Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

>>Autodefesa dos menores
>>Dólar e simbologia

Lula e reeleição
 
Foi bem-sucedida a entrevista coletiva do presidente Lula. Dos principais jornais, o Globo preferiu destacar as contradições entre o que dizia o sindicalista e candidato e o que diz o presidente ao iniciar o segundo governo. Como se tivesse sido melhor para o país Lula ter mantido o antigo discurso – com o qual, por sinal, dificilmente teria chegado ao Planalto.
 
O presidente disse que não pretende se candidatar novamente em 2010 mas não fechou a porta com cadeado. Explicou que a Constituição não autoriza o terceiro mandato sucessivo. Se vier a autorizar, cai o impedimento apontado ontem. Lula reiterou o apoio à mudança que lhe daria mais chances de voltar em 2014: o fim da reeleição.   
 
Autodefesa dos menores
 
A professora de Ciências da Comunicação da Universidade Nova de Lisboa Cristina Ponte foi co-autora, no ano passado, de um estudo sobre a classificação indicativa de programas de televisão em diferentes países da Europa. O trabalho constata, entre outros fenômenos, que crianças e adolescentes europeus falam de sexo cada vez mais cedo e de política cada vez mais tarde. Cristina Ponte diz que os governos devem agir, mas isso não basta.
 
Cristina:
 
– Eu sou favorável, em termos de cidadania, a que haja políticas públicas nessa matéria, que não fique tudo deixado à iniciativa das empresas, porque nós sabemos que só ver esse lado do mercado e dos interesses comerciais não dá um sentido de responsabilização.
 
Agora, por outro lado isto também implica que o foco não seja só na proteção, mas também a formação dos adolescentes para serem críticos em relação aos conteúdos que vêem.


Mauro:
 
Clique aqui para ler o trabalho que Cristina Ponte e Teresa Paixão, da Rádio e Televisão de Portugal, fizeram a pedido da Agência Nacional dos Direitos da Infância, Andi.


Dólar e simbologia
 
Entre cinco jornais mais importantes do país, o que dá menos destaque à quebra da barreira psicológica dos dois reais por dólar é a Gazeta Mercantil. O esperado momento foi manchete na Folha, no Estadão e no Valor. A Gazeta preferiu dar no título principal sinais de que o país vive uma fase de forte crescimento.
 
A análise mais sofisticada está no Valor, que consegue relatar o mecanismo de atuação do Banco Central. A politização mais aberta é feita pelo Estadão. Na manchete do caderno de Economia,  o verbo usado é “desabar”. O Estadão já anuncia promessa de socorro do governo a cinco setores.
 
Os jornais enumeram fatores responsáveis pela valorização do real, mas ainda não há quantificação. Não se diz em que medida são as exportações, ou é o investimento estrangeiro direto, ou financeiro, ou turismo no Brasil, ou são captações internacionais que fazem o dólar cair.
 
Em todo caso, essa análise não pode ser decorrente da quebra de uma barreira simbólica, a dos dois reais por dólar. Precisa ser feita continuamente. E também não pode ser feita como se o Brasil fosse o centro do mundo. O processo todo se insere em grandes tendências da economia mundial.


Mais concentração
 
O editor do Observatório da Imprensa Online, Luiz Egypto, fala da compra da Reuters pelo grupo canadense Thomson.
 
Egypto:
 
– Foi anunciado ontem o acordo pelo qual o grupo editorial canadense Thomson pagará 12 bilhões e 800 milhões de euros pelo controle da tradicional agência Reuters. A operação vai transformar a nova companhia no maior grupo de informação financeira do planeta, deixando para trás a americana Bloomberg, atual líder no segmento.
 
O movimento ocorre poucos dias depois de o milionário midiático Rupert Murdoch manifestar intenção de comprar a Dow Jones, outra importante agência de informação financeira, dona do Wall Street Journal.
 
A Reuters foi fundada em 1851, em Londres, pelo imigrante alemão Paul Julius Reuter, que vislumbrou na nascente tecnologia do telégrafo um meio revolucionário de distribuição de notícias. Sua compra pela Thomson é mais um lance da inexorável tendência de concentração de empresas no setor.
 
Não se trata apenas de um negócio, mas de um convite à reflexão: que impactos essa concentração, em todos os níveis da mídia, provoca na diversidade dos conteúdos e opiniões? O que está em questão não é só o direito à informação, mas o direito humano à comunicação plural e democrática.
 
Arma de fogo


É bem claro o recado contido na imagem do governador de São Paulo, José Serra, empunhando um fuzil: a política que privilegia pesadamente a repressão policial, aplicada há décadas com os resultados que se conhecem, vai continuar. O Estadão acertou no alvo ao dar título à foto: “Serra brinca com fogo”.