Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Vespertinos em guerra

MONITOR DA IMPRENSA

TABLÓIDES GRATUITOS

Em 12 de setembro a cidade de Nova York ganhou um novo vespertino gratuito. A cortesia é do New York Daily News, que cobra 50 centavos de dólar por seu exemplar convencional. Após o anúncio do News, o New York Post habilmente cortou seu preço pela metade.

Segundo Felicity Barringer e Jayson Blair [The New York Times, 11/9/00], os gestos intensificam a guerra entre tablóides – o que pode comprometer os veículos à medida que implicam gastos adicionais das companhias. Os concorrentes preferem assumir perdas no curto e médio prazo para, no longo prazo, garantir domínio do mercado.

O News e o Post estão, portanto, arcando conscientemente com maiores custos de impressão e gastos extras. Para o News, há, também, a questão de estar lutando uma guerra de duas frentes: o jornal de Long Island Newsday está retomando sua circulação em Queens.

O novo vespertino, Express, imprimirá 75 mil cópias e será distribuido em 85 pontos estratégicos a commuters – pessoas que viajam todos os dias para trabalhar. Les Goodstein, chefe de operações do News, disse que executivos do jornal tiveram a idéia quando o Metro, também jornal gratuito, passou a ser distribuido para commuters da Filadélfia. "Estamos refinando e reformulando o conteúdo para adaptar o jornal a Nova York", disse Goodstein.

O Express, de 40 páginas, espalhará igualmente artigos de cerca de 300 palavras e anúncios, enfatizando tópicos como negócios, entretenimento e esportes. Na Europa, jornais desse tipo começaram a prosperar há mais de duas décadas, mas tratam-se de matutinos – e nova-iorquinos já têm diversas opções para leituras matinais. "O buraco do abismo é durante a tarde", disse Goodstein.

Ken Chandler, editor do Post, disse que conhece "diversas histórias de pessoas que foram pacientes em adotar uma visão a longo prazo com jornais". "Só enxergamos a mudança de preço como uma chance para introduzir novos leitores ao jornal e reintroduzir os antigos que podem não ter visto as edições recentes."

Não é à toa que o Express está estreando às vésperas dos Jogos Olímpicos e na época em que anúncios pré-Natal começam a ser negociados. Enquanto isso, executivos do Post estarão monitorando sua própria circulação. Chandler não prevê futuros cortes nos preços – ignorando a descrição provocativa de Goodstein da atitude do Post como uma estratégia "desesperada". "Trata-se de um ambiente extremamente competitivo", disse Chandler.

COBERTURA

Duas emissoras de TV – a ABC e a CBS – foram deixadas de fora dos planos do candidato republicano George W. Bush para a cobertura de seus debates. Por isso, em 4 de setembro seus porta-vozes declararam que as estações não têm intenção de sustentar debates presidenciais patrocinados por emissoras rivais.

A proposta de Bush, anunciada no dia 4, consistia em substituir os debates da semana seguinte por uma edição em horário nobre do programa Meet the Press, apresentado por Tim Russert, na NBC. Para 3 de outubro, o candidato sugeriu um debate de 60 minutos do programa Larry King Live, da CNN.

De acordo com matéria de Peter Marks [The New York Times, 5/9/00], executivos da ABC e da CBS disseram que não dedicarão tempo de suas emissoras para o que consideram promoções para Russert e King. "Acho que há interesse de alguns em chamar isso de debate, mas tratam-se basicamente de talk shows, e não costumamos transmitir talk shows de outras emissoras", afirmou Andrew Heyward, presidente da CBS News. Paul Friedman, vice-presidente executivo da ABC News, endossou o que disse Heyward. "Não é agradável cobrir programas de outras emissoras", disse.

Tanto a NBC quanto a CNN deram permissão para a transmissão dos debates em todas as emissoras, mas ficou claro que muitas delas estavam se sentindo desconfortáveis com a situação. Teoricamente, essa é uma forma de corromper a regra da Comissão de Debates, segundo a qual só se pode agendá-los por meio de um painel oficial da Comissão.

A Comissão foi estabelecida não apenas para eliminar esse tipo de competição, mas também para assegurar que debates possam ser vistos pelo maior número de pessoas possível. Para a Comissão, o plano de Bush é potencialmente uma séria subversão à missão original e, por isso, espera-se convencer a equipe de Bush de que o plano do candidato é uma versão diferente da proposta oficial. "Achamos que campus de universidades são melhores que estúdios e que seis emissoras são melhores que uma ou duas", disse um membro da Comissão.

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