Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Um exemplo de acordo

MONITOR DA IMPRENSA

MÍDIA INVESTIGATIVA

Um acordo entre a viúva do piloto de corridas Dale Earnhardt e o jornal Orlando Sentinel, da Flórida, EUA, acabou com a disputa, até o momento, pelas fotos da autópsia do corpo. Segundo a Reuters (17/3/01), o jornal afirmou que foi permitido a um especialista examinar as fotos antes que sejam lacradas.

Dale Earnhardt morreu em 18 de fevereiro, ao chocar seu carro contra um muro durante uma corrida. Dias antes, o Sentinel publicara uma série de reportagens sobre a segurança da Nascar, afirmando que três pilotos da escuderia haviam morrido nos últimos nove meses com fraturas na base do crânio. O jornal quer que um especialista examine as fotos para determinar se a morte foi também causada por essas fraturas, que poderiam ser prevenidas com um sistema de segurança chamado Hans, que limita o movimento da cabeça e do pescoço em batidas.

Na Flórida, esse tipo de material é mantido como arquivo público, e o jornal queria utilizá-lo como parte da investigação sobre segurança nas corridas. Teresa Earnhardt discordara, temendo que as fotos fossem parar na internet. A viúva aceitou afinal o exame pelo especialista. No entanto, a legislação da Flórida permite que qualquer um requeira o material do arquivo publico e entre com processo.

CHINA

Em 1998 o jornalista Gao Qinrong virou destaque. Freelancer, sua revelação de um fraudulento esquema de irrigação numa província chinesa foi parar em diversos jornais do país. O trabalho foi apresentado a uma comissão do Partido Comunista, e as investigações transmitidas pela televisão chinesa. No entanto, Qinrong foi longe demais, e agora cumpre prisão de 12 anos por fraude, suborno e envolvimento com prostituição.

Mas casos como este estão se tornando mais raros na China, pois o número de pequenos jornais e repórteres independentes está crescendo cada vez mais no país, diz Elizabeth Rosenthal no New York Times (17/3/01). A difusão de artigos pela internet e a expansão da rede no país estariam colaborando para o crescimento da influência dessa "nova mídia" na China, ainda ofuscada pela censura.

Um bom exemplo foi a explosão em uma escola de Jiangxi no dia 6 de março, lembra Elizabeth. As autoridades e a grande mídia chinesa falavam de bombardeiro suicida, enquanto publicações menores denunciavam o trabalho forçado das crianças da escola na produção de fogos de artificio. Outro seria a revista Caijing (que pode ser traduzido como "Finanças"), publicação independente financiada por uma empresa privada de chineses em sua maior parte educados no Ocidente, que vem crescendo desde 1998.

O governo comunista já não consegue controlar toda a imprensa, pois já são mais de 2 mil os pequenos jornais. O Departamento de Propaganda tentou chamar os repórteres para a "união em uma única voz", mas os novos profissionais parecem espelhar-se na mídia de Hong Kong, e até na CNN. Quando as autoridades se sentiram ameaçadas por Gao Qinrong prenderam-no, e a Corte não aceitou apelo. A independência ainda é arriscada.

No entanto, Hu Shuli, editora das boas matérias da Caijing, admitiu a Clay Chandler (Washington Post, 22/3/01) que a liberdade da revista poderia não ser tanta se tratasse de assuntos políticos, e não especificamente econômicos e empresariais.

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