Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

>>A força do atraso
>>A importância dos debates

A força do atraso


A constatação de que Alckmin caiu nas pesquisas por lhe ter sido colada a pecha de privatizante, sem que ele se dispusesse a defender as conquistas feitas nesse terreno pelo governo de Fernando Henrique, mostra que o país ainda terá de esperar um bom tempo para se livrar daquilo que comumente se chama “atraso”. O ambiente atrasado facilita a proliferação de conflitos, acusações, escaramuças de todo tipo. É tudo o que o atraso quer. A mídia precisa ficar atenta para, sem ceder ao cinismo governista, evitar fazer-se instrumento dos pescadores de águas turvas.


As fotos escondidas


A Folha informa hoje que a Polícia Federal se engajou na campanha de Lula ao tentar evitar a divulgação de fotos. Desde agosto de 2004 existe uma instrução normativa que recomenda divulgar “material apreendido em operações policiais, visando ilustrar reportagens”.


A importância dos debates


Alberto Dines defende a importância dos debates entre candidatos na televisão.


Dines:


– A imprensa cansa depressa. Antes do primeiro turno reclamava a ausência do candidato Lula nos debates televisivos. Então o candidato do governo prometeu que se houvesse segundo turno ele participaria de debates todos os dias. Agora, depois de apenas três debates, os jornais começam a dizer que os debates estão chatos, cansaram. Será que a imprensa quer espetáculo ou quer encarar nossa realidade política? Os debates não estão chatos, são verdadeiros, retratam fielmente os candidatos e mostram até que ponto o marketing domina o nosso processo eleitoral. O primeiro debate na Band foi surpreendente, mostrou a transformação do candidato Alckmin. O debate do SBT foi mais fraco, por culpa dos próprios candidatos e de suas assessorias. O terceiro, da Record, foi o melhor porque os responsáveis tiveram a coragem de mudar o formato e sobretudo porque trouxeram jornalistas que não fazem parte do circuito de estrelas da crônica política. E justamente por causa destes jornalistas reverteu-se o clima e o confronto que parecia declinar, de repente, esquentou. Quem dormiu no ponto foram os grandes jornais que não souberam aproveitar no dia seguinte os quatro minutos em que o candidato Lula falou sobre a imprensa e a mídia. Comeram mosca. Ou melhor, seguiram a velha tradição de ignorar o debate sobre a imprensa e sobre a mídia. Portanto não são os debates que estão cansando, é a imprensa que primeiro reclama contra o desrespeito à democracia e, depois, esquece o seu papel de zeladora da democracia.



Escola Base


A Folha noticia hoje que as indenizações do caso Escola Base – em que a família dos proprietários foi levianamente acusada por um delegado de polícia, em 1994, de ter cometido abuso sexual contra crianças – já alcançam o montante de 8 milhões de reais. Na lista das empresas processadas estão os principais meios de comunicação do país.


História viva do PT


Foi para as bancas em setembro uma edição temática da revista História Viva sobre a esquerda no Brasil. Em artigo do professor Cláudio Gonçalves Couto, da PUC de São Paulo, encontra-se uma síntese da trajetória do PT. Diz o professor que, desde a conquista das primeiras prefeituras, em 1982 e 1985, o partido começou a abrir mão da pretensão ao monopólio da pureza e da correção. Era transigir, ou fracassar.


Cresceu um conflito entre petistas no governo e petistas no partido. O desafio de ser governo, diz Cláudio Gonçalves Couto, por um lado “talhou lideranças cada vez mais preocupadas com a conformação do partido às responsabilidades governamentais”, mas, por outro lado, “abriu espaço para uma agressivamente expansiva burocracia partidária, que percebeu no controle do aparato governamental um meio para expandir seu poder, reforçar a organização e ampliar seu potencial eleitoral”. As duas lógicas ao mesmo tempo se contrapõem e se combinam.


O preço da fama


Sob pressão, o Google anunciou providências para reduzir o uso do site de relacionamento Orkut por pedófilos, racistas, traficantes e outros criminosos. A decisão mais importante é a mais simples: contratar mais gente para trabalhar no portal.



Campanhas versus notícias


O TSE definiu que os partidos políticos não podem utilizar a legislação eleitoral para reivindicar espaço em jornais e revistas em nome do direito de resposta. Segundo o Estadão, o tribunal decidiu tratar propaganda eleitoral e informação como produtos de natureza diferente. Nos últimos anos, a confusão foi acentuada pelo uso de técnicas de jornalismo por marqueteiros e publicitários.