Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Telhado de vidro (ou o caso Osasco Plaza)

Edição de Marinilda Carvalho

Temas quentes como mídia e narcotráfico, universidades, MST, Copa e Disque 0900 continuam repercutindo aqui no Caderno do Leitor. Também sensibilizaram os navegantes deste site alguns assuntos novos, como o fim melancólico do jornalismo no SBT, a comunicação via Internet e a febre de retratações na imprensa americana.

A respeito deste último tema, o leitor Maurelio Menezes (seria Marco Aurélio?) faz uma pergunta: qual o verdadeiro sentimento de um repórter, de uma equipe quando sai para fazer uma matéria? A resposta que ele dá não é nada agradável para a categoria.

A quinzena foi quentíssima para a atividade jornalística no Rio, da Bolsa de Valores, na Praça 15, à Clínica São Vicente, na Gávea, mas apenas um leitor comenta aqui a edição do Jornal Nacional de 21/7, na qual, segundo computou o Jornal do Brasil, o leilão das teles mereceu espaço de 4 minutos e 35 segundos, contra 10 minutos inteiros dedicados ao nascimento de Sasha Meneghel. Estranho… por que será?

Para encerrar: episódio do Shopping Osasco Plaza, envolvendo dois jornalistas de São Paulo, está esclarecido. E o culpado, ao que tudo indica, era o “mordomo”.

D. Ilka Zanotto, mãe de um dos acusados de responsabilidade na tragédia, enviou dossiês diferentes a Luís Nassif (Folha) e Paula Pereira (Estado). Estranho… por que será?

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Clique sobre o texto sublinhado para ler a íntegra das cartas.

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Conversei com dona Ilka [Zanotto, mãe de um dos acusados no processo referente à explosão do shopping Osasco Plaza] que me disse o seguinte: o dossiê onde elogiava o Estadão foi de 1996, época em que a cobertura do jornal era feita por Renato Lombardi, que, segundo ela, ouvia os dois lados.

Depois que Renato saiu e Paula Pereira assumiu a cobertura, segundo dona Ilka, nunca mais se conseguiu que as informações dos administradores fossem veiculadas. A Paula recebeu o dossiê na mesma época que eu. Portanto, além de não divulgar a informação e sequer cobrir a entrevista coletiva do técnico, Paula se apropriou de elogios alheios.

Gostaria, se possível, que esta carta fosse anexada ao dossiê Shopping Osasco Plaza.

Luís Nassif, 21/7/98

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Conversei com Luís Nassif no dia 22 de julho. Expliquei que o dossiê que dona Ilka me mandara não era o mesmo de 1996, mas fora atualizado com novas reportagens e informações. Na capa do dossiê estava manuscrita a mensagem: “Entregue a Paula Pereira em 1 de julho de 1998”. Expliquei a Nassif – e ele parece ter concordado – que era muito estranho ela ter mandado ao OBSERVATÓRIO e a ele um dossiê, e a mim outro, antigo, porém atualizado com novas informações.

Ele entrou em contato com meu editor e preferiu não publicar a queixa de dona Ilka em sua coluna, por concordar que essa atitude dela era estranha.

Diante disso, concluo o que já havia alertado desde o princípio. Na minha opinião, o jornalista Luís Nassif não deveria ter publicado informações sobre o caso valendo-se apenas do dossiê de Dona Ilka como fonte. Essa confusão em torno do dossiê deixa clara a parcialidade previsível da mãe de um dos réus.

Por fim, a polêmica foi levantada não apenas por causa dos ditos elogios a este ou àquele veículo, mas à conduta de se assumir uma única e parcial versão como verdadeira. Acredito que tudo esteja esclarecido agora. Agradeço se puderem adicionar estas informações à seção Carta do Leitor do OBSERVATÓRIO, uma vez que, na conclusão dos fatos, sou descrita como “leviana”. A falha está em quem não ouviu todas as partes ou acompanhou devidamente a cobertura do caso, ou em quem enviou documentos dúbios com objetivos pouco claros.

Paula Pereira

Uma correção na cronologia que Mauro Malin faz do jornalismo do SBT. O Bóris é anterior ao Aqui Agora imaginado por sérios profissionais não para ser o que acabou indo ao ar, mas um programa que realmente revolucionasse o fazer jornalismo (entre estes profissionais estavam Amaury Soares, hoje diretor regional do jornalismo global em São Paulo; por não concordar com a mudança feitas às vésperas da estréia pelo Sílvio, foi embora, depois de ser por algumas semanas o primeiro editor-chefe do Aqui Agora). O Silvio usou o Aqui Agora para alavancar a audiência do TJ…. E daí ter imposto o estilo Gil Gomes ao programa.

Maurelio Menezes, TV Centro América – Jornalismo

Mauro Malin comenta: “Todas essas histórias precisam ser contadas. O ideal seria que fossem contadas quando estão acontecendo. Mas isto, certamente, é querer demais.”

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O mais triste de tudo são as demissões. Vários companheiros demitidos num mercado cada vez mais fechado.

Tony Cursino

Lendo sobre o jornalismo de Sílvio Santos, de Mauro Malin, não pude deixar de fazer este comentário: que lixo o Jornal Nacional colocou hoje (21/7) no ar! É inacreditável. Quase um terço do jornal ficou por conta de contar a história do nascimento do bebê da Marlene, digo, da Xuxa. Ridículo. Pior do que o conteúdo do noticioso, foi a cara do âncora no final do jornal. Lamentável. Se estivesse no lugar do apresentador, pediria demissão!

Um dia antes da privatização da Embratel, será que não dava para falar um pouco sobre o assunto????????????????????

João Lucas, jornalista, Belo Horizonte

A resposta a uma pergunta pode esclarecer muita coisa: qual o verdadeiro sentimento de um repórter, de uma equipe quando sai para fazer uma matéria??? Infelizmente não é, na maioria quase absoluta das vezes, buscar a valorização do exercício da cidadania. O que um repórter busca ao sair com uma pauta é a satisfação de uma vaidade pessoal de aparecer, brilhar. Maurelio Menezes

Tenho 34 anos e quando estava no colégio o máximo que imaginava para exercitar a minha vontade de escrever era uma máquina de escrever. Sobre o computador hoje, vejo que nossos filhos comportam-se como a própria máquina. Desde cedo, como programas a serem descompactados, descobrem tudo que está à sua volta. Objetos que nunca haviam sido tocados são usados como se fossem velhos brinquedos. Roberto Viegas

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Heródoto Barbeiro diz que a censura torna-se cada vez mais difícil pela diversidade que representa a Internet, e concordo integralmente. Mas existem exemplos bastante recentes de que a censura pode estar, sim, avançando por outros meios. Rodrigo Seabra

Gostaria de sugerir que as outras habilitações dos cursos de Comunicação Social fossem incluídas nesta interessante iniciativa. Há uma grande expansão de Cursos de Comunicação Social com uma única habilitação no interior do país, notadamente Publicidade e Propaganda. A inclusão destes cursos no projeto ampliaria a abrangência do estudo. Carlos Henrique Fernandes

O consumo de drogas está diretamente ligado à base educacional, à estrutura familiar e propensão do indivíduo ao uso.

Uma saída seria uma campanha maciça e constante do governo, da sociedade e dos meios de comunicação não somente aos usuários e possíveis usuários, mas também aos educadores, pais e patrões, sobre os danos e malefícios do uso de drogas.

Hernon Rosa Jr.

É um dever da imprensa fazer total cobertura das graves doenças e das mortes dos famosos. O insuportável é exatamente a monotonia e a falta de diversificação nas informações, que se arrastam, as mesmas, por dias.

E o que mais me indigna é a importância que se dá a estas mortes a julgar pelo espaço, o tempo e as homenagens feitas. A imprensa passou a imagem de que os Mamonas Assassinas foram mais importantes do que Tom Jobim!

Flávio Corrêa

Achei muito pertinente tudo o que Débora Thomé escreveu sobre o artigo “Como você não curtiu?”, que saiu em Veja. Só queria fazer um adendo a tudo o que ela colocou de forma tão correta. Creio que a principal discussão aqui é sobre o poder que está nas mãos do jornalista – sobretudo o crítico, que lida mais diretamente com o universo da opinião e da formação da opinião.

Infelizmente, não posso me alongar na discussão pois tenho que ir trabalhar agora. Porém, queria registrar que julgo este debate de suma importância e espero que ele não pare por aqui.

Tiago

Fazemos (eu e outro jornalista, João Garcia) as tiras Os Cientistas, publicadas no Correio Popular, de Campinas, há quatro anos. E um dos temas mais saborosos que abordamos com freqüência é o relacionamento entre jornalistas e cientistas, com muitas idéias próximas ao Ofjor Ciência 98. Caso queiram que lhes enviem as tiras sobre este magnífico assunto, por favor, avisem.

Carlos Fioravanti

Nota: Nós queremos! Queremos sim, não queremos??? Para publicação na próxima edição!

Li com atenção a matéria de Carlos Vogt, “De intenções e compromissos”, de 20/7/98, e fiquei esperando sua continuação. Nem sempre temos a oportunidade de contar com o depoimento de um ex-reitor da Unicamp para contribuir com dados de sua gestão ao debate sobre a reforma universitária. Tania Lima

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Como mero estudante de 2? ano de Jornalismo, acho muito válido que as universidades (professores e alunos) emitam suas opiniões em um espaço como o OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA. A consciência crítica não deve ser apenas restringida à vida escolar e sim, partilhada entre todos os que têm o mesmo objetivo em comum.

Fabrizio Leonardo, Universidade Metodista de São Paulo

O nosso Observatório está cada vez melhor. Parabéns!

José Rosa Filho

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Parabéns: o OBSERVATÓRIO NA TV está, pouco a pouco, encontrando seu ritmo e se firmando como um dos programas obrigatórios da televisão.

Bravo! O fiasco na cobertura do caso Ronaldinho tornou real a anedótica estória “não foi possível escrever a grande matéria sobre a estréia do espetáculo, pois o teatro pegou fogo”. E parcas informações sobre o incêndio em si. Abraços cúmplices.

Tom Taborda

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A leitura do OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA (versão impressa) é, antes de mais nada, uma abertura para um entendimento mais profundo das contradições da imprensa. Hoje, este mundo globalizado esqueceu de uma coisa importante: pensamento critico. Obrigado pelos momentos de reflexão.

Nelson Gomes, diretor do programa Pequenas Empresas Grandes Negócios, vice-presidente da Associação dos Profissionais de Propaganda e, principalmente, pupilo de Alberto Dines na PUC-RJ, lá pelos idos dos anos 60.

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Viva!!! É a primeira vez que chego a esse site, estou impressionadíssimo, vou ficar freguês. E vejo que A. Dines continua com todo o punch que tinha nos tempos de sua página no Pasquim. Parabéns a todos.

Milton Lando

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Sou estudante de Jornalismo da PUC-Campinas, e tenho milhares de razões para freqüentar tanto este site. O último Enecom – aquela reuniãozinha que rola entre presidentes de diretórios acadêmicos -, realizado em Curitiba, me decepcionou. A Pucc é cada vez mais deficitária, só deixa a desejar, e eu revoltadíssima com tamanho prejuízo.

Viviane Horácio, 22 anos

Jornais como a Folha de S. Paulo e revistas como Veja, ambos ligados ao UOL, não podem mais ser acessados por não-assinantes. Particularmente, acho isso uma estupidez. Minha preocupação maior, no entanto, é que vocês, por serem ligados ao UOL, sigam o mesmo caminho. Espero que isso não aconteça porque senão só poderei acompanhá-los pelo programa na TV Educativa. Recuso-me a dar 22 reais ao UOL apenas para ler edições diárias de jornais.

Utahy

Resposta: Não há hipótese de que o OBSERVATÓRIO, que se concebe como serviço público, venha a cobrar pelo acesso a suas páginas.

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Acabo de ler, ainda que com bastante atraso, o texto “Camarote 3 x 0 Apuração”, de Marinilda Carvalho. Ao meu ver, a articulista está sendo injusta em sua avaliação. O caso não entra para a história do jornalismo como um vexame propriamente dito, como quer fazer supor Marinilda. Aqui, a imprensa mostrou como pode recuperar-se diante das dificuldades em se trabalhar. Rodney Brocanelli

Resposta

Querido Rodney, eu não quis “fazer supor”, considero mesmo um vexame. Com todo o respeito, não acho que a imprensa brasileira se recuperou após o jogo. Continuo sem saber o que de fato aconteceu. Você não? Marinilda Carvalho

Estimados amigos: hemos incluido el enlace a su recurso Internet en la página de enlaces de la Organización de Periodistas en Internet (OPI). Será “visible” en nuestra próxima actualización, aproximadamente dentro de tres semanas. OPI Enlaces

O Estadão tem todo o direito de externar sua posição favorável a Fernando Henrique Cardoso em seus editoriais. O Estadão chega ao ponto de dar espaço nobre a um marqueteiro inglês, o ministro sem pasta Peter Mandelson, que pratica um intervencionismo inaceitável na campanha presidencial brasileira, deitando falação contra o candidato Lula. Imagine-se, por um minuto, um “ministro sem pasta” de Cuba vindo ao Brasil acusar Fernando Henrique de ser um neoliberal que prejudica seu povo: qual não seria o escândalo patrocinado pelo Estadão contra tal intervencionismo…

Washington Luiz de Araújo

Estou cada vez mais decepcionada com a atuação da Veja nesse ano eleitoral. Como se não bastassem a capa “satanizada” de João Pedro Stédile e as críticas ferrenhas ao MST, agora o ataque é direto ao Lula. A afirmação de que Nelson Mandela não estava nem um pouco à vontade ao lado do candidato do PT e realmente feliz junto a FHC soou falsa e eleitoreira. A impressão do repórter tida como verdade absoluta se mostrou maniqueísta e indigna de estar impressa em um dos maiores formadores de opinião da imprensa brasileira.

Gostaria que o assunto fosse debatido no OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA.

Patricia Machado

Como se não fosse suficientemente lamentável o grau de dependência dos jornais brasileiros em relação às agências internacionais de notícias, temos que engolir a inépcia daqueles encarregados da tradução, adequação e tradução dos textos. Dentre inúmeros exemplos, cito notícia publicada no Globo de 28 de julho de 98, na seção de esportes. Em matéria sobre doping de atletas americanos, lemos o seguinte trecho: “Em 1991 ele fora suspenso por dois anos por consumo de methyltestosterona.” Cláudio Gunk

Que as empresas das Organizações Globo tendem a manter uma linha editorial sempre favorável ao governo de plantão é, mais do que um fato notório, um direito incontestável num país que se pretende democrático. O que não é compreensível é subestimar a inteligência do leitor como o fez a revista Época, em sua edição número 10, ao colocar no mesmo nível, como representantes da chamada Terceira Via, o presidente brasileiro e os expoentes mundiais Bill Clinton, Tony Blair e Lionel Jospin.Gerson Pinto Ribeiro

Os jornalistas da Linha Direta do Distrito Federal vêm a público denunciar a censura praticada pela Executiva da Fenaj, ao suspender a publicação do Jornal do Jornalista por conter artigo com críticas ao processo eleitoral da entidade e à chapa que concorre ao pleito. O artigo censurado, intitulado “Por que Brasília está fora da Fenaj”, explica as razões desse coletivo para não participar de um processo sucessório que consideram cupulista, viciado, fisiológico e nada democrático. Coletivo de Jornalistas da Linha Direta de Brasília

A Justiça deveria intervir também no 0900 na área de Tele Sexo, Tele Namoro e nas outras dezenas de modalidades de charlatanismo e propaganda enganosa que infestam a TV. Ninguém agüenta mais ser bombardeado praticamente 24 horas por dia com este tipo de programação. Onde está o Conar?

Emerson Tinoco

 

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Continuação do Caderno do Leitor

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