THE WASHINGTON POST
Se Osama bin Laden está vivo ou morto, ainda não se sabe. O governo Bush, que o pintou como a personificação do terror, não tem dito muita coisa sobre ele, mas sim sobre o Iraque ? "que, até onde sabemos, tem pouco ou nada a ver com os atentados de 11 de setembro?.
Desta forma, Michael Getler (17/2) comenta a tentativa do governo americano de influenciar o noticiário. Segundo o ombudsman do Washington Post, a Casa Branca tem sido bem-sucedida ao desviar a atenção da TV e dos jornais ? portanto do público ? para Bagdá, deixando de lado as ações no Afeganistão.
Mas os repórteres americanos em solo afegão estão, "felizmente", fora de sintonia com a mudança de ênfase promovida por Washington. Eles ainda estão tentando reportar como foi esta guerra que não lhes foi permitido observar. Isto resultou em diversas matérias que ganharam a primeira página.
Relatos detalhados de baixas civis motivaram reclamações de leitores ? poucas, até então ? de que o jornal estava atacando militares e sendo antipatriótico, além de não compreender que "isto é uma guerra, afinal", e civis às vezes morrem. "Discordo destas opiniões", escreve Getler; o Post está fazendo o que deve fazer: tentando fornecer registros independentes e minuciosos da atuação americana na guerra.
O ombudsman, no entanto, concorda que o jornal pode fazer melhor. Todas as histórias são baseadas em relatos de afegãos e, em alguns casos, vale declarar o óbvio: estes depoimentos não podem ser independentemente confirmados agora. Ajudaria esclarecer se as entrevistas foram conduzidas por tradutores, se foi usada uma linguagem neutra para descrever alegações e informar se foram notados sinais de abuso físico.