Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Soraya Aggege

PIMENTA NEVES

"Pai de Sandra pede a condenação de Pimenta, o assassino da jornalista", copyright O Globo, 12/8/01

"Um ano depois do assassinato de sua filha, a jornalista Sandra Gomide, o aposentado João Gomide, de 60 anos, faz um apelo para que a justiça seja feita. Ele diz não acreditar que o jornalista Antônio Pimenta Neves, que matou sua filha num sítio em Ibiúna, no interior de São Paulo, consiga a absolvição nos tribunais. Para João, Pimenta Neves nunca conseguirá convencer alguém num júri.

? Quem ama não mata. E quando, num momento de loucura, alguém mata a pessoa com quem vive, geralmente se mata também logo depois de fazer a loucura. Pimenta não fez isso. Ele planejou matar minha filha, fugiu e esperou passar o flagrante para se entregar ? disse.

Apesar de dizer que acredita na Justiça, João afirma que não entende por que o jornalista foi solto há quatro meses, graças a um habeas-corpus do Supremo Tribunal Federal (STF).

? Ele (Pimenta) tem dinheiro e a Justiça no Brasil protege quem tem dinheiro. Dizem que é porque é réu primário. Mas eu não entendo isso, nunca vou entender. É um assassino cruel ? disse.

João Gomide não se desculpa por ter pedido a Sandra, um mês e meio antes de ela ser morta, que perdoasse Pimenta Neves. Ela tinha denunciado o ex-namorado à polícia depois de agredida por ele.

? Eu fui uma besta. Ele pediu que eu falasse com a Sandra, dizendo que tinha se arrependido. Ele foi muito frio, falso mesmo. Eu nunca vou perdoar o que ele fez com a minha filha ? afirmou.

Na opinião dele, embora a justiça ainda não tenha sido feita, Pimenta Neves já sofre as conseqüências de seu ato:

? Soube que ele está deprimido. Igual ao Lalau (o juiz Nicolau dos Santos Neto, acusado do desvio no TRT-SP)."

CHATÔ CHATEUBRIAND

"A herança de ?Chatô?" e "Multimídia", copyright Folha de S.Paulo, 7/8/01

"Está sendo erguida a bandeira branca entre o marchand Gilberto Chateaubriand e os Diários Associados, grupo fundado por Assis Chateaubriand, o ?Chatô?, e que tem 12 jornais, oito TVs e 26 rádios.

Herdeiro de ?Chatô?, Gilberto move duas ações contra os outros 21 donos dos Diários e conseguiu até bloquear seus bens. Ele quer que as propriedades voltem ao espólio de seu pai e questiona o destino dado a R$ 220 milhões de um precatório recebido há dois anos.

A informação sobre o acordo é do advogado de Gilberto, Mauro Fichtner, que diz que as conversas podem resultar até na saída de seu cliente do grupo e na suspensão das ações em troca de uma quantia ainda não calculada de dinheiro. No mercado, fala-se em algo como R$ 80 milhões.

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Uma auditoria deve chegar ao valor que seria recebido por Gilberto. Depois a idéia é analisar parcerias com outros grupos econômicos.

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O ex-governador Orestes Quércia está arrendando o título DCI, Diário do Comércio e Indústria. Ele vai lançar um jornal de economia popular em São Paulo. Parte do conteúdo virá do ?panoramabrasil?, o jornal de Quércia na internet."

 

"’Chatô’ vira filme sem-teto", copyright Jornal do Brasil, 7/8/01

"A limitação financeira, a indiferença nas bilheterias americanas e o descaso na noite de entrega do Oscar não impediram Orson Welles de ver seu sonho de retratar o magnata da imprensa Charles Foster Kane escrito na história do cinema. Cidadão Kane pode ter lhe dado dor de cabeça, mas o transformou em gênio e ainda foi eleito o melhor filme de todos os tempos. A mesma sorte parece não ter o ator e diretor Guilherme Fontes, que desde 1995 vem tentando ser Orson Welles no grandiloqüente projeto do longa-metragem Chatô. Envolvido numa pendenga judicial que trata de estouro orçamentário a complicadas prestações de contas, ele viu ontem pela manhã surgir mais um obstáculo a seu sonho de biografar a vida de Assis Chateaubriand: por falta de pagamento, a maior parte do material usado no filme foi despejada do estúdio Humberto Mauro do Pólo Rio de Cine Vídeo e Comunicação, na Jacarepaguá, onde estavam desde 1999.

Sem pagar o aluguel do estúdio há 27 meses, segundo a Associação Pólo de Cine Vídeo e Comunicação, acumulando uma dívida de aproximadamente R$ 500 mil, o galã da novela Estrela-guia viu figurinos, fitas de vídeo e peças dos cenários como armações de madeira e obras de arte serem retirados do local em caminhões em direção a um depósito oficial na Praça da Bandeira. ?Confesso que queria colocar tudo isso em frente à Praça dos Três Poderes e atear fogo. Talvez assim as pessoas pudessem entender o que está acontecendo?, disse Guilherme.


Máfia – A ação, assinada pela juíza Maria Baptista Jourdan, da 29? Vara Cível do Rio, chegou cedo, às 8h, pelas mãos do oficial de Justiça Aercio Escarino Bloris, 63, dando início à retirada dos objetos do estúdio. Indignado, Guilherme fazia acusações contra a direção do Pólo: ?A máfia do cinema continua atuando. O pólo é um lugar de fomento e não de grilagem.?

Guilherme rebateu a queixa de falta de pagamento e o pedido de retirada das peças feita pela direção do Pólo Rio alegando que já havia retirado todo o material que lhe fora requisitado e estava tentando quitar a dívida. ?Quis pagar, quis fazer o acordo. E eles não toparam. Não tem mais conversa. Estava vazio há mais de um ano. Por que me despejar??, retrucou.

Entretanto, quem pôde conferir dezenas de sacos de roupas e peças de cena que encheram três caminhões encontrou dificuldades em acreditar no ator. ?Quem deve há 27 meses deve pressupor que isso iria acontecer?, justificou o advogado da direção do Pólo Rio, Ricardo Travassos, 42. ?A posição da Associação Polo Rio de Cine Vídeo e Comunicação não é contra a pessoa Guilherme Fontes. É contra um locatário inadimplente?, disse.


?Reles mortal? – Em função do processo judicial que se arrasta há mais de três anos, a produção de Chatô, está paralisada. Segundo Guilherme, cerca de uma hora e meia das duas horas que ele espera apresentar ao público nos próximos anos já foram filmada – 70% no Pólo de Cinema e Vídeo. ?Eu sou um reles mortal sem dinheiro. Só consigo produzir se tiver incentivo fiscal?, afirma.

Frente a um novo obstáculo para completar seu filme, Guilherme atacou o secretário do Audiovisual do Ministério da Cultura, José Álvaro Moisés. ?Meu sonho de fazer um Cidadão Kane foi travado pelo próprio cidadão Kane?, afirmou, usando o filme de Welles como metáfora. O ator disse ter sido o bode expiatório de uma série de irregularidades que, segundo ele, envolvem os maiores produtores do cinema nacional: ?Ele precisava pegar um bando de bandidos. E me usou como mecanismo. Moisés foge de mim. Não me recebe. Não deixa a lei ser cumprida nem meu filme ser acabado. Denegriu a imagem do cinema brasileiro na praça, forjando o uso da lei. Criou portarias ilegais. Misturou duas legislações, a Rouanet e a do Audiovisual, e criou uma portaria posterior ao meu pedido de aprovação de orçamento?.


Imprensa – O secretário do Audiovisual não é o único inimigo de Chatô, na visão de seu diretor e produtor. Guilherme diz estar sendo vítima da imprensa brasileira. ?Eu estou vivendo meu filme na vida real, confirmando a força que a mídia tem. A tudo que lhe é inconveniente, à forca?.

Para Guilherme, o Jornal do Brasil é um dos maiores responsáveis pela situação que ele enfrenta, já que as primeiras denúncias de irregularidades no filme foram publicadas pelo jornal. ?O JB é o principal responsável. Fez as manchetes difamatórias. Deturpou as informações. Em jornal há sempre frases feitas. A letra da lei não é aquilo que a mídia publica. No debate ao vivo eu ganho de qualquer um. Quero falar na televisão. Ter um debate público com o Ministério da Cultura para falar sobre meus podres e sobre os podres deles. Quero ver quem se garante?, vociferou.

Ele se diz determinado a resolver seus problemas jurídicos e encerrar as filmagens.?A idéia dos inimigos é tentar destruir o filme até o último minuto do segundo tempo. Mas não vou desistir nem que eu tenha que beijar dez princesas na televisão. Vou encarar quantas forem necessárias para realizar meu sonho?, ameaçou."

 

"Guilherme Fontes volta à Justiça como réu e vítima", copyright Folha de S. Paulo, 9/8/01

"Réu condenado ao despejo em uma ação na Justiça do Rio na segunda-feira, o ator Guilherme Fontes, 34, prepara o revide no mesmo foro. Desta vez, figurará como parte lesada que requer indenização por perdas e danos contra Cláudio Petraglia, 70, presidente da Associação Pólo de Cine e Vídeo, que o despejou.

De acordo com a assessoria de Fontes, o ator não nega a inadimplência -desde maio de 99 não pagava o aluguel (de R$ 16 mil mensais) dos 600 m2 de um dos estúdios da associação, em Jacarepaguá, onde guardava material de ?Chatô?, cujas filmagens foram interrompidas na mesma data.

Mas Fontes processará Petraglia, que é diretor-geral da TV Bandeirantes Regional, por ter destacado uma equipe de sua emissora para a cobertura jornalística do despejo e avisado à imprensa carioca da data de execução da ação, expondo-o publicamente. ?Não era o Cláudio Petraglia quem estava falando, mas a associação. É a associação quem está se defendendo. E Fontes também foi ouvido na TV Bandeirantes?, diz Petraglia. A assessoria de Fontes informou que, por orientação de seus advogados, o ator não se pronunciará até o ingresso da ação na Justiça.

Petraglia diz que o primeiro contrato de aluguel foi firmado em agosto de 98 e cumprido adequadamente até fevereiro de 99, quando foi assinado um segundo contrato, válido por 12 meses e com possibilidade de prorrogação por mais um trimestre.

?Desde maio de 99, quando ele deixou de pagar, propus que transferisse o material para outro estúdio em acabamento, no mesmo local, liberando o que estava pronto para que eu pudesse alugá-lo. Mas ele não quis negociar e arrastou isso durante 27 meses. Fiquei sem saída e há dez meses entrei com uma ação de despejo.?

Petraglia diz que a Associação Pólo de Cine Vídeo e Comunicação foi fundada por ele, há 12 anos, como uma ?associação privada sem fins lucrativos, para o incentivo da produção independente de cinema? e que hoje conta com 104 empresas associadas.

?Muitos projetos, como ?O Xangô de Baker Street?, ?Xuxa Popstar?, ?Minha Vida em Suas Mãos? e ?Outras Estórias?, utilizaram nossos estúdios. Acho muito triste haver um filme inacabado como ?Chatô?, porque isso compromete todo o cinema nacional. Se o Guilherme Fontes está dizendo que vai entrar com uma ação contra mim, vou entrar com outra contra ele também e cobrar todo o aluguel atrasado?, diz Petraglia.

O projeto ?Chatô?, que envolve a produção de um longa-metragem baseado no livro ?Chatô – O Rei do Brasil?, de Fernando Morais, e uma série de vídeos sobre os 500 anos de história do Brasil, está orçado em R$ 12 milhões e captou R$ 8,41 milhões de 13 empresas, com benefício das leis Rouanet e do Audiovisual. Fontes afirma que tem 80% do filme concluído e necessita de mais US$ 2 milhões para captação adicional de imagens e finalização.

Acusado pelo Ministério da Cultura de emprego indevido do dinheiro, Fontes foi desautorizado a captar mais recursos e responde a uma Tomada de Contas Especial, procedimento de inspeção da Secretaria Federal de Controle, do Ministério da Fazenda."

    
    
              

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