Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Uma nova função jornalística

ASSUNTOS MILITARES

Marcelo Ribeiro (*)

Cobrir guerras é uma das funções mais apaixonantes do jornalismo. Mesmo com todos os riscos e desafios inerentes à profissão de correspondente de guerra. Mas, em tempos de conflitos que movimentam o mundo, há uma "nova espécie" de jornalista que também entra em ação ? o especialista em assuntos militares.

Muitas vezes sem precisar ir ao campo de batalha, e quase sempre cercado por livros e publicações técnicas, esse profissional é uma das peças mais importantes de uma cobertura de guerra.

Seu trabalho vem sendo cada vez mais aceito e solicitado pelas redações dos grandes jornais e cadeias de televisão do país. Desde a Guerra do Golfo, um conflito que marcou uma série de inovações e tendências da cobertura jornalística na década de noventa, esse tipo de jornalista especializado vem ocupando grandes espaços em páginas importantes de publicações não menos relevantes. Além disso, esse material é repetido em vários outros veículos de comunicação Brasil afora.

Mas que profissional é esse, que deixa sua marca em jornais de renome como Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo? A resposta é simples: é um jornalista especializado como outro qualquer. Não vai aqui nenhum desmerecimento, muito pelo contrário. Mas sim, vai minha opinião de que essa nova área profissional não deve ser encarada como um luxo, uma função exótica ou ainda desnecessária.

Há no Brasil, atualmente, uma idéia errada do que esse especialista representa. Uma das associações mais comuns está ligada a militarismo ou doutrinação política. É importante que fique claro que essa não é a função de um especialista em assuntos militares. Então, qual a verdadeira razão de existir este profissional na redação?

Esclarecer, seria minha resposta.

Nada melhor do que alguém que conhece o assunto para poder evitar a publicação de falsas afirmações ou de números equivocados. Não é raro a imprensa veicular reportagens sobre equipamentos militares ou assuntos relativos à defesa em que dados e idéias não representam a realidade.

Muita leitura técnica e histórica, poder de análise e um mínimo ? para não dizer máximo ? de interesse em política internacional são as características comuns desses profissionais. Outro ponto importante, se não o mais relevante, é gostar do que se escreve. Essa classe de jornalistas, que antes de mais nada é formada por apaixonados por história, tecnologia e ciência, tem muito a contribuir e a esclarecer, sobretudo em épocas em que as informações são raras e manipuladas, como em tempos de guerra.

As razões de um conflito, equipamentos usados, análises e entrevistas com outros especialistas e avaliações da campanha são algumas das incumbências desse profissional. A busca por esse tipo de informação também vem crescendo muito. Talvez aí esteja uma das explicações para a imprensa estar abrindo esse novo espaço. Portanto, acredito que a solicitação do trabalho de especialistas em assuntos militares no Brasil deva aumentar de forma significativa nesta década.

A contribuição desse jornalista especializado é complemento da informação passada ao leitor ou ao telespectador. Um dos propósitos básicos da imprensa: informar mais e cada vez melhor.

(*) Estudante do 3? ano de Jornalismo da PUC-PR e interessado em assuntos militares; email: <mrs05@ig.com.br>

    
    
                     

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