Wednesday, 24 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Ricardo Valladares

DATENA NA BAND

"O homem do gogó de ouro", copyright Veja, 26/3/03

"No comando de programa ao vivo não tem para mais ninguém. Há duas semanas à frente do Brasil Urgente, que vai ao ar na Rede Bandeirantes às 18 horas, José Luiz Datena, 45 anos, quase triplicou a audiência do horário. De 3 pontos, ela saltou para 8, em média. Essa é a qualidade que hoje torna Datena o mais disputado entre os apresentadores do gênero: para onde vai, ele leva junto telespectadores. Segundo um diretor da cúpula do SBT, aliás, é o único que tem carisma suficiente para fazê-lo. De um ano para cá, Datena teve uma passagem-relâmpago pela Rede TV!, onde quintuplicou a audiência de seu horário, e rompeu três vezes com a Record, onde comandava o Cidade Alerta. Na mais recente mudança, resolveu levar o corpo roliço (115 quilos em 1,83 metro) e o vozeirão para a Rede Bandeirantes.

O apresentador diz que saiu da Record porque foi prejudicado pelo presidente da emissora, o advogado Dennis Munhoz. ?Ele queria acabar comigo. Colocaram o jogador Vampeta e Agnaldo Timóteo para falar mal de mim em programas da casa.? Por causa de suas quebras de contrato, Datena deve 5 milhões de reais à Rede TV! e 10 milhões à Record. As duas brigam na Justiça, e a Rede TV! já ganhou em primeira instância. Mesmo que seja condenado a pagar as dívidas, o apresentador não vai ficar exatamente na miséria. Dono de um salário do tipo vale-quanto-pesa, ele recebe 200 000 reais mensais. É o mesmo que faturava na Record, mas comenta-se nos bastidores que ele poderá pular para os 500 000 reais se ganhar um programa aos domingos, para brigar com Gugu e Faustão.

Briga não é algo de que Datena fuja. Na sua longa carreira como repórter esportivo, ele teve certa vez de ser apartado do jogador argentino Maradona, com quem se desentendeu durante uma entrevista. Na cobertura da Copa do Mundo da Itália, em 1990, foi preso em Roma por aparecer no Coliseu vestido de imperador Nero, com um isqueiro aceso na mão. Ele tentou explicar que era para uma matéria, mas a polícia não quis saber. Foi solto graças à intervenção da embaixada brasileira. Quando está no ar, Datena não tira o olho do medidor de ibope e bate boca com a produção o tempo todo. Na Bandeirantes, em especial, tem ganhado o telespectador no gogó. Com poucas imagens para preencher seu programa, ele tira todo o partido de seu estilo direto, impulsivo sem ser abrutalhado. Datena também usa bordões, como ?bandido preso tem de ter menos regalia?. Mas, ao contrário dos outros senhores com que concorre, ele é contra a pena de morte e faz questão de se mostrar politizado. Às vezes, exagera na dose. Na segunda-feira passada, por exemplo, vetou imagens do boxeador Popó. ?Ele é correligionário do Antonio Carlos Magalhães.? Entre seus amigos, está o presidente do PT, José Genoíno.

Datena foi contratado pela Record em 1996, para trabalhar na cobertura esportiva. Três anos mais tarde, quando Ratinho deixou a emissora, ganhou o Cidade Alerta. Logo seu salário minguado pulou para 50.000 reais e ele trocou o apartamento de 70 metros quadrados por uma casa luxuosa num condomínio. Agora, está para se mudar para um enorme apartamento no bairro de Higienópolis, em São Paulo ? um de seus sete imóveis, entre sítio e casas de praia. Seus vícios são colecionar relógios e tomar refrigerante, à taxa de 2 litros diários. É a maneira de compensar a infância e a adolescência pobres na cidade paulista de Ribeirão Preto, em que carne e Coca-Cola só apareciam na mesa aos domingos. Filho de um porteiro e de uma dona-de-casa que costurava bolas de futebol, Datena só não come jiló. Daí sua outra briga constante, com a balança. Além da obesidade e da hérnia de hiato, Datena vem sofrendo com uma inflamação nas cordas vocais. Vai procurar um fonoaudiólogo para cuidar do patrimônio. Foi graças ao vozeirão que ele começou a trabalhar, aos 14 anos, como locutor esportivo. Seu segundo emprego foi o de modelo de butique do interior ? que largou para servir o Exército. ?Eu era um sucesso com as mulheres?, diz, nostálgico. Com uma delas em especial, ele arrasa: Datena casou-se com Matildes Foresto duas vezes, em 1977 e de novo em 1986, depois de permanecer separado dela por um ano. Tem três filhos com Matildes e dois de um relacionamento que ocorreu de forma, digamos, simultânea à primeira fase de seu casamento.

Para escapar das notícias indigestas com que convive, Datena devora livros de filosofia e de história. Recentemente, citou o filósofo Friedrich Nietzsche enquanto comentava as estripulias do grupo criminoso Primeiro Comando da Capital. Além disso, o apresentador adora arriscar uma rima. No mês que vem, deve lançar o livro O Meu Sonho É Poesia, com quarenta poemas inspirados em histórias que narrou no Cidade Alerta. Suas estrofes emanam do que se pode definir como escola realista dateniana. Fora do estúdio, além das ameaças de morte e dos processos, Datena enfrentou um delicado problema familiar: logo que começou a apresentar o Cidade Alerta, em 1999, um de seus filhos viciou-se em cocaína. Diversas vezes, até que o rapaz se recuperasse, ele teve de buscá-lo em lugares perigosos de São Paulo. Um traficante, que o reconheceu da televisão, chegou a ameaçá-lo de morte, por ?ser um dedo-duro?. Ossos do ofício de ser apresentador de um programa em que em boa parte das vezes os marginais são protagonistas. A família voltou a entrar em harmonia e foi aumentada com a chegada de dois netos. Datena é um avô precoce e muito amoroso. ?Meus netos me transportam para longe deste mundo cão?, diz."

 

GAZETA
EM CRISE

"Mais um round favorável a Tanure", copyright Comunique-se, 21/3/03

"Nelson Tanure conseguiu o tão sonhado arresto de call center da Gazeta Mercantil. Pelo menos por enquanto, já que cabe recurso. Na última terça-feira (18/03), Luiz Fernando Levy, presidente da GZM, recebeu a notificação judicial de que o arresto do call center serve como garantia para a cobrança que vem sendo feita por Tanure de R$ 2,2 milhões, investidos na Gazeta em 2001. O problema é que este mesmo call center foi negociado com a Prisma Factoring, uma empresa prestadora de serviços. ?Quando a Prisma arrendou o telemarketing eu fiz uma notificação extra-judicial aconselhando-a a se abster de qualquer operação com a Gazeta. Mas eles pouco ligaram. Isso é fraude. A Justiça deverá anular a transferência?, disse Alexandre Monteiro, diretor jurídico do JB, a Comunique-se.

Em matéria publicada no Valor Econômico desta sexta-feira (21/03), os repórteres Raquel Balarin e Arnaldo Comin conversaram com o diretor jurídico da Gazeta, Aílton Trevisan. Ele confirmou que a empresa foi notificada. ?Do ponto de vista legal, o arresto está feito, mas o efeito é inócuo. O call center é uma mera prestação de serviços, não é um ativo?, explicou. Ele afirma que a terceirização não é característica de fraude. ?Haveria fraude se a empresa estivesse insolvente, o que não é o caso. Temos ativos que podem ser apresentados como garantia?, continuou, destacando uma fazenda em Correntina, na Bahia.

A GZM tem, a partir desta sexta, cinco dias para recorrer da decisão.

A briga que envolve o arresto do call center começou no ano passado. A matéria do Valor lembra que também foi determinada a penhora da Gazeta Mercantil, que deverá ser julgada na próxima semana, de acordo com Monteiro.

Outra garantia que Tanure tem nas mãos é a compra dos créditos dados pelo Bank of America à Gazeta, no valor de US$ 30 milhões. Até agora, a dívida não foi paga."

 

VOCÊ S/A

"Justiça libera Você S/A de censura prévia", copyright Comunique-se, 21/3/03

"A revista Você S/A, da Editora Abril, foi liberada pela Justiça para publicar uma matéria que foi submetida à censura prévia no mês passado, que falava sobre recolocação profissional. A matéria seria capa da edição do dia 05/02. Com a liberação, a matéria completa deverá ser publicada na próxima edição da revista, que vai para as bancas dia 10/04.

Agora, a revista pode veicular a matéria sem dar direito de resposta previamente para a empresa que havia impetrado a ação, a Dow Right Consultoria em Recursos Humanos. A liminar foi cassada nesta quinta-feira (20/03) pelo desembargadores Rebello Pinho, Carlos Stroppa e Natan Zelinschi de Arruda. Segundo o site Consultor Jurídico, Pinho afirmou que a liminar de primeira instância concedida pela Justiça condicionando a publicação da notícia ao direito de resposta configura cerceamento de liberdade de imprensa. Ainda cabe recurso.

O texto foi objeto de medida cautelar do juiz Antônio Dimas Cruz Carneiro, da 2? Vara Cível de Pinheiros. Ele não proibiu a reportagem, mas condicionou sua publicação à leitura e resposta prévias da empresa Dow Right Consultoria em Recursos Humanos, acusada de supostas irregularidades.

Na época da ação, Maria Tereza Gomes, diretora de redação da Você S/A, junto com a direção da Editora Abril e da Unidade de Negócios, decidiu respeitar a ordem judicial e não publicar a matéria. A capa da revista saiu chamando para uma reportagem sobre depressão pós-férias, mas, Sidnei Basile, diretor-superintendente, informava o ocorrido aos leitores no editorial.

Em entrevista a Comunique-se, Maria Tereza disse que sempre confiou numa decisão justa e serena por parte da Justiça neste caso. ?O sentimento agora é de alívio por termos recuperado a nossa liberdade de imprensa. Foi muito difícil estar nesta posição de censura?, comenta a jornalista. Além disso, Maria Tereza disse ainda que um dos desembargadores vai pedir que essa decisão vire jurisprudência. ?Isso vai nos dar a garantia que casos como o que passamos não aconteçam novamente, pelo menos aqui em São Paulo?, encerra."

"TJ cassa liminar que impunha condições à publicação de reportagem da ?Você S/A?", copyright Último Segundo (www.ultimosegundo.com.br), 21/3/03

"O Tribunal de Justiça de São Paulo cassou ontem as condições impostas judicialmente à publicação de uma reportagem sobre empresas de recolocação de executivos pela revista ?Você S/A?. As informações são do jornal ?Folha de S. Paulo?.

O texto foi objeto de medida cautelar do juiz da 2? Vara Cível de Pinheiros, Antônio Dimas Cruz Carneiro, que condicionou a publicação da matéria à leitura e resposta prévia da empresa Dow Right Consultoria em Recursos Humanos, acusada de supostas irregularidades.

Os desembargadores da 4? Câmara de Direito Privado consideraram que a liminar de primeira instância representou ?um cerceamento à liberdade de imprensa?. A liminar foi considerada censura prévia pela direção da ?Você S/A?. A revista informou que a reportagem será publicada na edição que vai às bancas no próximo dia 10.

Advogados da Dow Right não foram localizados para comentar a decisão."