Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Xeque-mate de Murdoch

MONITOR DA IMPRENSA

TABLÓIDES

O Observatório da Imprensa divulgou na semana passada matéria sobre o acordo que o barão da mídia britânica, Rupert Murdoch, teria feito com o Palácio de Windsor para não divulgar indiscretos comentários que um de seus repórteres teria arrancado ? sob disfarce ? da nora da Rainha Elizabeth [ver remissão abaixo].

Todos saíram atrás de informações da escandalosa conversa entre Sophie Wessex e o repórter, que se disfarçou de xeque árabe. Conclusão: no dia 9, o News of the World, de Murdoch ?4 milhões de exemplares diários ? dedicou suas primeiras 10 páginas para a história, sob o título "Exclusiva mundial ? Sophie: as fitas."

Segundo T. R. Reid [The Washington Post, 9/4/01], o episódio ajudou aos críticos da família real e inspirou novas exigências pela extinção da monarquia, ou pelo menos dos subsídios públicos que sustentam seu modo de vida. Depois de encontro exigido pela rainha, Sophie anunciou que deixará a direção de sua empresa por um tempo. A condessa tem sido acusada de utilizar-se do status de mulher do príncipe Andrew para favorecer seus negócios. Embora frases atribuídas a ela sobre o primeiro-ministro Tony Blair, o príncipe Charles e a rainha, entre outros, estejam estampadas por toda a Inglaterra, Sophie ganhou um pouco da simpatia do público por causa do tratamento que ela e o palácio receberam do tablóide de Murdoch.

Em entrevista à BBC no dia seguinte à publicação, o editor do News of the World, Stuart Kuttner, disse que a decisão de publicar a entrevista foi tomada por causa das distorções que estavam sendo produzidas por outros jornais.

Leia também

Bobos da corte

LIBERDADE PERIGOSA

Na primeira semana de abril, a Corte de Apelações dos Estados Unidos deu vitória aos ativistas pró-vida no caso "Nuremberg Files", nome do site processado por divulgar nomes e endereços de clínicas e médicos que praticam aborto. A decisão dá margens a debate mais amplo, disse Eugene Volok, em artigo no Wall Street Journal (7/4/01).

Em meados da década de 90, pessoas listados no site entraram com processo por se sentirem ameaçadas, baseadas nos vários casos de ataques a clínicas de aborto e assassinatos de médicos. Elas alegaram estar constitucionalmente desprotegidas por ameaças, e o júri decidiu que deveriam receber mais de US$ 100 milhões ? decisão que a Corte de Apelações acaba de revogar, com base na Primeira Emenda da Constituição americana, que garante a liberdade de expressão.

"Precisamos punir a violência, mas também proteger o discurso", diz o artigo.

AOL E TIME WARNER

Um ano após o anúncio da fusão AOL/Time Warner, as diferenças culturais entre as duas empresas parecem quase ajustadas, sob a direção de Steve Case, responsável pela reconfiguração do império mediático AOL Time Warner.

Desde o início Case afirmou acreditar nos ideais de inovação e no interesse do público, determinantes no trabalho de Henry Luce, fundador da Time Warner, disse Gabriel Snyder [The New York Observer, 11/4/01]. No entanto, muitos duvidavam que o tradicionalismo do império de Luce, sedimentado por mais de uma década, pudesse se adaptar não só à era digital, como também ao modelo moderno das empresas online.

Mas uma brecha entre o novo e o velho permaneceu, acredita Snyder. A administração centralizada e dinâmica da AOL entrou em discordância com a descentralização burocrática e lenta da Time Warner. Sob as mangas de Case, toda a empresa seria centralizada.

A grande mudança imediata que a antiga companhia teve que enfrentar foram os cortes de gastos; acabaram-se as festas, os jantares e os coquetéis tão comuns nos tempos de Luce. O primeiro motivo foi a queda de anunciantes, que vem afetando praticamente todas as empresas de mídia. Afora problemas externos, espera-se que isso ajude a provar à equipe da conquistadora AOL que os empregados da Time Warner podem viver sem o luxo dos velhos tempos.

O maior corte de pessoal veio por meio de aposentadorias antecipadas, oferecidas aos trabalhadores com mais de 50 anos que estão com a Time Inc. já há 15. Outras propostas de demissão voluntária estão sendo oferecidas ou consideradas por cada revista da organização.

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