Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Uma pauta para o debate

Depois de uma primeira carta transformada em artigo no número 26 do O.I. (ver “Sociedade não debateu”, abaixo), José Paulo de Andrade nos remeteu outra mensagem, em que, após exaltar o modo como seu texto foi tratado, permitindo o desdobramento da discussão, propõe um roteiro para a análise do rodízio. Abaixo, esta nova mensagem e a resposta.

José Paulo de Andrade



“Reagi a um rótulo negativo que alcançou o veículo rádio como um todo, que foi o título do artigo do Elder Faria Braga, “Rádios tendenciosas” e, com menor ofensa, o seu, “Cidadania Castigada”. (….) Gostaria de acrescentar que a cobertura da imprensa em parte foi prejudicada pela pouca informação gerada tanto pelo Executivo como pelo Legislativo. A peça de justificação do projeto, enviada pelo governador, é um primor de desinformação, não contém sequer um dado técnico. Que houve bobagens, não há dúvida, como as reportagens de um entrevistado só, pessoas que ‘tanto-faz-como-fez’ ou, como saiu na primeira página de “O Estado de S.Paulo” de 24 de junho, um ‘empresário’ que decidiu usar o metrô, em companhia de seu suposto motorista (empresário que, por coincidência, é irmão da assessora de imprensa do governador).

A discussão para ser objetiva tem de se centrar em alguns pontos cardeais:

1) O rodízio é necessário para reduzir os índices de poluição?

2) Justifica-se impor sacrifício a parte da população durante período tão longo (em 98, de maio a setembro)?

3) Quais os investimentos que a Cetesb faz no restante do ano para combater as fontes poluidoras, não só as originárias de veículos automotores?

4) Que papel devem exercer as Câmaras Municipais dos municípios abrangidos pela restrição de circulação?

5) O que deve mudar na Assembléia Legislativa para que a região metropolitana não seja obrigada a engolir decisão de metade de deputados do interior, sem nenhum vínculo e satisfação a dar aos eleitores da área, preocupados em dizer “amém” ao Governo?

6) A tal consulta popular sacada à última hora pelo secretário, que critérios vai ter para não ser distorcida? (….) Por último, não consideremos o proprietário de automóvel como um bandido. O mérito do rodízio – e não a cobertura da imprensa – é que tem estado em discussão para as pessoas que têm acesso ao OBSERVATÓRIO. E se justifica, é a parte mais forte.

Quanto à cidadania, que teria sido castigada, Mauro, não se esqueça de que o rádio tem sido responsável, em grande parte, pela popularização dos mecanismos de defesa do consumidor. Esta é uma tecla na qual venho batendo em meus quase 25 anos à frente do programa ‘O Pulo do Gato’. Quando começou, em abril de 73, as pessoas diziam que tinham procurado o INPS para atendimento médico, porque ‘era de graça’. Hoje elas sabem que nada é de graça e quem paga são elas. Não subestimemos a importância do veículo como propagador dessa conscientização. Quanto aos ‘direitos humanos’ (não os legítimos), veja a que caos levaram a Segurança Pública. O que acontece hoje é reflexo da desmoralização a que alguns governantes submeteram a Polícia.”

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