Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Um tributo aos heróis

SHOW DE ESTRELAS

A noite de sexta, 22 de setembro, levou estrelas de Hollywood às telinhas de 156 países. Promovendo um show beneficente para ajudar as vítimas dos ataques terroristas, atores e cantores se dedicaram a um emocionante show de duas horas.

Bruce Springsteen abriu o especial intitulado America: a tribute to heroes (América: um tributo a heróis) com a música My city of ruins. O show, sem intervalos comerciais, foi transmitido por mais de 30 emissoras de TV aberta ou a cabo de Los Angeles e Nova York, com participação especial do grupo U2, direto de Londres. O encerramento ficou por conta do lendário músico country Willie Nelson, que, ao lado de estrelas como Al Pacino, Halle Berry, Jack Nicholson, Tom Cruise, Julia Roberts, Sylvester Stallone, Clint Eastwood e Stevie Wonder, cantou America the beautiful.

Houve alguns momentos marcantes, como o de Celine Dion cantando God bless America, o do discurso de Tom Hanks, o da fala trêmula de Julia Roberts e a interpretação de Neil Young à música Imagine, de John Lennon, considerada quase um hino da paz. Outra parte que chamou a atenção foi a de Will Smith com o ex-campeão de boxe Muhammad Ali, que se apresentou como muçulmano e disse: "Não estaria aqui para representar o Islã se fosse da forma com que os terroristas fizeram parecer. O Islã é da paz."

O show foi transmitido simultaneamente pelas sete emissoras comerciais americanas, ABC, CBS, NBC, Fox, WB, UPN e Pax, numa união sem precedentes entre canais que costumam se digladiar pela audiência. A emissora pública PBS e as duas maiores estações de língua espanhola dos EUA, Univision e Telemundo, também transmitiram o especial, assim como outros 21 canais de TV a cabo.

Mais de 8 mil estações de rádio americanas transmitiram o programa também. Ainda houve importante participação do megaportal Yahoo, que montou o sítio <www.tributetoheroes.org> para aceitar doações e permanecer ativo após o especial. As informações são de Steve Gorman [Reuters, 22/9/01].

LISTA NEGRA

A companhia americana Clear Channel Communications distribuiu lista interna com 150 canções às suas estações de rádio pedindo que evitassem tocá-las em razão dos atentados. De fato, tocar algumas das músicas listadas seria impróprio no momento, como é o caso de You Dropped a Bomb on Me, da Gap Band, e Blow Up the Outside World, do Soundgarden. Mas outras escolhas são menos justificáveis por não ter conexão literal com as tragédias, como é o caso de Ticket to Ride, dos Beatles e Bennie and the Jets, de Elton John. Mesmo canções otimistas ou esperançosas como What a Wonderful World, de Louis Armstrong e Imagine, de John Lennon, foram consideradas inadequadas. A proposta da Clear Channel não é obrigatória, e algumas de suas 1.170 estações, que atingem 110 milhões de ouvintes, não a estão seguindo.

Segundo Neil Strauss [The New York Times, 19/9/01], em 1942 o governo americano emitiu sugestões para as emissoras de rádio de como agir em tempos de guerra. Pelo bem da segurança nacional, as estações deveriam cancelar os boletins meteorológicos, que poderiam ajudar o inimigo a planejar um ataque, evitar entrevistar pessoas na rua ou ouvir pedidos de música, pois o entrevistado poderia ser um espião enviando mensagens em código em palavras ou canções.

A nova lista, no entanto, não tem a intenção de promover a segurança nacional, mas a de assegurar a saúde mental do país, observa Strauss. Para grupos de defesa da liberdade de expressão, esta pode ser a primeira lista negra do que o presidente Bush chama de guerra contra o terrorismo.

Embora a lista mencione canções específicas, há uma exceção: todas as músicas do grupo Rage Against the Machine foram consideradas inadequadas. Tom Morello, guitarrista da banda, defende que sua música "se opõe totalmente ao tipo de violência cometida contra inocentes". "Se nossas canções são ?questionáveis? de alguma forma, é porque elas encorajam pessoas a questionar o tipo de ignorância que gera intolerância ? intolerância que pode levar à censura e à extinção de nossas liberdades civis ou, ao extremo, pode levar ao tipo de violência que testemunhamos", declarou.

    
    
                     

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