Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

TJ UERJ aponta caminhos

TENDÊNCIAS

Victor Gentilli

O início oficial das atividades da TJ UERJ, nesta quarta-feira, 3 de julho, mostra um novo caminho para o ensino de Jornalismo. As atividades laboratoriais deixam de ser episódicas, circunscritas, localizadas e caras e passam a se incorporar no cotidiano das atividades técnicas do curso. É mais um passo no rumo do novo ensino de jornalismo, onde o projeto jornalístico se sobrepõe e passa a ser a referência maior.

Como disse Alberto Dines: se não se pode pensar num curso de Medicina sem um hospital-escola, não se pode conceber um curso de Jornalismo sem um jornal-escola. Mas é preciso planejamento, projeto, concepção.

As novas tecnologias digitais finalmente permitem que estas possibilidades se realizem. O pioneirismo da Universidade Federal de Santa Catarina nesta linha é inegável. Em pouco tempo, todos os cursos sérios estarão discutindo o projeto laboratorial com a mesma importância com que discutem o projeto pedagógico.

Não basta, evidentemente, fazer telejornalismo, radiojornalismo, jornalismo online, digital, diário, em condições semelhantes à realidade profissional. Será preciso fazê-lo com a mesma qualidade técnica e com melhor qualidade jornalística do que o jornalismo oficial.

A atividade regular de crítica de mídia é uma necessidade imperiosa nos cursos. Mas é chegada a hora de os cursos pensarem em, no curto prazo, começar a fazer jornalismo melhor do que o atualmente praticado pelo "mercado".

Quando chegarmos nisso ? se é que chegaremos lá ? a Universidade estará cumprindo o seu papel.

EDUCAÇÃO NA MÍDIA

V. G.

Agora que Veja recolheu-se depois de bater ? com razão ? no Conselho Nacional de Educação, Istoé chega esta semana com matéria tentando apresentar as razões pelas quais o MEC decidiu suspender temporariamente a autorização de novos cursos e criação de novas instituições de ensino. Uma pena que na matéria "Guerra de Canudos" a revista tenha se pautado apenas em fontes oficiais, mesmo aquelas que só falam em off.

O que está dito está bem dito.

Mas a mídia ? de forma unânime ? vê apenas a tensão que coloca o Ministério e o Conselho Nacional de Educação em campos opostos.

Há uma outra tensão ? esta oculta da opinião pública ? entre as equipes da Secretaria de Educação Superior e as do Inep. Formalmente, a nomeação de Maria Helena Guimarães de Castro, presidente do Inep, para secretária da SESu unifica por cima. Mas, por baixo, há uma grande expectativa.

A imprensa sempre repete que a informatização vai trazer mais transparências aos processos e aos procedimentos. Se os jornalistas ouvirem um pouco técnicos do MEC, professores e dirigentes de escolas, vão perceber que nem tudo se resolve com a informatização.

NOTAS

** O Globo de sexta-feira (29/6) traz matéria mostrando que um grupo expressivo de estudantes corre o risco de perder um ano e meio de estudos. São alunos da Universidade Gama Filho que vinham depositando em juízo as mensalidades que entendiam correta. Perderam na Justiça. É triste ver a instituição do pioneiro Luiz Gama Filho, que em 1939 transformou um casarão numa sala de aula ? como relata a Istoé ? confundir-se com as demais fábricas de diplomas.

** O erro de ortografia que se apresenta como UniverCidade continua publicando suas matérias pagas de página inteira apenas no Jornal do Brasil. Desta vez, antecedido de uma farsa. Grata pelo apoio recebido na semana passada do sr. Ronald Levinsohn, a Estácio de Sá decidiu misturar de vez jornalismo e publicidade. Nada mais antiprofissional e antipedagógico que publicar textos de alunos iludindo os leitores desatentos como se aquele anúncio de página inteira fosse um jornal-laboratório.

Temos poucas ? mas expressivas e significativas ? experiências em que cursos de jornalismo e jornais, de forma conveniada, publicam páginas experimentais de alunos em edições regulares. Nos jornais de Minas Gerais, por exemplo, isso não é novidade. Mas para o Jornal do Brasil, que inicia uma nova fase, essas matérias pagas dominicais, dominando as primeiras páginas ímpares do caderno principal com dinheiro de fábricas de diplomas, não são bom sinal.

** O Último Segundo fez jornalismo. Correu atrás de uma antiga matéria do Fantástico e encontrou o primeiro curso de Comunicação em situação complicada e riscos iminentes. A equipe do Fantástico comeu mosca.

    
    
              

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