Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Vigilância ética

Edição de Marinilda Carvalho

Nossos habituais missivistas devem estar com os olhos na França, mais especificamente nos capítulos diários da novela que vem sendo rodada em Lésigny. Afinal estamos, se não todos pelo menos a maioria, discutindo com ardor se Leonardo deve ficar com a vaga de Giovanni, se Denilson deve entrar logo no primeiro tempo no lugar de Bebeto, ou se a posição não era para ser mesmo é do Edmundo? :))

Temos duas cartinhas aqui sobre o Mundial, e mais comentários na Farra da Copa sobre o exagerado circo que a mídia brasileira montou na França. Mas o destaque vai para os temas mais importantes – fora a Copa, claro! – da última quinzena: some a ética quando se reproduzem em anúncios matérias jornalísticas, a falta de informação sobre a greve dos professores das universidades federais, o conflito de interesses que ameaça o processo de privatização das teles e o papel da mídia na divulgação da violência.

Torçam, mas não deixem de ler!

 

Clique no texto sublinhado para ler a íntegra

 

Nos meus tempos de revista de serviços (automóveis) sempre havia muita pressão das fábricas (da GM em particular…) para usar reprodução de material editorial em anúncios, out doors etc. No meu tempo, nunca permitimos, apesar da pressão dos departamentos comerciais e até de altas direções….

José Carlos Marão

 

Achei muito interessante o artigo (ver remissão abaixo para “Greve mal noticiada”) sobre a falta de informação no noticiário da greve nas instituições federais de ensino. Mesmo porque, a greve é, mais uma vez, a ponta do iceberg de uma crise que já se arrasta há alguns anos.

Fortunato Mauro

 

Falar que o Zagallo está esbulhando o Erário é forte demais. A CBF não recebe verbas federais (como no passado), por nossa sorte. Assim, não se pode dizer que os recursos públicos estariam sendo esbulhados.

Aproveitando, qual o nome do livro de Alberto Dines sobre os judeus no Brasil, que o autor foi pesquisar em Portugal? Será que ainda se encontra à venda e saberiam dizer-me o preço? Há muito que tenho interesse em adquiri-lo.

Salo Garbati

Nota: A edição de Vínculos do Fogo, o livro de Alberto Dines sobre Antônio José da Silva, o Judeu, está esgotada.

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Vocês deveriam fazer uma reportagem criticando a coordenação da Seleção Brasileira. Acredito que eu não fui a única a me sentir mal com as controvérsias dos depoimentos de alguns membros como Zagallo, Filé, Dr. Lídio Toledo e Zico, a respeito do problema do Romário. Além do corte do Baixinho, tem o caso do Flávio Conceição. Um jogo de interesses e falta de respeito com grande parcela da população brasileira no mínimo fanática por futebol.

Alexandra Peconick, 16 anos, Belo Horizonte

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“Mais uma vez a imprensa reforça os defeitos da sociedade ao invés de corrigi-los”.
A frase de Dines no artigo sobre os erros da cobertura da imprensa na copa do mundo demonstra a falsa idéia que nós próprios, profissionais da imprensa, alimentamos. Até parece que a imprensa realmente é capaz de “corrigir” defeitos da sociedade…
Ao contrário, a história demonstra que os meios de comunicação são reflexo da sociedade e evoluem juntamente com ela. Que têm grande contribuição para o exercício da democracia, não há dúvida, mas também não podem posar de arautos da liberdade e correção. Pelo que percebo, por mais que nós, profissionais da área, façamos crítica sobre nossa atuação, sempre sobra há uma pontada de arrogância, um fundo de “certeza” de que estamos sempre certos, apesar de eventuais erros. Isso éeacute; mau.
Tatiana Learth

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Mais uma vez irretocáveis os comentários de Alberto Dines sobre a exagerada presença de nossos jornais na cobertura da Copa. Já sei que vão dizer que, no país do futebol, não poderia ser diferente. O leitores podem ser viciados irrecuperáveis em futebol(meu caso) mas nada justifica que a Folha faça um verdadeiro carnaval enviando para a França um batalhão de jornalistas de sua equipe. Mandar o Clóvis Rossi e o Jânio superou todos os absurdos. Os dois até que não estão decepcionando, pelo contrário, pois craque é craque, mas é um desperdício. É que o Brasil precisa dar uma guinada em tudo, e a Folha, o ainda melhor jornal do Brasil, deveria dar o exemplo, sem cair nesse oba-oba. Como bem disse o Dines, isso só ajuda a reforçar os defeitos de nossa sociedade.

José Rosa Filho

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Como o assunto é Copa do Mundo de Futebol, é bom estar atento aos comentaristas que povoam as televisões brasileiras, salvo raríssimas exceções (caso de Mário Sérgio, da TV Record), eles nada mais são que torcedores. As análises não têm qualquer base lógica, tanto no plano tático, quanto técnico, inclusive quando feitas por Pelé, o Astro-Rei. As críticas não têm qualquer base, podendo ser contraditadas pelo próprio comentarista, no dia seguinte; basta que o Seleção apresente melhor futebol e ganhe uma partida. Vou dar um exemplo: os comentaristas da Bandeirantes passaram os últimos quatro anos malhando o Tafarel. Em um dos programas Apito Final, para fazer a Seleção ideal, a grande maioria escalou o Tafarel como titular. Onde está a coerência?
Ronaldo Giusti

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Sou estudante de jornalismo em Itajaí, SC. Fico entristecida pela cobertura que vem sendo feita pelas emissoras de televisão. Não desmereço um evento como a copa do mundo, mas penso que o telespectador quer saber sobre o que acontece no país. Ninguém vive de futebol. Me senti conformada ao ler o texto de Alberto Dines. Não sou só eu quem pensa assim. Sou agradecida pelo trabalho de vocês.

Lilian Muneiro

 

Obcecada pela pauta do Planalto, a imprensa deixa de acompanhar (auscultar, sentir) a evolução do sentimento da sociedade, espantando-se depois (e errando redondamente), quando as pesquisas mostram o que têm mostrado nas últimas semanas. Ignora acontecimentos importantes, como o II Encontro Nacional de Conselheiros de Saúde, realizado de 2 a 4 de junho em Brasília.

David Capistrano Filho

É impressionante a capacidade da mídia de moldar os produtos, no caso a “solução para a impotência” da forma como desejam! A cada dia me impressiono com a falta de ética, de escrúpulos dessa máquina, ou empresa, de fazer dinheiro. O pior é que nós somos usados para tal conquista!

Alexandra Peconick

 

No dossiê sobre o Viagra, o laboratório Pfizer não informa se foram ou não feitos estudos sobre se a ação músculo-relaxante do Viagra se estende aos demais músculos do corpo.

Em termos de Saúde Pública, os fatores de risco na relação dos benzodiazepínicos com a direção de veículos estão sendo descobertos agora. Quanto tempo vai ser preciso esperar para se saber quais os riscos viagranses?

Isak Bejzman

(Ver abaixo remissão para “Viagra”.)

A primeira página da Ilustrada da Folha de S. Paulo do dia 15 de junho é sobre o sepultamento de Lucio Costa. Mas não tem foto de Lucio Costa e sim uma fotografia de Oscar Niemeyer sentado desconfortável numa poltrona redonda, com a praia de Copacabana ao fundo. A foto foi feita no escritório do arquiteto. Quem olha sem ler, fica pensando que a Folha se enganou e no lugar de colocar a foto do Lucio colocou uma foto do Oscar. Mas não. Há um depoimento de Oscar Niemeyer sobre Lucio Costa que não tem nada a ver com a foto. Na reportagem, que ocupa também páginas de dentro do Ilustrada, não tem foto recente de Lucio Costa, como se todos os leitores já conhecessem a imagem do grande arquiteto.

Ivan Lima, fotógrafo no Rio

 

Muito gentil o texto de Gentilli (desculpem o trocadilho infame) com FHC, que chamou de vagabundos os aposentados (ver remissão abaixo).

Oh!, que injustiça com o presidente, tão incompreendido pela imprensa, coitadinho. vagabundos os aposentados, ignorantes e neobobos os críticos – quão gentil é o nosso iluminado presidente! Não é preciso “pinçar” nada, Sr. Gentilli. Ditas claramente, as palavras valem pelo que dizem. O resto é bajulação, hoje tão comum em boa parte do jornalismo brasileiro.

Orlando Tambosi

Vocês não acham que as opiniões sempre favoráveis ao governo e a oposição raivosa ao Lula e ao MST do Bóris Casoy em seu noticiário são no mínimo suspeitas?

Rivero

 

O Hospital das Clínicas foi questionado sobre a internação de Glória Pires, que teria tentado o suicídio por motivos que nem ousaria acrescentar, sob pena de estar alimentando os tais boatos. Foi difícil para a assessoria de imprensa convencer os jornalistas, especialmente os de rádio e televisão, de que ela não estava internada.

Flavio Tiné

 

Gostaria que o Sr. Dines explicasse com mais detalhes por que considera o Extra um excelente jornal popular. A citação está em ”Época começa com guerra de preços” (ver remissão abaixo).

Tenho opinião contrária, mas gostaria de ouvi-lo na esperança de que tenhamos um debate enriquecedor sobre esta questão.

Paulo Oliveira

Resposta de Alberto Dines:

Meu caro Paulo, exagerei: é um bom jornal popular. E a razão do meu exagero é porque veio bem amarrado desde a primeira edição. Não tem preconceito contra o noticiário “nobre”, portanto não discrimina o leitor popular. E não está a serviço de interesses eleitorais como costuma acontecer neste segmento. O elogio não me impede de condenar a prática da guerra de preços.

Ser… sincero nas minhas considerações sobre a VIP Exame, ou não ser? Eis a questão.

James Silver

 

Vivi por 20 anos na, então, União Soviética. Durante todos aqueles anos não li, não ouvi e não vi notícia de crime comum nos jornais e na mídia eletrônica local. Pouco depois, vieram à tona todos os tipos de crimes praticados por toda a União. Na União Soviética o não publicar não deu resultados.

Obertal Mantovanelli

 

Gostaria de sugerir ao jornalista Alberto Dines que comentasse, no OBSERVATÓRIO NA TV, o episódio lamentável envolvendo o agora ex-colunista Marceu Vieira, do JB, e a Folha de S. Paulo/Cony.

Teresa Barros

 

Sugiro aos colegas que passem a criticar também os jornais de televisão. Pelo menos no Jornal da Band, nossa preocupação básica é independência, agilidade e busca de informação exclusiva e de boa qualidade.

Joaquim de Carvalho

 

Uma pequena matéria publicada no Globo de 30 de maio é emblemática da adjetivação absurda praticada pela imprensa brasileira. Trata-se de uma feature sobre o lateral-esquerdo da seleção brasileira, Roberto Carlos, e sua coleção de jóias. Em determinado trecho, lê-se: “A montanha de dinheiro daria para o dono do chute mais potente da seleção comprar um Porsche 911 Carrera conversível zero quilômetro, ou um apartamento de três quartos no Leblon, melhor bairro do Rio”.

No que se baseia a “informação”? Pesquisa? Estatística de acidentes, assaltos etc.? Nível de poluição do ar? Infra-estrutura urbana? Ou estará o repórter/redator tentando vender algum apartamento no “melhor bairro do Rio”?

Cláudio Gunk

 

O reinado das drogas está de vento em popa, acelerando e abusando de tudo e de todos. E não se vê nenhuma reação positiva, coordenada e decidida para extinguir esta barbárie das terras brasileiras.

Renzo Sansoni

 

Uma democracia moderna se sustenta com negociações entre alas divergentes. Mas uma situação em que parlamentares fazem pressão para que o Executivo abra seus cofres para votar e representar o povo, eu não poderia classificar como uma situação democrática, mas como o uso patrimonialista do poder.

Cibele Buoro

 

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Continuação do Caderno do Leitor

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