Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

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Audiência e diversidade

Publicada ontem pelo New York Times, a notícia é reproduzida por vários jornais do mundo e dá conta de que a internet supera os jornais como principal fonte de informações nos Estados Unidos.

A pesquisa foi realizada pelo Centro Pew de Pesquisas sobre Pessoas e Imprensa, instituição situada em Washington e dedicada a estudos de jornalismo.

Refere-se aos hábitos de leitura dos cidadãos americanos observados durante o ano passado. O resultado é que 40% das pessoas consultadas declararam preferir se informar pela internet, enquanto 35% ainda se declaram leitores fiéis de jornais.

A constatação não significa, necessariamente, que tenha decaído o número de leitores de jornais. Pelo contrário: por causa do grande interesse nas eleições presidenciais, aumentou o número de americanos em busca de notícias no dia a dia.

Acontece que a internet oferece informações mais variadas, mais atualizadas e com maior diversidade do que a imprensa tradicional, e outros estudos recentes indicam que também aumenta a credibilididade dos novos meios.

Embora os meios tradicionais de informação, como jornais e televisão, ainda sejam considerados mais apropriados para relatar guerras e outros eventos, o crescimento da preferência pela internet nos Estados Unidos pode marcar um divisor de águas neste período de transição.

Quando o leitor demonstra que está valorizando a variedade de fontes, é hora de os jornais buscarem outro modelo, oferecendo também maior diversidade na abordagem dos fatos.

Na cobertura da etapa atual do conflito no Oriente Médio, por exemplo, já se pode observar que os jornais, de modo geral, estão oferecendo uma visão mais ampla dos acontecimentos, apesar de que, na maioria deles, ainda se nota o esforço para justificar a invasão israelense.

A falta de acesso direto ao local do conflito obriga a buscar alternativas para o material escasso oferecido pelas agências de notícias, e a imprensa acaba por reproduzir com mais frequência relatos do lado palestino.

Além disso, segundo comenta hoje a Folha de S.Paulo, as restrições impostas pelo governo de Israel começam a produzir antipatia nos jornalistas.

Segundo o jornal paulista, ‘a boa vontade com o país, na mídia ocidental, começa a diminuir’.

Não é muito, mas o fato de um importante jornal brasileiro admitir que a imprensa sempre tratou com ‘boa vontade’ um dos lados do conflito já é alguma coisa.

Ortografia e História

Os jornais estão acompanhando com atenção a implantação das mudanças na ortografia decorrentes do acordo entre os países e comunidades de línguia portuguesa.

Na verdade, as alterações superficiais no idioma estão merecendo mais cuidados da imprensa do que a própria história da imprensa no Brasil.

Se for considerado que os alinhamentos ortográficos passaram a ser mais relevantes com o surgimentos dos jornais, a omissão da imprensa diante dos acontecimentos produzidos pela transferência da corte portuguesa para o Brasil, em 1808, se torna ainda mais incompreensível.

O Observatório da Imprensa na TV volta ao assunto nesta noite e provoca o debate sobre o estranho desinteresse da imprensa nacional por entender suas origens.

Alberto Dines:

– Por mais incrível que pareça, a efeméride mais clandestina de 2008 foi a dos 200 anos da imprensa brasileira. Deveria ter sido a mais badalada porque o estabelecimento de uma tipografia e o lançamento de um jornal foram os pontos altos da chegada da corte portuguesa ao Rio de Janeiro. Atrasada três séculos, em quatorze anos apenas a imprensa brasileira conseguiu criar as condições políticas e administrativas para a independência. Não foi o governo que impediu a comemoração dos 200 anos da imprensa, foram algumas de suas entidades e sobretudo os principais grupos de comunicação que resolveram esconder a data. A partir de hoje, o Observatório da Imprensa vai reapresentar a série de três programas sobre o bi-centenário secreto da instituição teoricamente mais livre da República. Hoje à noite você vai saber porque razão o Brasil foi um dos países que mais tarde chegaram à Era Gutenberg. À meia-noite e dez pela TV-Cultura. Às 10 e quarenta, ao vivo, pela TV-Brasil e pela Net-S.Paulo, canal 4.