Saturday, 20 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Telegraph

BBC

O Daily Telegraph resolveu lançar campanha para rastrear a tendenciosidade “inconsciente” que diz haver no “coração” da BBC. O editor do tablóide, Charles Moore, afirmou que a visão “esquerda light” da corporação sobre o mundo é um “estado de espírito”. Em raro artigo assinado, publicado na edição de 9/9 do Telegraph, Moore inaugurou coluna chamada Beebwatch que, segundo ele, “procura dados da tendenciosidade inconsciente” da BBC.

A coluna será diária. O artigo inaugural, conta Owen Gibson [The Guardian, 9/9/03], acusou o programa de rádio Today de parcialidade ao reportar as declarações de Michael Meacher, ex-secretário de Ambiente, sobre o 11 de setembro. Criticou também reportagem do programa Newsnight sobre o pós-guerra no Iraque.

“As presunções mentais da BBC são típicas da esquerda suave, como de que o poderio americano é ruim, apesar de a ONU ser boa, de que os palestinos estão à direita e Israel não, de que a guerra no Iraque é errada, de que a União Européia é boa e as pessoas que a criticam são xenófobas”, escreveu Moore. Disse, ainda, que a BBC tende a ser pró-aborto e contra a pena de morte e o grande capital.

O Daily Telegraph é um jornal conservador.

Todos os funcionários da BBC deveriam parar de escrever colunas de jornais e de usar repórteres especializados em programas individuais na briga sobre o dossiê do Iraque. É o que diz sir Paul Fox, ex-diretor-administrativo da BBC. Ele também afirmou que o conflito com o governo britânico jamais teria chegado ao caos atual se a corporação tivesse retido alguns programas do tipo “direito de resposta” em sua grade de programação.

Fox, que trabalhou na BBC por 41 anos, disse que havia afirmado a Gavyn Davies, presidente da BBC, e a Greg Dyke, diretor-geral, que os eventos que levaram ao Inquérito Hutton fizeram a emissora entrar em “sua maior crise desde Suez, em 1956”. Eles menosprezaram o comentário do ex-funcionário, dizendo que vivia “no passado”.

A BBC ainda sofre as conseqüências da dissecação de sua administração e técnicas de reportagem no Inquérito Hutton ? liderado por lorde Hutton. O inquérito foi montado para averiguar os procedimentos da emissora desde o suicídio do cientista militar britânico David Kelly, fonte do jornalista Andrew Gilligan, da BBC, na polêmica reportagem em que o Parlamento foi acusado de “exagerar” o dossiê sobre as armas de destruição em massa do Iraque.

Os diretores da BBC, de acordo com Ciar Byrne [The Guardian, 8/9/03], disseram que vão rever a prática dos repórteres escreverem para jornais. “Se a questão é de aumento de salário, a BBC deveria pagar mais. E se o problema é falta de tempo no ar para suas opiniões, a BBC deve cavá-lo.”

Fox ainda pede a volta do programa no mesmo estilo do extinto Talkback, para dar ao público a chance de fazer comentários sobre a BBC e calar críticos que acusam a corporação de arrogância.