Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Telejornais modernos ganham espaço

CRIATIVIDADE NA TV

André Tarragô Martins (*)

O padrão Globo de jornalismo é um modelo que deu certo. Seu formato se mostra como a fórmula certa para o sucesso. Sem dúvida, não podemos duvidar da competência dessa emissora. Entretanto, outros programas de televisão estão buscando alternativas para ganhar audiência. O SBT Rio Grande, telejornal regional de Porto Alegre, com apresentação ao meio-dia, consegue ter personalidade, pois não segue padrões para garantir a conquista dos telespectadores.

O formalismo do telejornalismo brasileiro não está sendo excluído aos poucos. As mudanças que ocorrem apenas demonstram que não há um só modo de dar informação.

Cristiane Finger, do SBT Rio Grande, não fica só atrás da mesa, como nos telejornais tradicionais. Sempre que vai entrevistar um convidado a apresentadora se levanta e, caminhando até outro ponto do estúdio, já vai abordando o assunto e quem será o convidado do programa. Pouco antes do fim, entra o jornalista Juremir da Silva Machado, no quadro Opinião, sempre comentando temas polêmicos e fazendo provocações de toda ordem.

Se essas não são propriamente inovações, ganham destaque e cativam mais o telespectador, cansado do formalismo consolidado. Quando os jornalistas se movimentam no estúdio, mostrando a câmera acompanhando os passos do apresentador, o telejornal fica mais atraente e dinâmico. Não dá para ficar pensando o que é certo ou errado. Deve-se entender é a busca do que seja mais adequado para veicular informação. É válido lembrar que a criatividade pode ajudar, mas também pode levar ao fracasso. Por exemplo, o repórter que quer inovar sua passagem a ponto de prejudicar a notícia. As novidades exigem maior responsabilidade.

Reportagens maiores

O Jornal da Noite, apresentado pelo jornalista Roberto Cabrini, é um exemplo de modelo inovador de telejornal. O noticiário começa à meia-noite, de segunda a sexta-feira. A palavra que pode resumir a diferença desse programa é interatividade.

Com a internet ficou mais fácil a comunicação entre telespectadores e programas de TV em geral. Muitos programas recorrem à interatividade, isso não é exclusividade do Jornal da Noite. Nele, porém, apresentador conversa realmente com o público. Caminha pelo estúdio, conversa com a assistente que recebe os e-mails, a qual, por sua vez, também se dirige aos telespectadores. A audiência desse programa é que determina a pauta. Por exemplo, se uma notícia mostrada teve grande repercussão, no programa seguinte Roberto Cabrini faz o comentário, mostra novamente a reportagem e até prossegue nas investigações caso necessário.

Na semana passada, Cabrini chegou a mostrar um fato até três dias consecutivos, devido à grande quantidade de telefonemas e e-mails que chegaram à redação. A notícia era sobre um rapaz que, embriagado, dirigia numa avenida de São Paulo. O repórter conseguiu o flagrante e começou a registrar o fato. Chamou a polícia. A matéria centrou-se na falta de responsabilidade do condutor e no perigo de acidente.

Tanto o SBT Rio Grande como o Jornal da Noite, apesar de atingirem públicos diferentes, pois o primeiro é regional e outro nacional, têm características parecidas. As reportagens são maiores do que em outros telejornais de horário nobre. Isso dá mais flexibilidade para que possam aprofundar as notícias. Os telejornais modernos se consolidarão no mercado e darão ao telespectador formatos mais confortável para receberem informação em casa.

(*) Estudante de Jornalismo da PUC-RS