Saturday, 20 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Reflexos na eleição

Edição de Marinilda Carvalho

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Quando for o caso, clique no trecho sublinhado para ler a íntegra da mensagem

O destaque desta edição são as muitas cartas comentando o artigo "Incra, Folha e (falta de) ética", de Luiz Antonio Magalhães, editor-assistente do Observatório. Um texto sereno, sem ódios ou rancores, que apenas põe em relevo o fato de que o jornalista Josias de Souza usou carro e recursos do Incra para fazer matéria sobre assentamentos do MST. Algo como ? pegando carona no assunto do momento ? se um repórter americano fosse atrás de podres do Gore usando facilidades do Bush.

Ódio e rancor aparecem entretanto na reação de dois leitores, Nelson Cunha e Nilson Custódio. Não via personagens assim desde os anos de chumbo. Mas as duas cartas estão aqui, publicadinhas. Duvido que a recíproca fosse verdadeira no jornal deles.

Destaque especial é a carta "Exemplo de antijornalismo", da leitora Lays Moreira. Ela nos encaminha cópia da mensagem que enviou ao jornal O Dia, reclamando de matéria tendenciosa da jornalista Rozane Monteiro ? "A marca do mal na Serra". É uma das mais bem fundamentadas críticas de mídia que apareceram aqui no Caderno do Leitor. Rozane, procurada pelo Observatório, até o fechamento desta edição não havia enviado resposta às acusações.

Boa leitura!

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MST vs. FOLHA

Mais do que tudo as reportagens de Josias de Souza serviram (como negar?) para que o PT perdesse as eleições em Curitiba. Não há como provar que as reportagens tivessem esse objetivo, mas dá para desconfiar, agora que se sabe que o jornalista pegava carona em veículo do Incra [ver remissão abaixo para o artigo "Incra, Folha e (falta de) ética"]. De qualquer forma, errou o jornalista aceitando a carona, errou a Folha em tentar enganar o leitor com explicações nada convincentes.

José Rosa Filho

Gostaria de acreditar que no Brasil a imprensa e a mídia de um modo geral não têm vínculos com o poder propriamente dito. Mas esta e tantas outras matérias publicadas pela Folha, entre outros, somente demonstram o contrário. O uso e o abuso de se ter em mãos a possibilidade de formar opinião e fazê-la de acordo com interesses de uma burguesia obsoleta que resiste a mudanças necessárias para o próprio desenvolvimento do capital é no mínimo ignorância de quem quer continuar a manter seu status a qualquer preço. Que pena!

Rute, estudante, São Paulo

Pois é, depois de parar de comprar a revista Veja por causa de uma reportagem sobre o MST, em que mais parecia a revista o Diário Oficial do governo, agora esse desvio de conduta da Folha. O estado de direito que as duas reportagens pregam claramente não podem ser considerados. Ou seriam os dois órgãos de imprensa?

Geraldo Majela, Juiz de Fora, MG

Será que de tanto ouvir o Boris Casoy falar que os integrantes do MST são bandidos ele acabou crendo? A observação de Luiz Antonio Magalhães, nos mínimos detalhes, está ótima. O problema todo está aí. Por que não divulgar um fato que sem dúvida nenhuma era importante para o contexto em que foi realizada a matéria? Seria um ponto a mais para o jornalista e para a Folha.

Estou meio cansada desse mundo dicotômico e maniqueísta de mocinhos e bandidos. Há erros de ambos os lados, mais difíceis de controlar num movimento de caráter social e revolucionário como o MST (mas inegavelmente há pepinos que precisam ser revistos), mais difíceis de tolerar, vindo de um órgão público como o Incra (que agindo dessa forma inviabiliza qualquer mudança de atitude/conduta do MST e deixa os cidadãos ainda mais descrentes de que possa haver uma solução pacífica para a questão da terra no Brasil) e finalmente mais difíceis de engolir quando discutidos por uma imprensa que prega o tempo todo isenção (coisa que todos sabemos ser ilusória, conhecendo a imprensa brasileira e seus patrocinadores oficiais). Parabéns pela análise.

Maria da Conceição Carneiro Oliveira, educadora em São Paulo

Irretocável, preciso [o artigo "Incra, Folha e (falta de) ética"]. Parabéns. Este país está à beira de um colapso ético.

Marcelo Henrique T. Pereira

Fico indignado com os que detêm o poder, seja em qual ramo for. A guerra entre pobres e abastados não acabou, e talvez leve muito tempo. Agradecemos a Deus as pessoas que combatem as farsas. Tratam a questão agrária como lixo.

Olizeo

Por que o repórter começou pelo Incra? A resposta foi dada pela própria Folha, mais precisamente pelo colunista Jânio de Freitas. Ivonei José Fazzioni

Fiquei surpresa, no mau sentido, ao tomar conhecimento de que um jornalista, do respeitado Folha de S. Paulo, estava sendo acusado de ter feito uma matéria sobre o MST por interesse do Incra, e que esta entidade financiou a viagem até os assentamentos dos sem-terra. Não sei realmente o que aconteceu nos bastidores: se o jornalista não queria aceitar que suas despesas fossem pagas ou se houve um acordo prévio entre ele e o Incra. A Folha disse que tem como provar, por meio de gravações, que o jornalista queria pagar. Sou estudante de Comunicação Social, do 3? semestre, e como futura profissional da área penso que a ética deve ser o primeiro mandamento dos profissionais. Ainda não posso afirmar se faltou ou não ética no trabalho do jornalista, pois me faltam dados mais precisos.

Jeane Sobral

Como se pode ver, o jornal dito como o maior do país pisou na bola. Pisou na bola e colocou sua credibilidade em risco ao fazer uma reportagem da provável falta de transparência do movimento rural sem ter a devida transparência para elaborar a matéria.

O imbróglio faz com que a luta pela terra seja ainda mais fortalecida e o medo que os poderosos têm com aqueles que organizam as camadas mais pobres da sociedade; e o jornal Folha de S. Paulo, como órgão de imprensa em favor dos mais abastados, demonstrou ter, assim como toda a grande mídia.

Luciano J. G. Souza

Vergonhosa a forma como nossa imprensa se vende aos interesses do "desgoverno" FHC. Incapaz de cumprir minimamente o seu papel perante a população, lança mão dos artifícios mais baixos na tentativa de justificar sua incapacidade. Pretende desqualificar todos os movimentos sociais, desmoralizar o Poder Judiciário (quando as decisões não lhe são favoráveis), marginalizar o funcionalismo público, enquanto oprime cada vez mais a população, já miserável, com mais impostos e cada vez menos contraprestação. Fora a incompetência e a imprensa vendida!

Meire Privatti, Guarulhos, SP

Excelentes as colocações, independentemente das organizações envolvidas (Folha, MST, Incra). Os envolvidos tornam a denúncia muito mais necessária, um alerta para o extremo cuidado que os órgãos formadores de opinião devem ter ao publicar/veicular notícias.

Manoel Satiro de Sousa Filho

Concordo plenamente em que a Folha está longe de ser um jornal isento. Pelo contrário, é totalmente conivente com essas elites e com o poder, que está nas mãos delas. Na campanha para a Prefeitura de São Paulo as intenções da Folha ficaram claras. Só faltou dizer que o que falavam do Maluf era mentira. Parabéns pela postura ética que vocês vêm tendo!

Rosana

Sempre dois pesos e duas medidas… O jornalista da Folha disse que a facilidade oferecida pelo Incra não necessariamente teria influenciado a direção da matéria. Devo então pensar que depósitos feitos por esta ou aquela empresa na conta de um parlamentar não necessariamente terão influência em seu voto?

Márcia Mendes Ribeiro, Curitiba

Fica claro e evidente: a Folha é como os demais meios de comunicação da grande imprensa. A diferença é a sinceridade…

Alexandre Trevizzano Marim

Corretíssima o opinião do Observatório. Espero que a Folha não volte a nos trair (os leitores).

José Franson

Mais uma vez presenciamos o jornalismo marrom, com suas matérias pagas e tendenciosas, em parceria com entidades e pessoas que pretendem desviar a atenção dos assuntos (leia-se escândalos) que realmente têm que ser debatidos e combatidos no país.

Luiz Henrique Salvador

Acredito que realmente este assunto deva ser investigado, porém não posso concordar com o conteúdo do texto do Sr. Luiz Antonio Magalhães, que também já tomou partido sobre o caso, sem aguardar as devidas investigações e conclusões dos órgãos competentes. Em outras palavras, o Sr. Luiz Antonio Magalhães comete o mesmo erro de tantos outros jornalistas, valorizando demais determinadas matérias e tirando suas próprias conclusões antes de o caso ser devidamente analisado e confirmado.

Ainda assim, a postura da Folha de S. Paulo, caso este fato se confirme, enfatizará ainda mais minha opinião sobre parte dos chamados "grandes" órgãos de imprensa nacionais, que em matéria de mal uso do poder ficam sem dever nada aos mais sórdidos políticos brasileiros.

Marcello Zaparolli

Não concordo com a posição de Luiz Antonio Magalhães de que um órgão público não possa patrocinar a investigação de um eventual delito pela imprensa. Alguém criticaria a Folha se algum órgão público a ajudasse na investigação do desvio de recursos públicos no TRT de São Paulo? Isto é típico do pensamento de esquerda: tudo é lícito desde que feito em nome do povo. Desviar dinheiro público para reforçar um movimento marxista, pode! Aceitar uma carona de órgão publico para desmascarar as reais intenções do MST, não pode!

Nelson Cunha

O iG, talvez a serviço do Estadão, ou talvez invejoso da liderança do UOL na internet, está se aproveitando desta questão MST x Folha. Sou leitor diário da Folha há pelo menos 20 anos, e este caso foi muito bem-explicado aos leitores. O MST tenta fazer barulho para ocultar suas práticas criminosas. É intolerável ver um bando de invasores de propriedade, que deveriam estar na cadeia, ter tamanha publicidade e proteção da imprensa.

Nilson Custódio

Comentar as condições em que foram feitas as reportagens da Folha, e se fixar na crítica ao jornal, independentemente do conteúdo das matéria publicadas, só faz aumentar a suspeita de que o Sr. Luiz Antonio Magalhães esteja tomando partido do MST nos seus artigos.

Antonio Luiz R. B. Gama

Luiz Antonio Magalhães responde: O leitor Nelson Cunha pergunta se eu criticaria a Folha caso algum órgão público a ajudasse na investigação do desvio de recursos públicos no TRT de São Paulo com uma apuração dos escândalo do TRT. Já os leitores Antonio Luiz Gama, Nilson C. J. e Marcello Zaparolli acharam que o artigo revela que este observador "tomou partido do MST". Para comprovar a tese, os leitores usam três argumentos distintos: 1. O artigo deixa de comentar o "conteúdo" das reportagens da Folha sobre a existência de pedágio nos assentamentos do MST, logo é favorável aos sem-terra; 2. As denúncias da Folha precisam ser apuradas e não podem ser contestadas neste ínterim; e, por fim, 3. Este observador está a serviço do concorrente da Folha.

Em primeiro lugar, esclareço que a crítica não foi direcionada ao fato de um órgão público ter colaborado na apuração da matéria de um jornal, embora isto também seja uma irregularidade. O problema maior, reiterado no artigo, foi que o jornal não revelou aos seus leitores as condições em que a reportagem foi feita, contrariando o seu próprio Manual de Redação. O problema é ético, não técnico.

Quanto às observações dos leitores, vejamos:

1.Se levarmos às últimas conseqüências o primeiro argumento, ninguém mais pode escrever sobre coisa alguma. O texto em questão versava sobre o comportamento da Folha de S. Paulo e do jornalista Josias de Sousa, que não divulgaram as condições em que determinada reportagem foi feita. A crítica a esse comportamento não implica "defesa" do MST. O fato é que este observador não tem o que dizer sobre a denúncia do jornal pelo simples motivo de que não é o objetivo do Observatório da Imprensa publicar crônica política, mas apenas e tão-somente crítica da mídia.

2. A denúncia da Folha já está sendo apurada pelos órgãos competentes. Não é preciso, porém, esperar o desenlace dos fatos para criticar a cobertura da mídia. Não importa sequer o resultado final da apuração: imagine o leitor que a denúncia da Folha tenha procedência e que o MST de fato cobre pedágio dos assentados. Isto de alguma forma justifica que o jornal omita de seus leitores que fez uma reportagem sobre o caso utilizando recursos de um órgão em litígio com o MST?

3. Informo apenas que o comentário não tem fundamento. (L.A.M.)

MÍDIA NO INTERIOR

Nós, a imprensa esportiva de Indaiatuba (região de Campinas), ficamos indignados com o súbito autoritarismo por parte da Federação Paulista de Futebol, que passou a impedir o trabalho, dentro de campo, de repórteres e repórteres-fotográficos em jogos da Série B2 do Campeonato Paulista de Futebol Profissional. Jorge Ribeiro Neto

O DIA

Tendo em vista a importância deste veículo na discussão sobre o jornalismo, tomo a liberdade de enviar uma mensagem remetida à redação do jornal O Dia. Trata-se de uma crítica a matéria divulgada por este jornal, na qual se liga um jogo, o RPG, a assassinatos ocorridos em Teresópolis. A matéria é um exemplo de antijornalismo, pelos motivos que aponto na mensagem anexada. Ainda que se esteja tratando de um jogo, não creio que possam ser esquecidos os princípios que fazem um bom jornalismo. Lays Moreira

JADER vs. ACM

Fico surpreso de como a revista Veja pôde dar atenção apenas ao senador do Pará, esquecendo de um dos coronéis, o ACM. Isso é uma injustiça.

Euler Taveira

MÍDIA E ELEIÇÕES

Excetuando-se os programas do Canal 2 e o Em questão, da Maria Lydia, a mídia nestas eleições se comportou como no final de No limite. E levaria o prêmio quem comesse a maior quantidade de olho de cabra. Era revoltante a "neutralidade" da mídia, tanto escrita como televisiva. O Maluf baixando o nível até limites nunca dantes conhecidos, e nos jornais do dia seguinte a manchete: ambos os candidatos baixaram o nível, fizeram isso, fizeram aquilo. A banalização dos comentários e o sensacionalismo com que trataram dos fatos me fez perder o respeito pela mídia, com honrosas exceções, é claro.

Ao mesmo tempo achei muito oportuna a publicação do editorial do Último Segundo, "Abaixo o malufismo". Fiquei imaginando que puderam tomar uma posição em favor de determinado candidato porque o iG é de graça. Portanto, realmente não tem rabo preso com o leitor.

Sempre respeitei o jornalismo, acho uma profissão fascinante, mas comecei a reparar melhor, e cheguei à conclusão de que nos jornais arde uma enorme fogueira das vaidades. Parece que eles se esquecem de que também vivem nas cidades: a eleição de um candidato também recai sobre eles.

Sylvia Manzano

LETRA "E"

Gostaria de saber, se possível, o real motivo de os paulistas pronunciarem de maneira errada o som da letra "e". O verbete a seguir foi extraído do Michaelis. Assim como todos os dicionários da língua portuguesa, a pronúncia da letra tem o acento agudo. Assistindo a programas na televisão, a exemplo de Pequenas empresas, grandes negócios, os apresentadores, jornalistas de renome, insistem em pronunciar erroneamente. Não dá para entender, ô meu…

"(é), s. m. Quinta letra e segunda vogal do alfabeto português. Pl.: es ou ee. Num. Indica o quinto número em uma série. Conj. 1. Conjunção aditiva, que se usa para unir duas palavras, frases ou orações. 2. Conjunção adversativa, quando eqüivale a mas, contudo: Difamou o outro e bancou o ofendido. Fez mal e queixa-se. 3. No início da oração, serve de partícula interrogativa para refutar e replicar: E nós ficamos a ver navios?."

Sylvio Pélico Leitão Filho, Rio de Janeiro

PUC-SP

Após ler o artigo "Duas vias, mão e contramão", de Beatriz Singer [veja remissão abaixo], quero lembrar da ocorrência de evento similar na Universidade Federal de Santa Catarina. O Centro Acadêmico de Jornalismo Adelmo Genro Filho promoveu, de 25 a 29 de setembro, a 1? Semana do Jornalismo da UFSC. O evento teve a participação de 27 jornalistas profissionais, entre eles Leão Serva (editor de Último Segundo), João Bittar (editor de fotografia da Folha de S.Paulo) e Francisco Amaral (editor-executivo do Correio Braziliense).

Aproximadamente 170 pessoas se inscreveram na Semana, entre alunos e jornalistas. Foi uma semana intensa, pois a programação ocupava todos os turnos do dia com palestras, oficinas, painéis e exposições. A organização de todo o evento foi feita basicamente por cinco alunos do Curso de Jornalismo da UFSC. Mesmo assim, o evento foi um sucesso. Depois de finalizada, a 1? Semana do Jornalismo da UFSC recebeu Voto de Louvor do Colegiado do Departamento de Comunicação, além dos muitos elogios de alunos e professores. Vale lembrar: tanto a iniciativa quanto a produção da 1? Semana do Jornalismo foi feita somente por alunos.

Se quiserem mais informações, podem acessar o site do Curso de Jornalismo <www.jornalismo.ufsc.br> ? há um link para o arquivo com matérias de todos os acontecimentos da Semana na página principal.

Ginny Carla Morais de Carvalho, presidente do C.A. de Jornalismo Adelmo Genro Filho

OBRIGADO, OBRIGADO

Cláudia Rodrigues continua a mesma: profunda, clara, afiada. É um dos textos mais profundos do jornalismo atual, seja ele feminino ou econômico. Melhor que isso. Essa mulher é mãe, dá conta de sua vida e com todos os defeitos que com certeza tem escreve sobre isso sem medo, entregue, inteira. Precisamos de mais críticos assim para não afundarmos na letargia e morrermos burros, à mercê das armadilhas do nosso sistema econômico. Parabéns ao Observatório! Parabéns à Cláudia! E vamos acreditar que é possível mudar o mundo.

Lucia Freitas, São Paulo

TORTURA NA TV

O criminoso em questão é o torturador, não o apresentador, e a vítima é uma criança de 3 anos de idade. Só quem tem filhos e os ama sabe o que faria se algum bandido lhes encostasse a mão. A violência está aumentando, e é preciso que isso seja mostrado. A imprensa não deve se omitir. Os crimes de colarinho branco não podem ser os únicos a serem mostrados.

Roberto Alves

ÚLTIMO SEGUNDO

Como eleitor do PT, embora não seja de São Paulo, fiquei surpreso com o editorial do US, afinal não é comum opiniões da grande imprensa favoráveis a candidatos da esquerda, notadamente do PT. Estamos tão acostumados com o papel anti-PT da Globo, do Estadão e outros que esta atitude do iG nos pega de calça curta.

No entanto, devemos admitir que, se por um lado ficamos animados com a possibilidade de obtermos apoio em alguns veículos, mesmo que não massificados como a TV e o rádio, por outro lado não podemos cair na armadilha de concordar com atitudes como esta. Estaríamos assim justificando que órgãos da grande imprensa se voltem contra a esquerda, e se utilizem de expedientes nem sempre éticos para expressar seus pontos de vista.

A coragem do US em expor seu ponto de vista abre um debate necessário na imprensa tupiniquim, afinal nossa tradição reza pela "imparcialidade", mesmo que ela não exista de fato. Precisamos criar meios e forças que façam com que o Jornal Nacional, por exemplo, ao anunciar que o governo investiga o MST divulgue também que CNBB e OAB se retiraram do diálogo, por não concordar com a política autoritária e policialesca como FHC conduz as questões sociais no país.

Cabe aos democratas incentivarem a participação popular e buscar meios que mudem a cultura política do Brasil.

Marcos Sampaio

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