Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Ricardo Valladares

SEU CREYSSON

“?Esse eu agarântio!?”, copyright Veja, 1109/02

“Com seus dentes podres, barrigão imenso, cabelo ralo e um linguajar que só de longe faz lembrar o português, Seu Creysson deu certo. Ou melhor, está fazendo sucesso. ?Não vamos usar expressões de duplo sentido?, diz em tom de galhofa Claudio Manoel, o humorista que, desde o final do ano passado, interpreta o personagem no Casseta & Planeta Urgente, da Rede Globo. O tipo surgiu de um bate-papo entre Claudio e seu colega Reinaldo durante a volta de uma gravação. A intenção era criar um empresário que fizesse concorrência às Organizações Tabajara, empresa fictícia de televendas que a cada edição do programa anuncia produtos como o ?House Transformator Tabajara? e o ?Gay Dissimulator Tabajara? (o primeiro enfeia casas chiques para espantar ladrões, enquanto o segundo ajuda a endireitar munhecas). À frente do Grupo Capivara, Seu Creysson é garoto-propaganda de coisas ainda mais absurdas, com nomes grafados de maneira esdrúxula, que ele apresenta com o bordão ?Eu agarântio!?. Nesta semana, por exemplo, a oferta será de um ?Quíti di Prástica Popular?, que consiste num aspirador de pó e num rolo de filme plástico para embalar alimentos. ?É pra perder as gordubanha localizádia?, informa o empreendedor – que, aliás, agora também quer deslanchar na política. Há cerca de um mês, ele lançou sua candidatura à Presidência pelo PÇSC (Partido Çocial do Seu Creysson). ?Se fôssemos satirizar os candidatos reais, teríamos de dar espaço igual para todos, segundo as regras da legislação eleitoral?, afirma Claudio Manoel. ?Então, preferimos criar nossos próprios malucos.?

Formada por um time de sete humoristas (além da exuberante apresentadora Maria Paula), a trupe do Casseta & Planeta costuma dividir-se em três equipes para fazer o roteiro de cada programa. Por enquanto, Claudio e Reinaldo vêm concentrando o trabalho nos quadros de Seu Creysson – que já vêm escritos com todas as vogais e consoantes no lugar errado. A linguagem estropiada é um dos trunfos do personagem, que é ?autor? de uma Gamátriquia Propulá e já chegou a polemizar com o professor de português Pasquale Cipro Neto num esquete impagável. ?Gosto do Seu Creysson e não tenho medo dele. Afinal de contas, ninguém vai começar a falar daquele jeito?, declara Pasquale, que ganha a vida corrigindo deslizes lingüísticos na imprensa e na televisão.

Com dez anos recém-completados de exibição, Casseta & Planeta está numa boa fase. Rende em média 35 pontos de audiência para a Globo e serve de plataforma para que seus integrantes lancem uma série de produtos, como CDs, livros e camisetas. Só os livros de piadas já tiveram mais de 300.000 exemplares vendidos e são presença constante na lista de mais vendidos de VEJA. Em janeiro, o grupo começa a gravar seu primeiro longa-metragem, que tem o título provisório de A Taça do Mundo É Nossa. É a história de um grupo de guerrilheiros de esquerda que pretende roubar a taça Jules Rimet durante a ditadura militar. ?Ninguém ainda tinha feito um filme satirizando essa época. Já estava na hora?, diz Claudio Manoel.

Uma ?intrevístia? com Seu Creysson

Veja – Por que o senhor é um candidato melhor do que os outros?

Seu Creysson – Ória bólias, éssia é muitcho simpres: eu sô o mais milhó pruquê eu sô o úniquio candidátio qui já vem com équio.

Veja – Se tivesse de dar emprego para os candidatos Ciro, Serra, Garotinho e Lula nas suas empresas, qual seria?

Seu Creysson – I eu lá vô dá algúmia côisia pra hômio? Eu sô espádia!

Veja – Quais as metas de seu plano de governo?

Seu Creysson – A métia principálica vai sê a inducassão, pruquê resolvêndio o pobrêmia inducassional se arresolve-se também o da çaúde. No meu govêrnio, tôdio múndio vai sê bem educádio, tôdia veiz qui arguém ispirrá, tôdio múndio qui tivé pértio vai ter qui dizê: ?Çaúde!?. Eu se arresolvo-so dois pobrêmia numa caixa dágua só!!!

Veja – O senhor tem um plano para acabar com o analfabetismo?

Seu Creysson – Crálio! Vô obrigá tôdio múndio a ficá alfabetizádio comprândio a minha famósia Gamátriquia Propulá di Portuguêis do Seu Creysson! Com élia tôdio múndio vai falar acorretamíntio!! Éssia eu agarântio!!!

Veja – O Reynaldo Gianecchini daria um bom ministro da Cultura?

Seu Creysson – Pra mim íssio é fofóquia… vocêisi tem é invéjia du Gianequinho… ficam dizêndio qui ele dararia íssio, dararia aquílio… O Gianequinho é um hômio casádio, qui veve muitcho bem com a Malíria Gabriélia!!

Veja – O senhor cumpriria o acordo com o FMI?

Seu Creysson – Eu acórdio tôdio dia, num precísia ninguém mi chamá… Além do maizo, eu num pretêndio assustá o mircádio… comprei inté uma mascra do Brédi Pítio pra ficá líndio e num deixá o mircádio assustádio…

VEJA – A Maria Paula seria melhor como vice ou como primeira dama?

Seu Creysson – Eu e a Maria Paulia semos apênias amíguios peçoálicos! Maizo si élia quizé sê minha primeiria dâmia sereria uma hônria tão grândia qui eu ia tê um pobrêmia estrombacal de tântia emossão!!!

VEJA – Que tipo de droga o senhor já consumiu?

Seu Creysson – Nos ânus sessêntia eu fui meio hippio cabelúdio e asprimintei, mais num traguei… lóguio adispois eu alarguei as dróguias… mais tem tântio têmpio que eu alarguei élias qui eu num si alembro onde foi qui eu deixei…

VEJA – A aparência é muito importante para um candidato. Como o senhor cuida da sua?

Seu Creysson – Eu num sô um hômio vaidôzico… mêsmio pruquê eu num precísio! Modéstica a pártia, eu sô bonitchio por naturêzia! As peçoa pensa que eu fiz prástica, qui eu úsio maquiágia, mais eu sô hômio do típio máchio, quem úsia essas côizia são os hômio sexual!!

VEJA – Como o senhor se sente por ter sido escolhido, em uma votação popular, o técnico da Seleção Brasileira de Futebol ao lado de Wanderley Luxemburgo?

Seu Creysson – Eu mi síntio muitchio felízio! Mi síntio honrádio em sê lembrádio pra sê techno da çelessão pêntia-campeônica, mais prefírio sê prezidêntio da repúbriquia, eçe negóssio de selessão é muito istressântio, dá muita estáfia, abália o sistêmia nelvoso, dá inté atáquio do minhocárdico.

Veja – Dizem que o senhor é contra o jiu-jítsu. Por quê?

Seu Creysson – Vocêisi pode inté mi achá carêtia e conservadôrico, mais pra eu o jiu-jítsico só dévio sê praticádio pra finhos di reprodussão!”

“Popularidade em alta”, copyright O Estado de S. Paulo, 8/09/02

“Seus ?probremias se acabaram-se!? A frase ficou famosa e o dono dela também. O personagem Seu Creysson, vivido pelo casseta Cláudio Manoel, virou mania nacional. Feio, desalinhado e falando uma língua que, de tão errada, poucos entendem, o novo tipo do Casseta & Planeta caiu no gosto dos telespectadores e surpreendeu até seus criadores. De presidente da República a técnico da seleção brasileira, não faltam ofertas de cargos de destaque – de brincadeira, é claro – ao personagem. Seu Creysson é um dos campeões de acesso no portal dos cassetas e ganhou diversas brincadeiras na internet.

Entre elas, a foto da fachada de uma oficina mecânica em Goiás, que anuncia seus serviços num texto com erros grotescos de português, batizada de Oficina de Seu Creysson. Há ainda um corretor de textos que ?traduz? tudo para a equivocada língua do personagem, e a propaganda de um software do Bill Creysson, que traz a foto de Bill Gates sem um dente, uma das marcas do sorriso do Creysson original.

Em entrevista ao Estado, Cláudio Manoel, o Seu Creysson, fala sobre o sucesso do personagem, a dificuldade para criar os textos dele e planos para o futuro, entre eles, o inusitado livro Seu Creysson, Minha Vidia, Minha Obria. O casseta ainda conta como enfrenta as críticas de educadores e qual o segredo para saber quando a graça de um personagem de sucesso acabou.

Estado – Como e quando surgiu o personagem Seu Creysson?

Cláudio Manoel – Seu Creysson apareceu pela primeira vez na TV em dezembro, mas só estourou este ano, há poucos meses. Resolvemos criar uma empresa rival para as Organizações Tabajara, a Capivara. Seria uma empresa com produtos mais tabajara que a própria Tabajara. O problema é que, na hora de criar os produtos, as empresas ficavam cada vez mais parecidas e queríamos fugir disso. Foi aí que surgiu a idéia de ter um garoto-propaganda para a Capivara. Sugeri a criação de um empresário bem meia-boca, tão tabajara quanto os produtos. Então, numa reunião de pauta, começamos a criar Seu Creysson. Muito do sucesso do personagem tem a ver com o trabalho de caracterização dele, o dente pintado, óculos colados com esparadrapo, essas coisas que acabam chamando a atenção.

Estado – Já estava previsto desde a criação que ele falaria desse jeito?

Cláudio – Fazia parte das características do personagem falar errado, mas não desse jeito tão estranho. Um casseta deu uma sugestão, outro deu outra, e logo criamos o jeito de Seu Creysson falar. Tão absurdos eram os erros de português que o personagem acabou tendo um idioma próprio.

Estado – Os educadores estão pegando no seu pé com essa história do personagem falar errado, ser um mau exemplo?

Claúdio – Ah, sempre tem esse tipo de coisa. Mas creio que o personagem não influencia o jeito de uma pessoa falar. Seu Creysson tem um dialeto próprio. Ele fala tão errado que é difícil até de copiar. Estou cheio de pedidos para escrever textos como Seu Creysson, dar entrevista como Seu Creysson, mas não consigo fazer. Para falar como o personagem é preciso bolar o texto e decorá-lo. É difícil, não é só falar errado: ?a gente fumo?, ?nóis ia?, ele não fala assim. Não é como um cavalo, que alguém fala: ?vai lá, traz Seu Creysson?. Também não é como um espírito que baixa em mim. Quanto a influenciar crianças, acho que a maioria delas sabe a diferença entre falar certo e falar como Seu Creysson. O problema de educação no Brasil vai muito além de um personagem. Sei que há até professores brincando com as falas do Seu Creysson para poder ensinar o jeito certo de falar.

Estado – E você sabe por que o personagem deu tão certo?

Cláudio – O sucesso de alguns de nossos personagens surgiu assim, sem planejamento. Isso é o mais legal. Mas não esperava essa repercussão nacional. Acho que o sucesso vem da alucinação dele, o estranhamento que ele causa nas pessoas.

Estado – Por que alguns cassetas, como você, ficam mais marcados por personagens do que os outros?

Cláudio – Acho que tem a ver com o momento, com sorte. Foi assim com Massaranduba, que é meu também. Mas nossas paródias também dão certo, como a do Fernando Henrique (Hubert), por exemplo. Isso não causa problemas no grupo, pelo contrário.

Estado – E as pessoas o chamam de Seu Creysson na rua?

Cláudio – Ah, de Seu Creysson não, chamam de Seu Crersson, Seu Cleyton, Seu Clerton, até o nome dele é difícil de acertar (risos). Mas não existe uma identificação imediata. É engraçado. As pessoas, principalmente as crianças, costumam me olhar primeiro, percebem que eu sou um dos cassetas e, depois, que sou o Seu Creysson. Aí, vêm falar comigo. Ele é bem mais popular que eu (risos).

Estado – Como surgiu a idéia de lançar a candidatura dele à Presidência da República?

Cláudio – Surgiu da nossa dificuldade de falar de eleições sem falar dos candidatos, por causa das normas do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Fica difícil medir se um candidato está sendo mais sacaneado que outro nas piadas, então, criamos nossos candidatos. A popularidade de Seu Creysson acabou batendo com essa necessidade.

Estado – Vai indo bem a candidatura dele?

Cláudio – Como assessor, posso dizer que o candidato está ?lisonjiadio? com tanto apoio (risos). Estamos gravando a propaganda eleitoral dele no Projac, com vários famosos apoiando, como o Renato Aragão. Os artistas já começam a rir quando me vêem no corredor.

Estado – Vocês estão lançando muitos produtos ?by Seu Creysson? no mercado?

Cláudio – Tem a camiseta Seu Creysson Para Presidêntio e vamos lançar no mês que vem o livro: Seu Creysson, Minha Vidia, Minha Obria. Fala sobre a trajetória do empresário dono das Organizações Capivara. Ele é um cara como aquele que comprou a Transbrasil (risos). É muito interessante.

Estado – Como surgiu a idéia?

Cláudio – Em época de eleição, sai um monte de livros sobre a trajetória dos candidatos. Tem livro do Serra, do Lula. Pensamos: por que não lançar um livro do Seu Creysson? É uma estratégia puramente eleitoral (risos), só visamos benefício para a candidatura (risos). O problema é que vai ser escrito todinho na língua do Seu Creysson. Já imaginou o trabalhão que vai dar para fazer?

Estado – Como vocês sabem que o público já enjoou de determinado personagem?

Cláudio – Nosso termômetro é a disposição. Se não temos mais saco para escrever aquelas falas, provavelmente o público não agüenta mais aquele personagem. Quando as idéias fluem bem, o personagem ainda tem fôlego, tem desdobramento. Costumamos tomar cuidado para não cansar o público rapidamente, mas também aproveitamos o sucesso do personagem, não podemos guardá-lo para poupá-lo. Quanto à graça, testamos em nós mesmos as nossas piadas. Na reunião, falamos alguns de nossos textos, e, se os risos estão diminuindo, é hora de parar.

Estado – Além de presidente, vi na TV que o público quer Seu Creysson no comando da seleção brasileira?

Cláudio – Para a gente a Presidência já está bom (risos). Agora, técnico da seleção é ?robadia?.”

 

CONDECINE

“TV paga assimila contribuição para o cinema”, copyright Epcom, www.acessocom.com.br, 5/9/2002

“A entrada em vigor no mês de junho da Lei n? 10.454, que criou a Agência Nacional de Cinema (Ancine) e a Contribuição para o Desenvolvimento do Cinema (Condecine), representa a implantação de um novo modelo para a produção audiovisual brasileira. Esta foi a principal conclusão dos produtores, programadores, operadores e representantes da Ancine e de outras entidades ligadas ao setor presentes ao ?III Fórum Brasil de Programação e Produção?, realizado, em junho, na cidade de São Paulo (SP). Conforme noticiou ?AcessoCom?, quando foi lançada, através da Medida Provisória n? 2.228/2001, a agência se transformou na maior fonte de preocupação das operadoras de TV paga estabelecidas no país. As empresas alegavam que os canais estrangeiros teriam um aumento de custos ao redor de 20% por conta da arrecadação da Condecine, que a publicidade teria que ser eliminada e que os programadores e estúdios, nacionais e internacionais, estariam sujeitos a um órgão regulador com poder de impor regras e influenciar o funcionamento do mercado. Além das críticas à criação da Ancine e de julgarem que estavam ?pagando o pato da MP?, as empresas cinematográficas contestaram na Justiça a lei de incentivo à produção audiovisual brasileira.

Pelo clima constatado no ?Fórum? pelas revistas ?Pay-TV? e ?Tela Viva?, patrocinadoras do evento, agora a TV paga não quer mais brigar na Justiça e optou por negociar uma forma de reverter o ônus do pagamento da contribuição em mecanismos de fomento à produção nacional para seus canais. Os executivos participantes do evento salientaram as vantagens da nova lei e sinalizaram o interesse em contribuir para novos empreendimentos numa forma de ?consórcio de produção? com os produtores independentes. A mesma proposta foi defendida pelo sócio-diretor da Conspiração Filmes, Leonardo Monteiro de Barros. Segundo ele, além do consórcio possibilitar um maior poder de barganha na negociação por equipamentos e serviços, ?a parceria entre as programadoras e a produção independente é fundamental para a criação da indústria audiovisual no País?. O presidente da Ancine, Gustavo Dahl, também salientou a importância do novo momento para a produção audiovisual: ?A TV por assinatura é, por enquanto, o melhor caminho encontrado pela Ancine e pela indústria cinematográfica para se aproximarem da televisão brasileira?.

Profecia negativa

Apesar do relacionamento entre os produtores e executivos das programadoras ter sido considerado positivo, os veículos monitorados por ?AcessoCom? destacam que a intenção da agência em aumentar sua arrecadação prevista de R$ 100 milhões anuais, incluindo a taxação da radiodifusão, foi rechaçada pelos representantes da TV aberta. Além de criticar a proposta de pagamento de 2% sobre o faturamento das empresas (a proposta inicial era de 4%, mas acabou eliminada do texto por ?falta de consenso?), que, segundo os dirigentes da Ancine, pode voltar a ser discutida após as eleições de outubro, o superintendente comercial do SBT, Guilherme Stoliar, duvidou da capacidade da parceria. ?Quem produz conteúdo audiovisual apenas para TV paga no Brasil vai quebrar?, disse em tom de profecia. Segundo ele, a TV paga não tem condições de viabilizar economicamente a produção audiovisual independente, tendo em vista que as TVs abertas já enfrentam muita dificuldade para realizar suas produções. A insistência da agência em taxar as TVs abertas e a conhecida falta de espaço na programação destas emissoras para os independentes são vistas por Stoliar apenas como um argumento para os produtores conseguirem ?visibilidade?. ?Acho que os cineastas não gostariam que os radiodifusores se reunissem para regulamentar o cinema a partir das necessidades da TV, gostariam??, questionou o então vice-presidente da Rede Record, Roberto Franco.

Promessa de parcerias

?A Ancine, que nasceu como um bicho-de-sete-cabeças, pode ser inclusive um fator de melhoria para o mercado como um todo. Eu não diria tanto pelos recursos, mas pelas idéias, pelo conceito. Na tentativa de fomentar o cinema, a Ancine está reagrupando parceiros: programadores, distribuidores, produtores?, resumiu o diretor da DirecTV no Brasil, Philippe Boutaud. Sua declaração, confirmou que os executivos da TV paga estão confiantes nas oportunidades que surgirão se puderem investir 3% em co-produções nacionais, deixando de pagar 11% pelas remessas ao exterior. O vice-presidente de Vendas da Turner do Brasil (TNT e Cartoon Network), Anthony Doyle, disse que é necessário um maior esclarecimento sobre as regras e que a empresa vai investir em conteúdo nacional, já tendo experiências positivas em parcerias com produtores brasileiros. ?Empresa global, produto local?, resumiu a filosofia da sua programadora o vice-presidente de Produção e Programação da Discovery Networks para América Latina, Ryan Shiotani. Realizando workshops que atraem produtores do mundo inteiro, ávidos por terem documentários e outros programas incluídos em sua grade de programação, a Discovery aposta no Brasil. ?Depois que fizemos uma série de trabalhos para os 500 anos, houve por parte da Discovery um reconhecimento sobre o nível e a qualidade da produção brasileira?, observou. O Eurochannnel investirá em festivais e entrevistas, priorizando o interesse do canal voltado à cultura européia. Para a Fox, que é um canal de filmes e séries, utilizar as regras pode ser complicado. ?Para o National Geographic, o campo de atuação é muito maior, pelas características do canal e também do país?, observou o diretor regional dos canais no Brasil, Abel Puig.

Futuro promissor?

Com as perspectivas de parcerias, afirma Doyle, resta à Ancine definir a utilização dos recursos e os prazos, o uso do conteúdo e as especificações de produção local. Para Augusto Sevá, um dos diretores da agência, os recursos devem ser divididos entre as áreas de produção, distribuição e exibição, mas somente estudos podem definir quais delas serão privilegiadas. Os R$ 100 milhões anuais previstos referem-se aos R$ 60 milhões que serão arrecadados pela Condecine e aos R$ 37 milhões arrecadados com o registro dos títulos importados pelas programadoras, redes de TV aberta, publicidade e mercado de DVDs e fitas VHS. A Ancine vai contar ainda com os R$ 30 milhões referentes à participação de 3% na arrecadação do Fundo de Fiscalização das Telecomunicações (Fistel), destinados a cobrir os custos operacionais do próprio órgão. Outros R$ 40 milhões deverão ser aplicados anualmente na produção audiovisual através da Lei do Audiovisual, Lei Rouanet e Fundos de Financiamento da Indústria Cinematográfica Nacional (Funcine).”