Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Ruy Barata Neto

TV COM INTERNET

"Lançada TV com acesso à Web", copyright Meio e Mensagem, 24/11/2003

"A Itautec Philco apresentou no Brasil na quinta-feira, dia 20, a primeira televisão do mundo com acesso à Internet, que chega ao mercado com a marca NetVision.

A Itautec Philco apresentou no Brasil na quinta-feira, dia 20, a primeira televisão do mundo com acesso à Internet, que chega ao mercado com a marca NetVision. Outras experiências dessa natureza já foram criadas para comercialização, mas segundo a fabricante, nenhuma apresentou a mesma solução, que disponibiliza dentro da própria TV um canal específico para navegação na Web. Os primeiros aparelhos lançados são de 20 polegadas, mas no início de 2004 haverá TVs de 21 e 29 polegadas.

A novidade tecnológica foi desenvolvida inteiramente no Brasil e funciona através do sistema operacional Windows XP Embedded, programa adaptado pela Microsoft para equipamentos diferentes do PC, como televisões, celulares e outros. O projeto foi desenvolvido durante dois anos e consumiu investimentos de R$ 10 milhões.

A NetVision chega ao País com preço inicial de R$ 1,65 mil, mas não será vendida em lojas de varejo. A comercialização será feita pela Internet ou por televendas, como estratégia da empresa para sentir a aceitação do produto no mercado. Inicialmente, a demanda prevista abrange a produção de 5 mil aparelhos por mês.

De acordo com o vice-presidente de propaganda e marketing do Grupo Itautec Philco, Raul Penteado, a divulgação da novidade será feita com merchandising na TV Globo, nos programas de Ana Maria Braga e Luciano Huck, e no SBT, no programa da Hebe. ?Queremos tentar atingir nosso público-alvo, formado por jovens de todas as classes e pelos consumidores da terceira idade, que não estão familiarizados com os PCs?, explica Penteado. Ainda segundo o executivo, a primeira fase do lançamento conta também com peças para pontos-de-venda e mídia metrô. A partir do início de 2004, a divulgação será expandida para mídia de massa. A agência responsável pela comunicação do lançamento é a DPZ, acompanhada pela Jimenez, responsável pelo marketing direto."

TV / EUA

"Morre um presidente, nasce a TV", copyright Comunique-se (www.comunique-se.com.br) 21/11/2003

"Para a televisão americana, o presidente Kennedy não morreu. Continua ?vivo? e ainda garante bons índices de audiência. Esta semana, aqui nos Estados Unidos, fomos todos contemplados com verdadeira ?avalanche? de programas especiais e documentários sobre os 40 anos do assassinato do presidente Kennedy em Dallas nos Texas.

Sinceramente, acreditava que tudo já tinha sido dito e mostrado sobre o assunto. Mas os fantasmas do passado continuam a nos assombrar. Os americanos insistem em buscar os mínimos detalhes de uma história que para muitos continua muito mal contada. Apesar das inúmeras revelações misteriosas e dos novíssimos recursos tecnológicos para a investigação do passado, as duvidas persistem. Tudo é investigado, mas nada é realmente esclarecido. O tempo, as contradições e os interesses políticos ou econômicos garantem o mistério e o mito. Em meio a um turbilhão de informações técnicas e confusas, quem prefere acreditar na versão oficial do ?assassino solitário? não muda de idéia. Mas quem acredita na teoria da conspiração, certamente vai ter ainda mais razões para ter dúvidas. O jornalismo investigativo americano não consegue levantar fatos relevantes sobre o assassinato do presidente Kennedy. O mito e a verdade se tornaram impermeáveis aos fatos e às explicações.

A televisão, no entanto, não se importa muito com os fatos e com as explicações. Prefere apostar nas imagens e nas emoções. Usa e abusa dos efeitos especiais e da computação gráfica para confundir ainda mais a realidade. Muitas declarações de testemunhas que nada viram e muitas opiniões de quem se recusa a aceitar os fatos. A televisão faz o seu papel. Aposta nas imagens, prescinde dos fatos e apela para a emoção fácil. Em tempos de ?vacas magras?, todos querem aproveitar o aniversário e a oportunidade de faturar. A saga da família Kennedy ainda rende muitas lágrimas para o público e grandes fortunas para as combalidas redes de TV.

Mas hoje, os americanos não estão somente relembrando ou exorcizando uma tragédia nacional. Nos 40 anos da morte do presidente John Kennedy, eles também celebram o nascimento do seu principal e mais poderoso meio de comunicação de massa: a televisão.Apesar de ter sido oficialmente lançada nos Estados Unidos no final dos anos 40, a televisão só alcançaria o seu apogeu no começo dos anos 60. Existia o meio, mas ainda faltava a sua ?estrela? maior.

John Kennedy foi o primeiro presidente ?televisivo? americano. Sua eleição foi um fenômeno midiático. Frente às câmeras, Kennedy conseguiu dar um banho de imagens e derrotar com facilidade o favorito das pesquisas, Richard Nixon, um candidato muito mais experiente e ?matreiro? que sabia tudo de política e nada de televisão. Kennedy desafiou regras do jogo e levou a luta para uma nova arena política. Enfrentou Nixon nos estúdios de televisão. Inaugurou a era do debates ao vivo pela televisão. Com poucas idéias novas, mas com muita ajuda do seu charme pessoal, reverteu uma situação política adversa e transformou a sua inexperiência em um evento de comunicação de massa. Ignorou a imprensa e o rádio, acreditou no poder da televisão e ganhou uma eleição presidencial nas urnas. Sua vitória também transformou a televisão em um meio de comunicação de primeira grandeza. Kennedy prestigiou o novo meio e ganhou um aliado poderoso. Com a sua surpreendente vitória nas eleições presidenciais americanas, Kennedy, mais do que ninguém, percebeu o futuro da comunicação. Ele conseguiu estabelecer um novo paradigma na comunicação e no futuro das campanhas eleitorais.. Ao invés de debater ?idéias? e ?projetos? preferiu investir na sua própria ?imagem?. Foi eleito com uma margem de votos muito pequena, mas suficiente para criar um governo semelhante à sua trajetória política: poucos feitos e muitas imagens.

Nesse cenário de mudanças e quebras de paradigmas, a televisão ?nascia? como instrumento político poderoso. A partir desse momento, o meio iria eleger outros presidentes em outros países. Todos seguiriam a fórmula de sucesso do novo presidente americano, com poucas idéias e boas imagens.

O casamento de John Kennedy com a televisão abriria o caminho para a eleição de outros fenômenos midiáticos, como o nosso presidente Collor no Brasil ou o atual governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger. Televisão virou sinônimo de eleição. O mundo e a política se tornam reféns de uma nova forma de democracia midiática ou ?Telecracia?.

A profusão de imagens do presidente Kennedy, de sua família e do seu governo garantiriam a criação de um mito americano e a supremacia de um novo meio de comunicação.

Mas, tanto a política como a televisão podem guardar muitas surpresas para os seus ?eleitos?. O sucesso na TV e na política costuma durar pouco tempo e custar muito caro.

Em menos de três anos, a mesma televisão que criou um presidente do nada estaria mostrando ao mundo o fim de um sonho.

Ha 40 anos, no dia 22 de novembro de 1963, Abraham Zapruder, um mero cinegrafista amador, registrou em 26 segundos de filme os detalhes macabros do assassinato do presidente Kennedy nas ruas de Dallas no Texas. Ele também estava com uma pequena câmera, no lugar certo e na hora exata. Teve sorte mas foi competente. Suas imagens se transformariam em documento histórico. O pequeno filme de Zapruder se tornou o filme mais caro do mundo. Após longa batalha judicial, o governo americano teve que pagar cerca de 16 milhões de dólares aos herdeiros de Zaprude. Os originais se encontram preservados nos Arquivos Nacionais dos Estados Unidos.

Mas foi a televisão que se encarregou de divulgar essas imagens para todo o mundo. Daquele dia em diante, nada mais escaparia ao ?olhar? das nossas câmeras e ao poder da televisão. Os presidentes e as celebridades do momento seriam avidamente consumidos e prontamente substituídos pelo meio televisivo.

As imagens do presidente Kennedy na TV foram responsáveis pela criação de um dos nossos maiores mitos modernos. A televisão testemunhou o seu inicio, acompanhou a sua trajetória e registrou o seu fim trágico. A cobertura televisiva da morte do presidente Kennedy garantiu a supremacia do novo meio de comunicação. Os telespectadores americanos ficariam ?grudados? na telinha durante três dias e três noites em busca de informações e explicações. Podem não ter obtido muitas informações ou explicações, mas tiveram conforto para ?exorcizar? a perda de um herói nacional criado pela própria televisão. Naquela mesma oportunidade, inaugurava-se a cobertura televisiva total. A cobertura ao vivo com notícias durante 24 horas pela TV se tornava finalmente uma realidade. O meio já estava maduro para alçar novos vôos. Transmitira momentos de glória com a chegada do primeiro homem a Lua, mas também mostraria a morte de tantos americanos no Vietnã e nas torres do World Trade Center em Nova Iorque.

Na cobertura do assassinato do presidente Kennedy, a televisão criava uma nova forma de comunicação instantânea, mas efêmera ou superficial. Superava seus competidores na imprensa escrita e radiofônica pela primeira vez e criava um novo show de realidade.

No ar, muitas imagens confusas, dúvidas, tristeza e pouquíssimos fatos. Morria um presidente, criava-se um mito e nascia a televisão. O mundo nunca mais seria o mesmo.

Agora, se você ainda tem disposição e ?estômago? para ver os momentos mais dramáticos da morte do presidente Kennedy no filme de Zapruder acesse http://www.powow.com/reviews/zap.htm ou http://www.john-f-kennedy.net/abrahamzapruderfilm.htm ou http://jfk.iefactory.com/galeria/zapruder.htm.

Se quiser mais informações sobre o assassinato do presidente Kennedy, acesse http://www.boston.quik.com/amarsh/zapruder.htm.

Mas se mesmo assim, você ainda não está satisfeito, também pode dar uma espiada nas imagens de uma câmera colocada exatamente da janela de onde Lee Oswald atirou no presidente Kennedy. A câmera está localizada no antigo depósito de livros em Dealey Plaza, em Dallas, no Texas, onde hoje foi instalado o Museu do Sexto Andar (The Sixth Floor Museum at Dealey Plaza) = http://www.jfk.org/Web_Cam/dealey_Java.htm."