Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Um novo relógio jornalístico

WASHINGTONPOST.COM

Desde que vendeu sua parte na International Herald Tribune ao New York Times, deixando-o como único dono, o Washington Post tem estudado formas de concorrer com o diário nova-iorquino pelos mercados nacional e mundial. Bob McCartney, subeditor-administrativo responsável pela recém-criada operação de "notícias contínuas" do diário americano está convencido de que não é possível haver "um jornal sério e de qualidade sem um sítio de internet forte e efetivo". Ele quer que a redação se comporte como em tempos de guerra ? produzindo notícias em ciclo contínuo. A invasão anglo-americana do Iraque gerou 255 milhões de page-views mensais para o sítio do Post.

Reportagem de Erik Wemple, do Washington City Paper [3/7/03], conta que foi montada uma equipe de cinco jornalistas para gerenciar a produção contínua de notícias para o sítio. O grupo, apesar de pequeno se comparado às centenas de funcionários do diário, deve mudar o método de trabalho de todos. Acostumados com a rotina de uma manhã mais tranqüila e um fechamento que pode ir noite adentro, os repórteres deverão finalizar reportagens logo nas primeiras horas do dia, para que possam ir ao ar no horário de maior audiência para notícias de internet ? quando as pessoas chegam no trabalho e querem saber das novidades.

A direção do diário afirma que isso será bom porque os jornalistas terão todo o dia para melhorar as matérias que foram para a rede de manhã, para finalmente ser enviadas à edição impressa, à noite.

Entre os funcionários, no entanto, existe a opinião de que a necessidade de dar mais atenção à internet só significa sobrecarga de trabalho. Rick Weiss, que trabalha no Post e é ativista sindical, acha que a chefia não está sendo ingênua ao colocar a nova operação como algo que vá facilitar o trabalho. Apesar de a produção de material para o WahingtonPost.com não ser obrigatória, segundo a política oficial da empresa, ela está vinculada a uma melhor avaliação do funcionário. Em outras palavras, quem não quiser contribuir "voluntariamente" pode se dar mal.