Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

>>A hipótese da sabotagem
>>Lula e a notícia ruim

Financiamento questionado


Nova reportagem da Folha sobre questionamento de doações de campanha pela Justiça Eleitoral pode abrir uma linha fecunda de discussão sobre o modelo de financiamento da política no Brasil.


A hipótese da sabotagem


No noticiário sobre a crise aeronáutica, o oficialismo sugere a hipótese de sabotagem de controladores. Todas as hipóteses devem ser consideradas. Comprovar sabotagem aliviaria o governo de suas responsabilidades por uma crise sem precedentes. Mas a Folha diz hoje que, segundo uma comissão internacional, essa possibilidade é remota.


Lula e a notícia ruim


Alberto Dines comemora o fato do presidente Lula não ser jornalista.


Dines:


– Ontem, quarta-feira, foi um dia exemplar para avaliação do desempenho da nossa imprensa e também da crescente má-vontade do governo com um jornalismo livre. O Estadão prestou um servição à democratização da mídia ao dedicar duas páginas à escandalosa concessão de rádios e tv a parlamentares. Estas é uma das maiores aberrações do nosso sistema midiático que o Observatório da Imprensa vem denunciando há anos chegando mesmo a oferecer farta documentação à Procuradoria Geral da República. E por que esta iniciativa do Estadão chama tanto a atenção ? Simplesmente porque grande parte dos jornais brasileiros tem interesses no rádio e na TV e, por isso, prefere deixar as coisas como estão em vez de liquidar o coronelismo eletrônico. Esse foi o lado bom do dia. Coube ao presidente Lula, mais uma vez, o papel de vilanizador da imprensa. Numa cerimônia em Brasília no dia anterior, o Presidente declarou que a imprensa só gosta de notícias ruins e insinuou que esta preferência deve ser muito rendosa do ponto de vista econômico. O presidente Lula deu azar: naquele exato momento o apagão aéreo chegava ao seu ponto culminante com a pane que paralisou por três horas o tráfego aéreo em Brasília, S.Paulo e Rio. Pergunta: se fosse jornalista, o presidente Lula omitiria esta notícia ruim? Felizmente Lula não é jornalista. Mas como presidente da república, na véspera do segundo mandato, mostra que ainda não aprendeu as lições elementares da cartilha democrática.


Milícias cariocas


O futuro secretário de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, diz que vai mandar investigar a participação de policiais em milícias que agem como máfias em favelas depois de expulsar traficantes e assumir o poder local. O Globo informou sobre o assunto em março de 2005.



Discutir o Sistema S


O diretor regional do Sesc de São Paulo, Danilo Santos de Miranda, sugere que entre na pauta da imprensa a crise do chamado sistema S, do Sesi, Senai, Sesc, Fiesp, etc.,


Danilo:


– Eu acho importante discutir a questão da relação da imprensa com o chamado Sistema S [Sesc, Senai, Sesi, etc.], porque nós vivemos atualmente um momento muito delicado em que a Lei da Micro e Pequena Empresa, de um lado favorece a micro e pequena empresa, de outro lado favorece os chamados “S”… A discussão sobre como lidar com essa realidade, existe importância, não existe importância, o que eles fazem, o que não fazem, onde tem problema, onde não tem problema, como a coisa funciona. E, dessa maneira, ter uma visão mais clara, aprofundar essa questão, de modo que [a imprensa] possa contribuir para uma decisão futura mais completa.


Pode haver problemas? Pode. O uso indevido de recursos aqui ou ali? Pode. Mas o caso da Fiesp e o caso do Sesi, o serviço que essas entidades prestam à educação, à cultura, ao esporte, as atividades que são importantíssimas para o trabalhador e para a população em geral, são absolutamente inegáveis, no país inteiro. A maior rede de ensino fora do ensino oficial é a do Sesi. E é de qualidade. Há uma crise, sim, e essa crise tem que ser discutida de modo a separar o chamado joio do trigo e poder aprofundar a discussão de maneira mais completa.


SBT incomunicável


Todo o atendimento do SBT à imprensa e ao público foi suspenso, num momento em que há notícias sobre sua possível venda, mediante modificação da legislação, ao grupo da Telmex, pertencente ao empresário mexicano Carlos Slim. Hoje, a legislação proíbe que estrangeiros possuam empresas de radiodifusão.