THE WASHINGTON POST
A escalada da violência entre israelenses e palestinos nos últimos meses fez com que a imprensa americana ficasse em fogo cruzado sem precedentes, conta o ombudsman do Washington Post, Michael Getler (6/5/02). Ele tem que dedicar boa parte de seus artigos ao assunto porque pessoas escrevem reclamando da suposta tendência anti-Israel do jornal.
O que chama atenção é que um grande número de jornais americanos é acusado de ter o mesmo problema por alguns de seus leitores. Cerca de mil assinantes do Los Angeles Times pediram suspensão das entregas por um dia, em protesto contra favorecimento do ponto de vista dos palestinos. Integrantes da comunidade judaica de Nova York estão tentando boicotar o New York Times. Fatos semelhantes aconteceram com The Post, Minneapolis Star Tribune, Philadelphia Inquirer, Chicago Tribune, Portland Oregonian e Sacramento Bee, entre outros. Será que tantos jornais podem estar errados? Há uma conspiração da mídia em andamento? "Claro que não é este o caso", responde Getler, que acha que a imprensa sempre fará esforço para trazer a informação mais precisa a seus leitores.
Os editores, no entanto, devem estar atentos para equilibrar adequadamente as informações. O ombudsman acha que os correspondentes do Post têm feito bom trabalho in loco. O lado palestino tem sido coberto de forma mais sólida que em conflitos anteriores e alguns leitores podem não estar acostumados a isso. O jornal tem falhado, contudo, em contextualizar melhor o conflito, provendo, por exemplo, um panorama histórico dos primeiros assentamentos judeus e das guerras de 1948, 1967 e 1973.