Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Rádios fora do ar

MONITOR DA IMPRENSA

GRÉCIA

O governo grego iniciou em 17 de março processo de desligamento de mais de 60 rádios privadas de Atenas, alegando que a grande quantidade de estações pode interferir no novo aeroporto internacional da capital. Policiais e técnicos cortaram o sinal dos transmissores em Monte Hymettus, acima de Atenas e, uma a uma, as rádios emudeceram. As informações são da Associated Press (27/3/01). Sindicatos e partidos da oposição condenaram fortemente a medida.

Segundo o governo, o excesso de sinais de rádio pode interferir nas comunicações de vôos comerciais no Aeroporto Eleftherios Venizelos, cujas operações começaram no dia 21 de março. "Não permitiremos qualquer atividade que ponha em risco os vôos", disse Dimitris Reppas, porta-voz do governo.

Críticos acusam o governo socialista grego de escolher oponentes políticos. "Isso é um crime, não deixaremos que a situação se mantenha", afirmou Miltiadis Evert, veterano congressista conservador e ex-prefeito de Atenas. "Gregos devem ter a liberdade de ouvir qualquer estação de rádio."

VEXAME ELEITORAL

Falta de comunicação, versões conflituosas, acusações de importância secundária: todos os ingredientes da interminável saga da recontagem dos votos eleitorais na Flórida na eleição para presidente dos Estados Unidos, pelo que parece, fazem parte da receita do drama atual que cerca a "re-recontagem" de votos desenvolvida pela imprensa [veja remissões abaixo].

De acordo com reportagem da Associated Press (22/3/01), o Miami Herald, o USA Today e a Knight-Ridder estavam programados para apresentar os dados do projeto de recontagem conjunta em 20 de março. Os resultados seriam apresentados no programa Nightline na noite do dia 19. No dia e hora marcados, nada.

Mark Seibel, editor-administrativo do Herald, disse que seu jornal estava pronto para publicar os dados, mas o parceiro USA Today não entendeu algumas peculiaridades nas informações e esticou o deadline. Dennis Cauchon, repórter do USA Today, disse entretanto não haver data prefixada, negando repetidamente que seu jornal foi responsável pelo atraso. Cauchon afirma não saber o que levou a AP a publicar a nota. Possivelmente um release enviado em 22 de março por Julio Garcia, da Thorp & Co., firma de relações públicas que cuidou da publicidade da recontagem para o Miami Herald, afirma Alicia Montgomery [Salon, 29/3/01].

"Não acredito que Dennis disse isso", reagiu Seibel, lembrando conversas que teve com Cauchon e Doug Pardue, editor de projetos do USA Today, quando discutiram os prazos de publicação. "Conversamos dias sobre a possibilidade de publicarmos os resultados em 27 de março, porque estávamos preocupados com o Oscar e os dados do recenseamento da Flórida". "Obviamente", acrescentou, "não nos teriam dito que precisavam de mais tempo se não soubessem que tínhamos um prazo". Cauchon afirmou desconhecer qualquer deadline.

De qualquer forma, Cauchon e Seibel dispensaram a confusão, elegendo-a uma distração sem importância no projeto de recontagem. É provável que críticos do projeto não tenham achado o mesmo. As próximas semanas prometem novos episódios da novela eleitoral.

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