Tuesday, 16 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1283

Trio de ouro na mesa de negociação

MUNDO DOS ÂNCORAS

O veterano Dan Rather, 70 anos, deve fechar uma extensão de seu contrato com a CBS, que o manterá na rede até 2006, informa Stephen Battaglio [New York Daily News, 27/4/02]. O acordo, no entanto, não garante que ele continuará como âncora do CBS Evening News, embora fontes afirmem que não haverá mudanças tão cedo.

Pelo contrato atual, que dura até 2003, Rather não tem compromisso de apresentar o programa, do qual é também editor administrativo. Embora o canal nunca tenha anunciado seu sucessor, especula-se que o apresentador ? salário de US$ 7 milhões anuais ? pode virar correspondente do dominical 60 Minutes, função que já assume no 60 Minutes II, além de apresentar 48 Hours.

Já Peter Jennings, 63 anos, apresentador do World News Tonight, pode enfrentar uma redução salarial. O contrato com a ABC (de US$ 10 milhões por ano) expira em agosto; os colegas já aceitaram corte de 25% no pagamento e aparentemente ele não será exceção, acredita Craig Offman [Variety, 25/4/02]. Outra opção seria conceder mais responsabilidades para justificar o alto salário de Jennings: já está previsto uma viagem nesta temporada para gravar uma série de reportagens, tarefa que está além das exigências habituais do âncora.

E finalmente Tom Brokaw, o mais jovem do trio de ouro dos noticiários (62 anos), cujo contrato com a NBC também termina em agosto. Autor de um best-seller, comenta-se que Brokaw pensa em se aposentar para cuidar da carreira literária, mas nada foi definido até o momento.

Sucessão eternamente adiada

Tamanha disposição dos apresentadores desanima colegas mais jovens. Preparados para assumir estes postos privilegiados, jornalistas como Brian Williams, da NBC, e John Roberts, da CBS, há muito estão na espera. Segundo Elizabeth Jensen [Los Angeles Times, 29/4/02], as mudanças são constantemente adiadas graças à relutância das redes em aposentar nomes conhecidos do público, preocupadas com índices de audiência em queda. Mas a estratégia acabou beneficiando canais a cabo: cansados de esperar por uma oportunidade, Connie Chung trocou a ABC pela CNN e Aaron Brown é hoje âncora do NewsNight.

Brown, aliás, foi o protagonista de um rumor divulgado pelo sítio Drudge Report, de que teria enviado nota furiosa aos chefões da CNN reclamando do excesso de tempo do programa dedicado à prisão do ator Robert Blake, acusado de matar a mulher. Tanto ele quanto a rede negaram a existência do documento; Battaglio [NYDN, 1/5/02] conta que Brown admitiu ter discutido suas preocupações com a cúpula em Atlanta, mas em tom cordial. "Não quero que aconteça a NewsNight o mesmo que houve com o programa de Keith Olbermann na MSNBC, que ficou refém da história Monica Lewinsky. Não quero ficar preso a nada." O apresentador, no entanto, não tem medo de dizer aos telespectadores que realmente acha que o programa exibido em 18/4 passou muito tempo cobrindo o caso.

Depois de ter o programa ameaçado pela tentativa de contratação de David Letterman, Ted Koppel, âncora do Nightline, transpira confiança e afirma: não tem a menor intenção de caçar o público jovem atraído pelo apresentador-comediante. "Seria um erro. Temos uma audiência maior do que todos os noticiários de canais a cabo juntos. Mirar na direção do público de 19 anos seria correr o risco de perder os de 35, 40, 45 e 50. E sabe de uma coisa? Ainda acho que pessoas de 60 e 70 anos compram coisas."

Como para enfatizar isto, diz Howard Kurtz [The Washington Post, 29/4/02], o apresentador viajou a Israel para gravar uma semana de Nightline sobre o conflito no Oriente Médio, incluindo entrevista com o premiê Ariel Sharon. Koppel não acha que chegou atrasado para cobrir a história, embora os colegas jornalistas e os tanques de Israel já tenham se retirado. "Odeio estar onde a multidão está", diz ele. "Nada foi resolvido. A situação está explosiva como sempre."