada a um leilão on-line do cabelo de Elvis Presley.

Ardelean disse que se informa pela tevê e pela internet e nunca lê jornais.

O exemplar de quarta-feira lhe foi dado gratuitamente e ele disse que talvez pague US$ 0,25 para lê-lo na sua jornada diária, que era o que o Departamento de Marketing do Tribune queria ouvir.

Ardelean faz parte de um público esquivo que os executivos de jornais estão começando a perseguir com a mesma dedicação de seus colegas da televisão.

Mas o Chicaco Sun-Times não está abrindo mão dessa faixa etária. No mesmo dia, lançou um míssil guiado contra o RedEye na forma de um tablóide parecido, o Red Streak.

Os editores do Sun-Times dizem que essa é uma luta que não podem se dar o luxo de perder. A Scarborough Research, que faz pesquisas sobre o mercado consumidor, estima que 1,25 milhão de jovens na cidade e região façam parte da faixa etária cobiçada. Desses, 29% lêem o Sun-Times e 18% lêem o Tribune todos os dias. O Tribune prefere os dados do Gallup, que mostra o Sun-Times com vantagem semelhante de 11 pontos porcentuais na leitura diária entre os jovens adultos, mas coloca o Tribune no topo entre leitores ocasionais de toda a área metropolitana.

Nos últimos 30 anos, o público dos jornais de circulação nacional vem envelhecendo. Em 1972, levantamento geral há muito tempo feito pela Universidade de Chicago mostrou que 41,2% dos adultos entre 21 e 25 anos liam jornal diariamente. Em 2000, esse índice caiu para 19,5%.”

 

REALITY SHOWS

“Rede TV! prepara seu ?Show do Milhão?”, copyright Folha de S. Paulo, 4/11/02

“A Rede TV! aguarda apenas autorização da Caixa Econômica Federal para lançar uma revista semelhante à do ?Show do Milhão?, do SBT. Previsto para chegar às bancas antes do Natal, o primeiro número da ?Revista da Rede TV!?, com a apresentadora Luciana Gimenez na capa, está praticamente pronto há duas semanas.

A emissora, que mantém o projeto em certo sigilo, ainda estuda como será a distribuição da revista _venda em lotéricas ou por telefone, por exemplo.

Já explorada pelo SBT e eventualmente pela Globo (como na Copa do Mundo), a venda de revistas atrelada à premiação em TV é uma forma de explorar novas receitas que tende a crescer.

Assim como a ?Revista do SBT?, do ?Show do Milhão?, a da Rede TV! terá um cupom em que o comprador concorrerá a sorteios na TV. Os prêmios não serão em dinheiro, como no programa de Silvio Santos, mas produtos eletroeletrônicos e carros.

Ainda não está claro como será a premiação. Poderá ser em um novo programa ou no ?Superpop?, de Luciana Gimenez. Se for em uma nova atração, poderá ser na de Marcelo de Carvalho, vice-presidente da emissora, que andou ensaiando virar apresentador de um ?game show?.

Na Record, há estudos de projetos semelhantes, envolvendo os novos ?games shows?, como o ?No Vermelho?, que promete pagar dívidas dos participantes.”