Wednesday, 24 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Vamos dançar com as idéias

JORNALISMO APRESSADO

Sou estudante de Jornalismo e estou no segundo ano. Este texto de Deonísio da Silva, "Síndrome de jornalismo apressado", reflete bem os erros que o profissional comete motivado pela pressa do dia-a-dia. Isto é bom para o estudante parar, pensar e pesquisar, para que erros de hoje não se repitam no futuro. Algo remotamente possível. Praticamente impossível, Pois errar é humano, mas persistir é burrice, aprendamos com nossos erros.

Em matéria publicada pelo jornal Folha de S. Paulo do dia 2/9/01, o educador e escritor Rubem Alves escreve: "Pensar não é ter as informações. Pensar é dançar com o pensamento apoiando os pés no texto lido." A leitura dos jornais nos torna estúpidos? E este é um texto musical, onde podemos dançar facilmente nos apoiando em cada palavra. O profissional de hoje fala muito bem a língua inglesa, espanhola e se esquece um pouco do português. Não posso mudar, mas, farei a minha parte de informar com dignidade e não ser apenas um coadjuvante. Quero ser, a testemunha ocular da história.

Leia também

 

ERROS MÉDICOS

Com base nos dados divulgados pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), traçando um perfil das denuncias recebidas pela entidade – no período de janeiro de 1995 a julho de 2001 -, o jornal Folha de S. Paulo (18/10) publicou o editorial "Erros médicos", comentando o assunto. "(…) Das 12.892 queixas encaminhadas ao conselho entre 1995 e julho de 2001, apenas 41 (0,3%) resultaram na cassação do registro profissional dos responsáveis, a penalidade mais grave prevista em lei. O total de punições aplicadas, 802, representa um índice de 6,2%. Mas boa parte das sanções aplicadas, as advertências e censuras, confidenciais em aviso reservado, que somam 369 (g. n.) ? quase metade ? são bastante leves (…)".

Diferentemente do que é dito no editorial, a porcentagem de médicos que tiveram os seus registros cassados não é de 0,3% , uma vez que não estavam em julgamento as 12.892 denuncias e, sim, 1.061 processos, dos quais não se sabe o numero de médicos em cada um dos processos. Por sua vez, o total de médicos punidos foi de 774, e não 802, o que representa um índice de 72,95%, e não 6,2%, conforme mostrado no editorial. Por fim, receberam as penalidades, ditas "leves" (?) pelo editorialista, cerca de 341 médicos, e não 369.

De um total de 12.892 denuncias recebidas pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo, no período de janeiro de 1995 a julho de 2001, 1.061 foram transformadas em Processos Ético-Disciplinares, com 774 (72,95%) médicos apenados. Desses, 41 médicos (5,29%) tiveram os seus registros profissionais cassados; 121 (15,63%) receberam a suspensão do exercício profissional por 30 dias; 271 (35%), a censura pública em publicação oficial, e 341 (44%), advertência/censura confidencial em aviso reservado. Não é citado quantas foram as queixas apreciadas e analisadas, se a totalidade (12.892) ou não. Tampouco é dito quantas das reclamações eram improcedentes ou foram arquivadas por falta de provas testemunhais ou documentais.

Igualmente, não foi divulgado o número de processos, entre os 1.061 julgados, que correspondia à infração ao Art. 29 do Código de Ética Médica, que diz respeito aos erros médicos propriamente ditos, bem como qual seria o número de médicos citados em cada um dos processos. Suponhamos, por exemplo, que, entre os 774 médicos que sofreram algum tipo de sanção, aproximadamente a metade (387) estivesse sendo julgada pela prática de erro médico. Isso nos faria pressupor que o número de médicos cassados, em termos porcentuais, seria da ordem de 10,3%., um índice, diga-se, bem expressivo, por tratar-se de uma penalidade que impede o exercício profissional pelo resto da vida.

    
    
            
Mande-nos seu comentário