Tuesday, 16 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1283

Tribuna da Bahia

IMPRENSA BAIANA

Chico Bruno (*)

Na manhã de segunda-feira, 21 de julho, os baianos perceberam que havia nas bancas de jornais uma saudável novidade. A Tribuna da Bahia repaginada gráfica e editorialmente. Mais leve, mais solta e bem mais atraente.

Aqueles que acompanham a Tribuna da Bahia desde a sua fundação, em 21 de outubro de 1969, devem ter sentido a mesma emoção de quando manusearam o primeiro exemplar do jornal, que na época revolucionou a imprensa baiana e, quiçá, a brasileira, com uma nova linguagem, ousado conceito gráfico, novas expressões, quebrando muitos tabus do jornalismo, graças à audácia de seu redator-chefe, Quintino de Carvalho. Cabe lembrar que a Tribuna da Bahia, internamente, também foi audaciosa ao implantar, pela primeira vez no Brasil, um manual de redação e criar a famosa Escolinha TB de Jornalismo.

Tudo isso graças ao empreendedor Elmano Silveira Castro e ao inovador e irrequieto jornalista Quintino de Carvalho, a cabeça pensante da revolução que a TB encarnou. Ambos tiveram a coragem de, nos anos cinzentos de chumbo grosso da ditadura militar, lançar um novo jornal. Naquela altura foram considerados loucos por muitos baianos ilustres: o momento seria inadequado para tanta ousadia, principalmente pela proposta editorial da TB, de total independência do status quo.

Jornal que faz a diferença

Infelizmente, cinco anos depois, em 1974, Elmano foi obrigado a deixar o leme do jornal por questões de saúde. Assumiu, escolhido por ele, Joaci Góes, até então responsável pela circulação do jornal. Nomes, hoje, famosos passaram pelo jornal, alguns chefiando a redação, como Cid Teixeira, Sérgio Gomes, João Ubaldo Ribeiro, Grant Mariano e Raimundo Lima, este dirigindo atualmente o principal jornal de Angola, outros como João Santana, Bob Fernandes, Antônio Risério, Marcelo Cordeiro, Tasso Franco e Carlos Libório, que recebeu o leme para os novos caminhos que trilham atualmente.

Durante a maior parte de sua história, a TB comeu o pão que o diabo amassou, por seu jornalismo objetivo e independente, voltado exclusivamente para os interesses do leitor. Num estado como a Bahia isso é sacrilégio paras as elites governantes. O tratamento dado à TB, em alguns momentos da vida baiana, foi semelhante ao dispensado ao Jornal da Bahia, nos anos 1970, e ao que recebe A Tarde ainda hoje.

Mas a TB, ao contrário do JB baiano, conseguiu sobreviver graças à garra de Joaci Góes e de seus fiéis escudeiros Walter Pinheiro e Francisco Aguiar que, a partir de 1997, assumiriam, em forma de cooperativa com outros companheiros da redação, a tarefa de conduzir o jornal com o afastamento de Góes, que decidiu se dedicar a outras tarefas.

Com a ida de Raimundo Lima para Angola, reassumiu o cargo de redator-chefe Paulo Roberto Sampaio. Em silêncio, bem ao seu estilo, vai tocando o dia-a-dia da TB com olhar no futuro. Aproveitando os novos ares da política baiana, que se apresenta um pouco mais equânime, os dirigentes da TB decidiram que é hora de uma nova revolução no jornalismo baiano, haja vista que A Tarde renovou-se recentemente com muito sucesso.

Com o auxílio de consultores paulistas, que por razões pessoais preferem o anonimato, o que deve ser respeitado, entregaram ao mercado baiano um belo jornal, com uma primeira página revolucionária em termos gráficos e editoriais. Segundo editorial assinado por Paulo Roberto Sampaio, a TB está “totalmente remodelada, com novo conceito gráfico, mais conteúdo, espaço crítico ampliado, novos colaboradores, cronistas e articulistas de renome nacional e um compromisso renovado com a Bahia…”

Esta é a nova Tribuna da Bahia que está nas bancas à disposição dos leitores baianos. Um jornal que faz a diferença, porque em seus 34 anos de existência sempre honrou o jornalismo baiano, mesmo nos momentos mais difíceis de sua vida empresarial. Como ex-colaborador da TB, sinto orgulho de fazer parte dessa história.

(*) Jornalista