Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Receita do sucesso em tempos bicudos

THE NEW YORK TIMES

Em tempos de recessão, o New York Times Co., ao contrário de outras empresas jornalísticas, não se retraiu: passou a investir pesadamente numa estratégia de crescimento que inclui expansão nacional e internacional. Em entrevista à editora Amey Stone [BusinessWeek, 7/11/02], o presidente e CEO da companhia que edita The New York Times, Russell Lewis, falou dos desafios de manter os analistas de Wall Street felizes com os resultados financeiros e a expansão para novos mercados.

Lewis conta que a estratégia do Times é tentar atrair uma audiência seleta (leitores da elite, cultos e com poder de compra) recorrendo a diferentes mídias: jornal, TV e internet. O veículo impresso é obviamente o principal; nos últimos anos, o jornal New York Times se transformou num diário verdadeiramente nacional: quase metade dos exemplares é distribuída fora da área metropolitana da Nova York, e os anunciantes locais e classificados foram superados pelos de presença nacional. O Nytimes.com ? o maior sítio de jornal da internet ? também ajuda a reforçar a marca NYT, assim como a presença na TV.

O presidente conta que o jornal está expandindo tanto internacionalmente, com a compra dos 50% de participação do Washington Post no International Herald Tribune, quanto nos EUA: Boston já é o maior mercado local da companhia, que começou com a compra do Boston Globe, a o Worcester Telegram and Gazette e Boston.com, o maior sítio de internet da região. Perguntado sobre as dificuldades de perseguir uma estratégia de crescimento em meio à recessão que atinge o setor de mídia, Lewis cita o ex-presidente da General Electric, Jack Welch. "Você não consegue crescer a longo prazo se não conseguir comer a curto prazo. Qualquer um pode administrar o curto prazo. Qualquer um pode fazê-lo a longo prazo. Equilibrar as duas coisas é do que se trata." Assim, conclui Lewis, "se você não investe em tempos difíceis, não poderá colher os benefícios dos tempos mais prósperos, quando estes chegarem".

Apesar de reconhecer que cortes precisaram ser feitos no passado ? hoje, a empresa adota a política de criação de "conselhos de otimização" para apurar que custos podem ser reduzidos ?, o presidente afirma que os investimentos estratégicos continuam a ser feitos, mas "com disciplina financeira". "Não vemos nossa filosofia de jornalismo de qualidade em oposição aos desejos de Wall Street", diz. "Nossa filosofia de negócios pode ser resumida assim: qualidade superior equivale a preço superior e resultados financeiros idem. Investimos pesado na qualidade do que produzimos e provamos que as pessoas pagam por isso."